À procura de Capela
confabulações da imagem travesti no Crato-CE (1960-1980)
DOI:
https://doi.org/10.36517/vazppgartesufc2021.1.71117Palavras-chave:
Travesti, Crato, Etnobiografia, Gênero e Sexualidade, CulturaResumo
No sentido de desembaraçar a memória travesti na cidade do Crato, região do Cariri, interior do Ceará, apresento um esboço da imagem de Capela a partir das narrativas contadas nas lembranças da segunda metade do século XX, de meados da década de 1960 a 1980. Assim, sigo com o horizonte da etnobiografia com o objetivo de acompanhar as histórias que germinam pelas temporalidades do cotidiano através da escuta de quinze interlocutores de duas gerações diferentes. De janeiro de 2017 a julho de 2021, encontrei confabulações que atravessam a sua vivência pelos modos de vida homossexuais e pela prostituição na cidade. Capela era mais do que uma “bicha de chapiado”. Ela temia os raios fulminantes de Deus, especulava sobre o pênis triangular, falava sobre o prazer do cu nas ruas, andava com as putas e enfrentava o autoritarismo policial com a valentia.