A VOZ DOS ESTUDANTES ENQUANTO CHAVE DA EDUCAÇÃO

Abstract

O Palco de Giz - Projeto de Formação de Espectadores, atua na rede pública de ensino de Fortaleza, produzindo ações de criação e condução de mediações teatrais, como oficinas de sensibilização sobre espetáculos e ações pedagógicas que abordam as práticas da linguagem teatral, promovendo o acesso físico e linguístico a esta arte (DESGRANGES, 2015), instigando no público a reflexão crítica e o desejo de ir ao teatro. Em 2022.1 mediamos o espetáculo Um Corpo que Trai, do Grupo Terceiro Corpo, que traz em sua poética e dramaturgia o tema do feminicídio, discutido em salas de aula dos ensinos fundamental (9º anos) e médio (1º e 2º anos). A partir da vivência desse processo de mediação, que consistiu em uma série de ações pedagógicas na Escola Dom Antônio de Almeida Lustosa, como a oficina de pré-apreciação, de apreciação e pós-apreciação, que explicarei na apresentação do presente trabalho, surgiram em sala de aula vários relatos vindos de alunas, alunos e alunes sobre suas experiências pessoais com o machismo e a misoginia, muitos vivenciados dentro da própria escola. Os relatos demonstram os efeitos sociais de tais práticas em nossa sociedade, em específico, a sociedade fortalezense, devido ao nosso recorte de campo. Sendo assim, me veio, enquanto artista-pesquisadora-docente em formação, a reflexão de que o ambiente escolar é uma espécie de ambulatório social, onde desembocam os sintomas de nossas doenças sociais. Entretanto, o ambiente escolar não possui nenhum tipo de prática ou estrutura para acolher com sensibilidade as vivências de seus alunos, que serão consequentemente refletidas em sala de aula, em seu comportamento e aprendizado. Portanto, a questão central deste trabalho é suscitar a discussão sobre possíveis caminhos para nós, enquanto educadores, acolhermos e auxiliarmos nossas alunas, alunos e alunes, expandindo, assim, a sua potência de desenvolvimento e aprendizado.