O Espelho de Tarkovsky:
Fragmentação discursiva como gagueira
DOI:
https://doi.org/10.36517/vazppgartesufc2020.1.6Palavras-chave:
Tarkovsky, O Espelho, Gagueira, NarrativaResumo
O Espelho (1975), terceiro longa-metragem de Andrei Tarkovsky, é considerado a sua obra mais pessoal. O desdobramento poético do filme é marginalmente narrativo na medida em que conta uma história através de fragmentos discursivos temporalmente desconjuntados que minam a continuidade narrativa. As vinhetas são, na sua maioria, dramatizações das lembranças do protagonista de acontecimentos infantis, sonhos e devaneios, que articulam uma lógica temporal que requer uma espacialização não convencional da narrativa para torná-la coerente. Na sua constelação analítica, discernimos uma dinâmica repetitiva de identificação empática como estratégia de engajamento com o espectador. Apontamos a labor iterativa do protagonista como a gagueira que espelha a luta do indivíduo para encontrar uma voz como expressão de uma identidade coletiva.