Entre cooperação e concorrência
jornalistas e operadores do direito em empresas de moralização da política no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.36517/rcs.53.2.d06Palabras clave:
Críticas da política, Cruzadas morais, Probidade pública, Jornalismo, DireitoResumen
Este artigo visa contribuir para a compreensão dos mecanismos por meio dos quais se empreendem “cruzadas” de moralização da política no Brasil no período pós-redemocratização. A ênfase recai sobre a atuação dos jornalistas “investigativos” e as relações multifacetadas que estabelecem com agentes oriundos de outros espaços, notadamente os operadores do direito. A partir de entrevistas realizadas entre 2015 e 2016, são apresentados elementos que permitem inserir as referidas “cruzadas” em um movimento mais amplo e complexo, que envolve circuitos de importação-exportação de determinadas concepções profissionais, institucionais e normativas que esposam valores com pretensão universal relativamente à ordem social e política, bem como estratégias de legitimação na “esfera pública” por parte dos agentes em pauta.
Citas
ABREU, Alzira Alves. Desafios da notícia: o jornalismo brasileiro ontem e hoje. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.
______; LATTMAN-WELTMAN, Fernando. Controles midiáticos: investigação e denuncismo na construção da visibilidade pública democrática. XXV Encontro Anual da ANPOCS, Caxambú-MG, 2001, p. 1-21.
ALMEIDA, Frederico de. Empreendedores jurídicos como empreendedores morais: combate à corrupção e moralização da política brasileira. Nueva Sociedad, 2018, p. 84-99.
ANGÉLICO, Fabiano. Lei de Acesso à Informação Pública e seus possíveis desdobramentos à accountability democrática no Brasil. Dissertação (Mestrado em Administração Pública e Governo) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO, Boletim Apuração, n. 1, nov./2004. Disponível em: http://www.ABRAJI.org.br/?id=74. Acesso em: 14/04/2016.
______. Boletim Apuração, n. 5/, jun./2005. Disponível em: http://www.ABRAJI.org.br/?id=74. Acesso em: 14/04/2016.
BADIE, Bertrand. Le développement politique. Paris: Economica, 1994.
BECKER, Howard. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
BENTO, Juliane Sant’Ana. Da crítica da política à gestão pública eficaz: a despolitização como estratégia de poder. Revista Debates, v. 12, n. 3, 2018, p. 107-122.
BEZES, Philippe; LASCOUMES, Pierre. Percevoir et juger la “corruption politique”. Enjeux et usages des enquêtes sur les représentations des atteintes à la probité publique. Révue Française de Science Politique, 2005, p. 757-786.
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação, Campinas: SP: Papirus, 1996.
______. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
______. Modos de dominação. In: ______. A produção da crença: contribuição para uma economia dos bens simbólicos. Porto Alegre: Zouk, 2006, p. 191-219.
______. Capital social: notas provisórias. In: ______. Escritos de educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 65-69.
______. Sobre o Estado: cursos no Collège de France (1989-92). São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BRIQUET, Jean-Louis. La “guerre des justes”. La magistrature antimafia dans la crise italienne. In: ______; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 103-121.
______. As condições de sucesso para uma cruzada moral: luta anticorrupção e conflitos políticos na Itália dos anos 1990. In: ENGELMANN, Fabiano; PILAU, Lucas e Silva Batista (Orgs.). Justiça e poder político: elites jurídicas, internacionalização e luta anticorrupção. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2021, p. 33-52.
______; GARRAUD, Philippe. Introduction. In: ______; ______. (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 13-21.
CHAGAS, Helena. Prefácio. In: CAMAROTTI, Gerson; PEÑA, Bernardo de la. Memorial do escândalo: os bastidores da crise e da corrupção no governo Lula. São Paulo: Geração Editorial, 2005, p. 9-11.
CHAMPAGNE, Patrick. La double dépendance. Paris: Raisons d’agir, 2016.
CHAMPY, Florent; ISRAËL, Liora. Professions et engagement public. Sociétés Contemporaines, n. 73, 2009, p. 7-19.
CHUPIN, Ivan; NOLLET, Jérémie. Jalons pour une sociologie historique des interdépendances du journalisme à d’autres univers sociaux. In: ______ ; ______ (Dir.). Journalisme et dépendances. Paris: L’Harmattan, 2006, p. 15-36.
COEURDRAY, Murielle. Le double jeu de l’import-export symbolique. La construction internationale d’un nouveau discours sur la corruption. Actes de la recherche en sciences sociales, n. 151-152, 2004, p. 81-90.
CORADINI, Odaci Luiz. Grandes famílias e elite “profissional” na Medicina no Brasil. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 1997, p. 425-466.
______. A politização em condições politicistas: alguns problemas analíticos e resultados de trabalhos. Política & Sociedade, vol. 16, n. 37, set./dez. 2017, p. 36-75.
CORRÊA, Izabela Moreira. Sistema de integridade: avanços e agenda de ação para a administração pública federal. In: AVRITZER, Leonardo; FILGUEIRAS, Fernando (Orgs.). Corrupção e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 163-190.
CHRISTOFOLETTI, Rogério. A crise do jornalismo tem solução? Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2019. Ebook.
DEZALAY, Yves; GARTH, Bryant G. La mondialisation des guerres de palais. La restructuration du pouvoir d’État en Amérique latine, entre notables du droit et “Chicago Boys”. Paris: Seuil, 2002.
DOBRY, Michel. Valeurs, croyances et transactions collusives: notes pour une réorientation de l’analyse de la légitimation des systèmes démocratiques. In: SANTISO, Javier. À la recherche de la démocratie. Paris: Karthala, 2009, p. 103-120.
ENGELMANN, Fabiano. Sociologia do campo jurídico: juristas e usos do direito. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 2006a.
______. Internacionalização e ativismo judicial: as causas coletivas. In: Lua Nova, n.69, p. 123-146, 2006b.
______. Associativismo e engajamento político dos juristas após a Constituição de 1988. Revista Política Hoje, vol. 18, n. 2, 2009, p. 184-205.
______. Julgar a política, condenar a democracia? Justiça e crise no Brasil. Conjuntura Austral, v. 7, n. 37, 2016, p. 09-16.
______. Da “crítica do direito” ao “combate à corrupção”: deslocamentos do ativismo político-judicial. Contemporânea, v. 7, n. 2, 2017, p. 297-312.
______. Movimentos internacionais anticorrupção, lutas políticas e judiciais no espaço nacional. In: ______; PILAU, Lucas e Silva Batista (Orgs.). Justiça e poder político: elites jurídicas, internacionalização e luta anticorrupção. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2021, p. 53-71.
______; PILAU, Lucas e Silva Batista. Usos políticos do “combate à corrupção”: uma agenda de pesquisa. In: ______; ______ (Orgs.). Justiça e poder político: elites jurídicas, internacionalização e luta anticorrupção. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2021, p. 15-32.
FERNANDES, Maria Cristina. A fila dupla não sai nos jornais. In: AVRITZER, Leonardo; FILGUEIRAS, Fernando (Orgs.). Corrupção e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 133-161.
FILGUEIRAS, Fernando. Transparência e controle da corrupção no Brasil. In: AVRITZER, Leonardo; ______ (Orgs.). Corrupção e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 133-161.
GARRAUD, Philippe. Les nouveaux juges du politique en France. Critique internationale, n. 3, 1999, p. 125-139.
GAXIE, Daniel. Les critiques profanes de la politique. Enchantements, désenchantemens, réenchantements. In: BRIQUET, Jean-Louis; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 217-240.
______. Une construction médiatique du spectacle politique? Réalité et limites de la contribution des médias au développement des perceptions négatives du politique. In: LAGROYE, Jacques (org.). La politisation. Paris: Belin, 2003, p. 325-356.
GRÜN, Roberto. Da pizza ao impeachment: uma sociologia dos escândalos no Brasil contemporâneo. São Paulo: Alameda, 2018.
GUILHOT, Nicolas. The democracy makers: human rights and the politics of global order. New York: Columbia University Press, 2005.
LATTMAN-WELTMAN, Fernando. A imprensa faz e desfaz um presidente: o papel da imprensa na ascensão e queda do “fenômeno” Collor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
LEMIEUX, Cyril. Heurs et malheurs du journalisme d’investigation en France. In: DELPORTE, Christian; PALMER, Michael; RUELLAN, Denis (Eds.). Presse à scandale, scandale de presse. Paris: L’Harmattan, 2001a, p. 85-96.
______. Les formats de l’égalitarisme: transformations et limites de la figure du journalisme-justicier dans la France contemporaine. Quaderni, n. 45, 2001b, p. 53-68.
LIMA, João Gilberto do Nascimento. Lutas e dinâmicas em torno do “jornalismo investigativo” no Brasil. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, UFGRS, 2019.
MARCHETTI, Dominique. Le “journalisme d’investigation”. Genèse et consécration d’une spécialité journalistique. In: BRIQUET, Jean-Louis ; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 167-191.
______. Quand la santé devient médiatique: les logiques de production de l’information dans la presse. Grenoble: PUG, 2010.
MATHIEU, Lilian. Repères pour une sociologie des croisades morales. Déviance et Société, vol.29, n. 1, 2005, p. 3-12.
______. Croisades morales. In: FILLIEULE, Olivier ; MATHIEU, Lilian; PÉCHU, Cécile (Dirs.). Dictionnaire des mouvements sociaux. Paris: Presses de Sciences Po., 2009, p. 167-173.
MUSELLA, Luigi. La classe politique en jugement. Tangentopoli et la critique de la politique en Italie. In: BRIQUET, Jean-Louis; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 89-101.
NASCIMENTO, Solano. Os novos escribas: o fenômeno do jornalismo sobre investigações no Brasil. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2010.
NAVES, Nilson. Imprensa investigativa: sensacionalismo e criminalidade. Revista CEJ, n. 20, 2003, p. 6-8.
NEVEU, Érik. Sociologia do jornalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
ROCHA, Cesar Asfor. Editorial. Revista CEJ, n.20, 2003, p. 5.
ROUSSEL, Violaine. Les magistrats dans les scandales politiques en France. Logiques d’action et jeux judiciaires locaux. In: BRIQUET, Jean-Louis; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 69-86.
______. Affaires de juges: les magistrats dans les scandales politiques en France. Paris: La Découverte, 2002.
______. Scandale. In: FILLIEULE, Olivier; MATHIEU, Lilian; PÉCHU, Cécile (Dirs.). Dictionnaire des mouvements sociaux. Paris: Presses de Sciences Po, 2009, p. 484-489.
TOGNOLLI, Claudio Julio. MPD e jornalistas: uma luta por luz. In: LIVIANU, Roberto (Org.). Justiça, cidadania e democracia. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisa Social, 2009, p. 74-89.
VAUCHEZ. Antoine. Parler d’expérience(s). La formation d’un nouveau modèle d’excellence judiciaire dans la lutte contre la criminalité organisée en Italie. In: BRIQUET, Jean-Louis; GARRAUD, Philippe (Dirs.). Juger la politique. Entreprises et entrepreneurs critiques de la politique. Rennes: PUR, 2001, p. 45-67.
______. O poder judiciário: um objeto central da ciência política. In: ENGELMANN, Fabiano (Org.). Sociologia política das instituições judiciais. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2017, p. 40-53.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).