RELIGIÃO DO ÊXODO. SOBRE O ATEÍSMO NO CRISTIANISMO DE ERNST BLOCH
DOI:
https://doi.org/10.30611/2021n21id70893Palabras clave:
Des-teocratização, Tradição dos oprimidos, “Experimento do reino”, 1968, Leitura subversiva da BíbliaResumen
Ernst Bloch tornou-se conhecido na Alemanha como um dos mentores do movimento de 1968. O que é menos conhecido é que ele forneceu impulsos para a teologia política e, em parte, para a teologia da libertação. Seu livro Ateísmo no cristianismo: sobre a religião do êxodo e do reino, surgiu no ano de 1968; porém, como o próprio título já indica, não trata do movimento de protesto da época. O artigo quer mostrar como, mesmo assim, o livro e o seu ateísmo não ortodoxo puderam contribuir para a expressão das motivações centrais da revolta de então contra estruturas autoritárias e por uma nova cultura da vida. O faz partindo do Espírito da utopia, primeiro trabalho de Bloch, o qual há exatamente meio século já procurava fazer da resistência à guerra e ao capitalismo uma questão filosófica central. Na sequência, é perseguido como a revolução no “céu” da linguagem simbólica religiosa se associa com a crítica marxiana à religião e como, no contexto da tradição sócio-revolucionária de uma leitura herética da Bíblia, é trazida para o aquém. Conclui-se que a junção desses elementos possibilita a Bloch uma transformação da religião e sua reinserção em práxis libertadoras em busca do autoencontro humano. Por fim, será interrogado sobre a relevância de uma tal herança da religião para sociedades crescentemente pós-tradicionais. É apropriado se contrapor às fantasias de poder megalômanas de uma religião de mercado sem limites, que se espalhou na esteira das revoltas de 1968?
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