Os “Cantares Bohêmios” de Ramos Cotoco
uma dicção em estado latente?
Palabras clave:
Semiótica. Canção. Ramos Cotoco.Resumen
Este trabalho tem o propósito apresentar uma pesquisa em andamento, cujos resultados, ainda parciais, foram obtidos em dissertação de mestrado defendida em julho de 2022. Trata-se de um encaminhamento teórico e analítico na direção do reconhecimento dos traços peculiares à dicção do compositor cearense Ramos Cotoco (1871-1916), isto é, de um conjunto de procedimentos textuais que dão conta das características identitárias desse sujeito semiótico enquanto cancionista, notadamente sua obra literomusical Cantares Bohêmios ([1906] 2006). Fundamentando nossas análises no método hipotético-dedutivo da Semiótica Discursiva de origem francesa, especialmente as contribuições de Greimas e Courtés (2013), Fontanille e Zilberberg (2001), Zilberberg (2011), e as formulações de Luiz Tatit (1997; 1996; 2008; 2012; 2016) em sua teoria Semiótica da Canção, oferecemos neste trabalho alguns apontamentos analíticos sobre a canção “Não faz mal”, de Ramos Cotoco, tomando em exame: (i) letra e musicografia originais, e duas versões cantadas, (ii) uma gravação de Mário Pinheiro (1908), e (iii) uma gravação do grupo Cantares (2006). Como resultado, encontramos evidências de que já há nos registros linguísticos e musicais do próprio autor um modo de acessar os traços de sua dicção, pelo exame das projeções entoativas, ainda que ele próprio jamais tenha deixado qualquer gravação sonora.