Linguagem e apropriação: sobre a nomeação em Hannah Arendt e Carl Schmitt

Autores/as

Palabras clave:

Nomeação. Linguagem. Apropriação. Hannah Arendt. Carl Schmitt.

Resumen

O propósito do artigo é investigar a relação entre linguagem e apropriação presente nas reflexões de Hannah Arendt e Carl Schmitt sobre a questão da nomeação. Considerando que ambos ressaltaram o elemento apropriativo subjacente ao nexo entre a linguagem e o mundo, partimos da definição arendtiana, segundo a qual o nomear é o modo que os seres humanos possuem para se apropriarem dos acontecimentos do real e, assim, dotá-los de comunicabilidade, assegurando a conexão entre as
atividades mentais humanas que buscam o seu sentido e o mundo de aparências em que se manifestam. Na primeira parte do texto, interpretamos as análises de Arendt sobre tais relações de maneira a evidenciar a compreensão de linguagem presente em sua obra, especialmente em A condição humana (1958) e A vida do espírito (1978). Na segunda parte, a fim de esclarecermos o significado apropriativo da nomeação, mobilizamos a leitura de Carl Schmitt desenvolvida no ensaio “Nomos – Nahme – Name” (1959). Segundo o pensador alemão, a ênfase no nomos como termo fundamental do vocabulário político e jurídico ocidental permite desencobrir uma estrutura particular de linguagem e de pensamento, cujo núcleo irradiador de sentidos reside em acontecimentos originários de “tomada” ou “apropriação” (Nahme) englobados pelos próprios atos de nomeação. Por conseguinte, observando uma confluência entre essas abordagens, concluímos que a tomada dos acontecimentos na linguagem por meio da nomeação possui implicações inegavelmente práticas, as quais nos remetem a processos decisivos que são da ordem da política e do direito.

Biografía del autor/a

Roan Costa Cordeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Doutor em filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

Citas

ARENDT, H. A condição humana. Tradução de R. Raposo. Revisão técnica de A. Correia. 13. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2016.

ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Tradução de C. A. R. de Almeida, A. Abranches e H. Franco Martins. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

ARENDT, H. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. Tradução de R. Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

ARENDT, H. The Life of The Mind. 2.v. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1981.

ARISTÓTELES. Da interpretação. Tradução de J. V. Teixeira da Mata. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

ARISTÓTELES. De anima. Tradução de M. C. G. dos Reis. São Paulo: Ed. 34, 2006.

ARISTÓTELES. Política. Tradução de A. Amaral e C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998.

ARROSI, J. P. Nómos ou a emergência da ordem: fragmentos de uma história das formas jurídicas. 2021. 181f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2021.

BENJAMIN, W. Sobre a origem da linguagem em geral e sobre a linguagem do homem. Tradução de S. Kampff Lages. In: BENJAMIN, W. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2011. p. 49-73.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de M. T. da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 19. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2009.

PAPA, E. S. Linguaggio originario e pensiero dello spazio in Carl Schmitt. Rivista di Filosofia, v. CVIX, n. 2, ago. 2018. p. 245-264.

SCHMITT, C. Nehmen / Teilen / Weiden. In: SCHMITT, C. Verfassungsrechtliche Aufsätze aus den Jahren 1924 – 1954. Materialien zu einer Verfassungslehre. 4. Auflage. Berlin: Duncker & Humblot, 2003. p. 489-504.

SCHMITT, C. Nomos – Nahme – Name. In: SCHMITT, C. Staat, Großraum, Nomos: Arbeiten aus den Jahren 1916 – 1969. Berlin: Duncker & Humblot, 1995. p. 573-591.

SCHMITT, C. O nomos da Terra no direito das gentes do jus publicum europaeum. Tradução de A. Franco de Sá. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2014.

WEIL, S. Espera de Deus: cartas escritas de 19 de janeiro a 26 de maio de 1942. Tradução de Karin Andrea de Guise. Petrópolis: Vozes, 2019.

Publicado

2024-12-31

Número

Sección

Artigos