O design tecnológico como prática: um olhar para além do instrumentalismo artefactual e da agência meramente humana
Palabras clave:
Tecnologia. Prática. Virtudes. Ética. Agência Moral.Resumen
O artigo parte da tese de que a criação ou design tecnológico não deve ser vista como uma atividade inteiramente determinada por critérios internos ao desenvolvimento dos artefatos, como se estes pudessem ter somente uma única e mesma forma e função, dependendo apenas de suas propriedades materiais. Como qualquer outra prática humana socialmente estabelecida, a criação ou o design tecnológico é uma ação humana e, como tal, sujeita a avaliações morais e políticas. Para esse propósito, adotamos a perspectiva neoaristotélica de Alasdair MacIntyre e seu conceito de prática, em que a dimensão normativa das práticas não é um dado exterior a elas aplicado, mas constitutivamente interno a partir de um telos que as define como partes ou formas de realização da excelência humana. Nesse sentido, o design tecnológico não é axiologicamente neutro, mas ontologicamente relacionado às determinações sociais e políticas vinculadas às ações humanas e suas diversas possibilidades de dever ser material e simbólico. Assim, é uma prática social portadora de fins e valores internos e externos a ela, no sentido macintyriano, não se compreendendo fora do tecido social do qual faz parte, portanto, carregando consigo elementos éticos e políticos constitutivos que, desconsiderados de sua constituição, obliteram a natureza complexa da tecnologia e suas implicações morais e políticas, desumanizando-a em sua totalidade.
Citas
CARVALHO, H. B. A. de. Hans Jonas e o giro empírico da filosofia da tecnologia: notas para um diálogo com a pós-fenomenologia. Filosofia Unisinos, São Leopoldo, v. 21, 2020, p. 56-71.
CARVALHO, H. B. A. de. Tradição e racionalidade na filosofia de Alasdair MacIntyre. 2. ed. Teresina: EDUFPI, 2012.
CRARY, J. Terra arrasada: além da era digital, rumo a um mundo pós-capitalista. Rio de Janeiro: Ubu Editora, 2023.
EENBERG, A. Technosystem: the social life of reason. Cambridge: Harvard University Press, 2017.
HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Bilingual edition. Transl. Fausto Castilho. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.
HEIDEGGER, M. The question concerning technology & Other essays. New York: Garland Publishing, 1977.
HORTON, J.; MENDUS, S. (Eds.). After MacIntyre. Critical perspectives on the work of Alasdair MacIntyre. London: Polity Press, 1994.
IHDE, D. Postphenomenology and technoscience: the peking lectures. Albany: State University of New York Press, 2009.
IHDE, D. Technology and the lifeworld: from garden to earth. Bloomington: Indiana University Press, 1990.
IHDE, D.; MALAFOURIS, L. Homo Faber revisited: postphenomenology and material engagement theory. Philosophy & Technology, v. 32, n. 2, 2019, p. 195-214.
JONAS, H. Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio responsabilidade. São Paulo: Paulus, 2013.
JONAS, H. The imperative of responsibility: in search of an ethics for the technological age. Chicago: University of Chicago Press, 1984.
KIERKEGAARD, S. A. Diário de um sedutor. Temor e tremor. O desespero humano. Trad. Carlos Grifo, Maria José Marinho, Adolfo Casais Monteiro. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Col. Os Pensadores).
LATOUR, B. Morality and technology: the end of means. Theory, Culture and Society, v. 19, n. 5-6, 2002, p. 247-60.
LATOUR, B. On technical mediation: philosophy, sociology, genealogy. Common Knowledge, n. 3, 1994, p. 29-64.
LATOUR, B. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa. Salvador: EDUFBA; Bauru: EDUSC, [2007] 2012.
MACINTYRE, A. After virtue: an essay in moral theory. 3. ed. Notre Dame: University of Notre Dame Press, [1981] 2007.
MACINTYRE, A. Dependent rational animals: why human beings need virtues. New York: Open Court Publishing, 1999.
SANTAELLA, L. Humanos hiper-híbridos: linguagens e cultura na segunda era da internet. São Paulo: Paulus, 2021.
SANTAELLA, L. (Org.). Simbioses do humano & tecnologias. São Paulo: Edusp; IEA-USP, 2022.
SRNICEK, N. Platform Capitalism. London: Polity Press, 2016.
VALLOR, S. Technology and the virtues: a philosophical guide to a future worth wanting. New York: Oxford University Press, 2016.
VAZ, H. C. L. Ética e Razão Moderna. Síntese Nova Fase, v. 22, n. 68, 1995, p. 53-85.
VERBEEK, P.-P. Moralizing technology: understanding and designing the morality of things. Chicago: The University of Chicago Press, 2011.
VERBEEK, P.-P. What things do: philosophical reflections on technology, agency, and design. University Park: Pennsylvania State University Press, 2005.
WALLACE-WELLS, D. A terra inabitável: uma história do futuro. São Paulo: Comp. das Letras, 2019.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Helder Buenos Aires de Carvalho

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
- Los autores mantienen los DERECHOS AUTORALES otorgados a la revista O el Derecho de Primera Publicación, con el trabajo licenciado simultáneamente a Creative Commons License Attribution (CC BY) que permite compartir el trabajo con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Los autores pueden aceptar contratos, distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo: publicación en el repositorio institucional o como capítulo del libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Se permite a los autores publicar y distribuir su trabajo on-line (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) durante el proceso editorial de información de que el artículo está en proceso de publicación. Esto puede aumentar el impacto y cita de trabajos publicados.
SOBRE COPYRIGHT Y POLÍTICA DE ACCESO LIBRE
La revista utiliza la atribución CC BY