DERRIDA LEITOR DE NIETZSCHE: IMPACTOS PARA A LITERATURA EM CAMPO EXPANDIDO
DOI:
https://doi.org/10.30611/33n33id94062Palavras-chave:
Jacques Derrida, Friedrich Nietzsche, Literatura em campo expandidoResumo
Utilizo como texto de partida a escrita do filósofo francomagrebino, Jacques Derrida, em Esporas: os estilos de Nietzsche. Exploro porosidades entre literatura e filosofia, passando por metáforas náuticas e, em torno de um véu e de um guarda-chuvas esquecido, defendo que um significante, a “mulher”, pode ser lido como um nome de uma não-verdade da verdade e não sua verdade. Que isto pode implicar para a literatura em campo expandido? Aponta para linhas de fuga em relação a certa ideia positivista de literatura, coloca sob rasura distinções binárias e modos mecânicos de leitura, colabora para a desconstrução do mito comunicacional e a exegese do sentido último. Exige outra corporeidade, outra formação de subjetividade, haja vista que o sujeito não é autônomo, as experiências são complexas e apontam para restos, uma sobra, a incerteza de saber. O que é a verdade, a mulher? Que significa um “eu esqueci meu guarda-chuva”, palavras, sozinhas, entre aspas, encontradas em fragmentos inéditos de Nietzsche? Uma citação, talvez. Um aforismo? Que quer dizer quando retirado de alguma parte de qual texto? Qual o sentido e o contexto desse enunciado? Por um lado, nunca estaremos seguros de o saber, porque algo resta como rastro e abala a hermenêutica supostamente segura de seu horizonte; por outro, convalida ser a literatura [em campo expandido] a coisa mais interessante do mundo, um certo lugar que nos convida a rasurar a tradição, um lugar em que tudo se pode dizer
Referências
ALMEIDA, P. S. B. de. Nietzsche e o controverso ideal de emancipação feminina. Dossiê II Encontro do GT Filosofia e Gênero. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 39, n.º 2/2021.
BERNARDO, F. O Dom do Texto: a Leitura como Escrita (o programa gramatológico de Derrida). Revista Filosófica de Coimbra. Vol. 1, n. 1, 1992.
CARVALHO, A. A “différance sexual” Escrita e diferenças sexuais no pensamento de Jacques Derrida. Cadernos de Literatura Comparada. n.º 39, 12, 2019.
CIXOUS, H. O riso da Medusa. Prefácio de Frédéric Regard; tradução de Natália Guerellus e Raísa França Bastos; posfácio de Flavia Trocoli. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
DERRIDA, J. Estados-da-alma da psicanálise: O impossível para além da soberana crueldade. São Paulo: Escuta, 2001.
DERRIDA, J. A lei do gênero. Tradução Nicole Alvarenga Marcello e Carla Rodrigues. Revista TEL, Irati, v. 10, n. 2, p. 250-281, jul./dez. 2019.
DERRIDA, J. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Trad. Marileide Dias Esqueda. Revisão técnica e introdução de Evando Nascimento. Belo Horizonte: UFMG, 2014.
DERRIDA, J. Esporas: os estilos de Nietzsche. Tradução Rafael Haddock- Lobo e Carla Rodrigues. Rio de Janeiro: NAU, 2013.
DUNKER, C. I. L. A lógica do condomínio ou: o síndico e seus descontentes. Revista Leitura Flutuante, v. 1, n. 1, p. 1-8, 2009.
DUQUE-ESTRADA, P. C. (Org.). Espectros de Derrida. Rio de Janeiro: NAU Ed., Ed. PUC-Rio, 2008.
DUQUE-ESTRADA, P. C.. Jamais se renuncia ao Arquivo Notas sobre 'Mal de Arquivo' de Jacques Derrida. Nat. hum., São Paulo, v. 12, n. 2, p. 1-16, 2010.
DUQUE-ESTRADA, P. C.. Alteridade, violência e justiça: trilhas da desconstrução. In: DUQUE-ESTRADA, Paulo César (Org.). Desconstrução e ética: ecos de Jacques Derrida. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio/Edições Loyola, 2004.
GARRAMUÑO, F. La literatura en un campo expansivo y la indisciplina del comparatismo. Cadernos de Estudos Culturais. Campo Grande, MS: Editora UFMS, 2009.
GARRAMUÑO, F. Formas da impertinência. In: KIFFER, A. P. V e GARRAMUÑO, F. (orgs.). Expansões contemporâneas: literatura e outras formas. Belo Horitonte, Ed. UFMG, 2014.
HADDOCK-LOBO, R et al. (Org). Heranças de Derrida (vol. 1): da ética à política. Rio de Janeiro: Nau, 2014.
HADDOCK-LOBO, R. et al. (Org). Heranças de Derrida (vol. 2): da linguagem à estética. Rio de Janeiro: Nau, 2014.
HADDOCK-LOBO, R. et al. (Org). Heranças de Derrida (vol. 3) – da filosofia ao direito. Rio de Janeiro: Nau, 2014.
HEIDEGGER, M. Carta Sobre o Humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967.
HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Petrópolis: Vozes, 1988.
KIFFER, A. P. V. e GARRAMUÑO, F. (orgs.). Expansões contemporâneas: literatura e outras formas. Belo Horitonte, Ed. UFMG, 2014.
KIFFER, A. P. V. A escrita e o fora de si. In: KIFFER, A. P. V. e GARRAMUÑO, F. (orgs.). Expansões contemporâneas: literatura e outras formas. Belo Horitonte, Ed. UFMG, 2014.
MAGALHÃES, D. (2023). Enjambement, um lance feminino: entre o “passo de prosa” e o “passo de pomba”. Texto Poético, 19(38), 276–296.
MBEMBE, A. Brutalismo. Tradução Sebastião Salgado. São Paulo: 1ª edição; N1 Edições, 2021, 256p.
NASCIMENTO, E. A literatura à demanda do outro. In: DERRIDA, J. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Trad. Marileide Dias Esqueda. Revisão técnica e introdução de Evando Nascimento. Belo Horizonte: UFMG, 2014.
NIETZSCHE, F. W. Para além de bem e mal. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
NIETZSCHE, F. W. A Gaia Ciência. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
NIETZSCHE, F. W. Ecce Homo. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
PEDROSA, C. et al. (Orgs). Pós-autonomia. In: Indicionário do contemporâneo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2018,p.165-204.
RODRIGUES, C. Como se não fosse literatura: Derrida, Nietzsche e a questão dos estilos. Revista Poiesis, [S. l.], v. 15, n. 2, 2020.
SOUZA. E. M. de. A teoria em crise. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n 4, 1998.
SPIVAK, G. C. Feminismo e desconstrução, de novo: negociando com o masculinismo inconfesso. In: BRENNAN, T. (org) Para Além do falo: uma crítica a Lacan do ponto de vista da mulher. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 1997.
ZIZEK, S. Como ler Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Alexandre de Oliveira Fernandes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0), que permite o compartilhamento não comercial, sem modificações e com igual licença do trabalho, com o devido reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).