Confluências de fins de mundo
Ailton Krenak e Antônio Bispo
Abstract
Esse artigo surge do impulso de refletir sobre a continuidade de processos de aniquilação de povos e epistemologias no Brasil, considerando nessa reflexão os impactos deletérios da ação humana sobre o planeta Terra, que incluem tanto o esgotamento de “recursos naturais” quanto a ameaça de fim de mundo - ou, pelo menos, de fim da espécie humana. Teorias críticas como a do grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade vem insistindo nas abordagens que dialogam com as epistemologias e ações de grupos indígenas, negros e camponeses - os marcados como “outros” - no sentido de estimular pensamentos e sobretudo ações de re-existência. Outras perspectivas sugerem a poetização e estetização do mundo da vida em face do desencantamento (ECHEVERRI, 2004), o pensar coletivo guiado pelo coração e pela ancestralidade (CUSICANQUI, 2018) ou ainda a experiência artística como imersão na terra (NATÁLIO, 2019). Com o propósito de buscar formas de criar e pensar em favor da vida, são trazidos ao debate denominações e ideias dos intelectuais Ailton Krenak e Antônio Bispo dos Santos. A insurgência do pensamento afropindorâmico indica caminhos para enfrentar o medo do cosmos e expandir subjetividades para adiar o fim do mundo.