Chamada para Publicação (prorrogação de prazo) - Michel Foucault, o filósofo das minorias: pensamento, resistência, obra

2024-06-21

O filósofo francês Michel Foucault, nascido em Poitiers em 15 de outubro de 1926 e falecido em Paris em 25 de junho 1984, deixou uma importante obra filosófica para a configuração do pensamento contemporâneo, especialmente no campo da resistência política e social.

Sua obra é viva e age nos interstícios e dobras do pensamento sobre si e sobre o outro, sobre as estruturas e sobre o conjunto histórico-discursivo que abarca a própria noção de humanidade e ciência. Sua contribuição abrange diferentes campos de saberes, onde a filosofia é instigada pelo pensamento político, social, estético e ético, abarcando conflitos, tensionamentos e tecnologias de poder que não apenas atravessam o processo, mas atuam como dispositivos, na construção e configuração das estruturas sociais coletivas, discursivas, onde as subjetividades são agenciadas e moduladas. Foucault, em Surveiller et Punir, diz que, mesmo que os métodos sejam doces e brandos, é sempre do corpo de que se trata, de suas forças, divisões e submissão (Foucault, 1975, p. 33). No horizonte do pensamento foucaultiano, potencializado com suas alianças com outros pensadores, difundem-se alguns conceitos fundamentais para se pensar a resistência, a liberdade e o próprio devir da humanidade.

O ano de 2024 marca os quarenta anos da morte de Michel Foucault. O ano de 2024 também marca os quarenta anos das publicações dos volumes 2 (“O uso dos prazeres”) e 3 (“O cuidado de si”) da História da Sexualidade, bem como de seu último curso no Collège de France, A Coragem da Verdade, considerado seu testamento filosófico a partir da forma como propôs uma leitura original da parresia.

É inegável a importância do pensamento de Michel Foucault para diversas áreas de conhecimento, notadamente; filosofia, psicologia, literatura, política, psiquiatria, direito, medicina e, até mesmo, no campo das artes. Além de sua relevância na história dos sistemas de pensamento, muitas das suas análises, textos, conferências e questões colocadas ainda parecem atuais, influenciando pensadoras e pensadores contemporâneos como Paul B. Preciado, Judith Butler, Frederic Gros, Roberto Machado, Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben e Jacques Rancière.

Trata-se de um pensamento ainda vivo. O Foucault de muitas facetas, causas e batalhas; de História da Loucura, da Arqueologia dos Saberes, da Ordem do Discurso, da Sociedade Punitiva, leitor da psicanálise, dos Anormais, da Sexualidade, da Biopolítica, da genealogia do Neoliberalismo, da ética do cuidado de si, da Microfísica do Poder, o Foucault do retorno ao cinismo e ao estoicismo, da filosofia como forma de vida. Amigo de Deleuze, distante de Sartre e Simone de Beauvoir, crítico de Derrida, amigo de Hervé Guibert, admirador de George Bataille e Antonin Artaud.

Na entrevista “Diálogo sobre o poder”, realizada em 1978 e presente na coletânea Ditos e Escritos, Foucault surpreende ao não se reconhecer como filósofo. Quando perguntado se seria um profeta, responde: “Eu sou um jornalista.” É notória a sua colaboração para o jornal italiano Corriere Della Sera durante a Revolução Iraniana, no final dos anos 1970, quando suas análises trouxeram um de seus conceitos mais difíceis e debatidos até hoje: a espiritualidade política. Foi ainda na década de 1960 que, numa transmissão radiofônica, um de seus textos mais enigmáticos se tornou célebre: o corpo utópico, além de inúmeras entrevistas e participação em debates televisivos no decorrer de sua vida.

Em que pese os exemplos mencionados, a interface com o campo da Comunicação é inconteste. Nesse sentido, o presente dossiê instiga não só a pesquisadoras e pesquisadores da Comunicação buscarem interface com o pensamento foucaultiano, mas a investigadores de outras áreas abordarem problemas trazidos pelo filósofo francês que tenham repercussão e contato com a Comunicação. Assim, a título de sugestão para os trabalhos nesse dossiê que marca os 40 anos da morte de Foucault e que busca um diálogo com a atualidade de seu pensamento, propusemos os seguintes eixos temáticos:

 


1. Dispositivo de Saber/Poder. Ordem do Discurso, Biopolítica; Sociedade do controle;
2. Ética do cuidado de si. Experiências Transformadoras. Práticas de Liberdade;
3. Os Anormais. Monstruosidades. “A Vida dos Homens Infames”;
4. Sexualidade. Uso dos Prazeres. Questões de gênero. Desejo e Resistência;
5. Arqueologia dos saberes. Epistemologia das Ciências Humanas.
6. Arte, Estética, Acontecimento, Corpo
7. Filosofia Queer e devires minoritários;
8. Alianças e politicas;
9. Discurso, História, subjetividade, poder;
10. Vontade da Verdade, um testamento.


Editor-chefe: Fabio Pezzi Parode - UFC (fparode@gmail.com)


Editores convidados:
Luis Celestino - UFCA (luis.celestino@ufca.edu.br)
Regiane Collares - UFCA (regiane.collares@ufca.edu.br)
Cristiane Maria Marinho - UECE (cmarinho2004@gmail.com)


Imagem de Capa: Lucas Dilacerda. "Zona de Indiscernibilidade", 2014.


- Novo prazo de submissão: 31/07/2024
- Prazo de avaliação: 30/08/2024
- Prazo de edição: 30/09/2024
- Prazo para publicação: 30/10/2024