Tocqueville e as dinâmicas do progresso e da crise na democracia
Palavras-chave:
Tocqueville. Democracia. Progresso. Crise.Resumo
Este artigo investiga como, em Tocqueville, as dinâmicas do progresso e da crise, na democracia, aparecem essencialmente interligadas nas análises do pensador francês. Tocqueville reflete como a democracia modificou os hábitos e costumes dos sujeitos na modernidade. A democracia proporcionou uma mobilidade social antes inexistente, gerando uma melhoria na vida dos indivíduos, à luz do espírito da igualdade. Porém, Tocqueville enfatiza os limites das melhorias sociais, econômicas e políticas no capitalismo, em que os sujeitos passam a desenvolver um sentimento de melancolia e frustração, além de um individualismo crescente, que pode corroer os laços de solidariedade fundamentais para a democracia. Haveria, sobretudo, o risco da existência de formas despóticas no interior das instituições democráticas, além da incorporação das desigualdades dos tempos antigos na própria democracia. Nesse sentido, Tocqueville mostra como as dinâmicas do progresso e da crise coexistem na democracia, analisando fenômenos políticos, sociais e econômicos, que apontam tanto para um progresso, como, ao mesmo tempo, para uma crise inerente a tal progresso, havendo a possibilidade da degeneração da democracia e de seu espírito da igualdade. Trata-se de uma abordagem pouco debatida nos estudos sobre Tocqueville, embora determinante para a filosofia política.
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