POR QUE MESMO, PROFESSOR?
PRESSUPOSTOS SOCIOFILOSÓFICOS DA DIDÁTICA COMO ESTEIO PARA REFERENDAR A PRÁTICA DOCENTE
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v46i92.93798Keywords:
Didática, educação e sociedade, perspectivas sociofilosóficas da educaçãoAbstract
Este artigo tem como objetivo discutir a trajetória da Didática e sua relação com as correntes teóricas da Educação, tendo como foco de análise o binômio Educação e Sociedade. Busca refletir sobre as diferentes intencionalidades que pode expressar o fazer docente, atrelado a diferentes projetos sociais. É patente, nas discussões recentes da Didática, a percepção de que se vive um momento de mudanças e crescentes pressões pela sedimentação de projetos neoliberais e neotecnicistas na Educação dos países da América Latina. A resposta que educadores e pesquisadores estão oferecendo a este cenário é um novo levante crítico, sendo chamado por alguns de “[...] terceira onda crítica da Didática” (Pimenta, 2023, p. 37). Considera-se, então, oportuno revisitar obras clássicas da Pedagogia, estimulando educadores a revisar suas próprias crenças sobre a função social da Escola. Para tanto, apresenta-se a Didática enquanto principal campo da Pedagogia, evidenciando, em sua trajetória, diferentes premissas filosóficas às quais esteve associada. Discute-se ainda esse trajeto, relacionando-o a correntes clássicas da Educação no Brasil, a saber: Concepções Filosóficas (Luckesi, 2005); Tendências Pedagógicas (Libâneo, 1990); Teorias da Educação (Saviani, 2008). Este estudo é de caráter bibliográfico e vislumbra situar o fazer didático do professor historicamente. Revisitar a história, assumir as teorias que lhe fazem sentido são tarefas inalienáveis de todo educador. De posse ou não dessa consciência didática, seu ofício irá lhe questionar constantemente sobre as respostas que dará à realidade que se impõe.
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