Revista de Psicologia, Fortaleza, v.16, e025002. jan./dez. 2025
DOI: 10.36517/revpsiufc.16.2025.e025002
RECEBIDO EM: 28/08/2024
PRIMEIRA DECISÃO EDITORIAL: 04/12/2024
VERSÃO FINAL: 10/12/2024
APROVADO EM: 15/01/2025
Avaliação da Esperança em Adolescentes Escolares
Assessment of Hope in School Adolescents
Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva
Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Brasil. Pesquisadora de Pós-Doutorado. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7337-5917 | E-mail: claudia@psico.life | Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 179, 131A, Barra Funda, São Paulo – SP. CEP 01135-020
Ivonise Fernandes da Motta
Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Brasil. Professora Livre Docente. https://orcid.org/0000-0001-5317-4643 | E-mail: ivonise@usp.br
Resumo
Esperança é um estado positivo de motivação para o alcance de objetivos, influenciada por aspectos individuais e ambientais, contribuindo para o bem-estar. Na adolescência, a esperança é mencionada como fator protetivo em saúde mental. Este trabalho objetiva avaliar o nível de esperança em adolescentes, de duas séries escolares, de uma escola de aplicação pública da cidade de São Paulo – SP. A amostra contou com estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio. No estudo qualiquantitativo foi aplicada a Escala de Esperança de Herth (EEH). Os resultados evidenciaram a presença de esperança moderada em ambos os grupos de alunos. Os achados revelaram que o maior escore de esperança estava na afirmação 7 Eu posso me lembrar de tempos felizes e prazerosos, sinalizando existir a memória de boas experiências que sustentam a esperança. O menor índice de esperança foi encontrado na afirmação 6 Eu tenho medo do meu futuro, aludindo à preocupação dos estudantes quanto ao que está porvir no futuro pessoal e profissional. Esse achado está de acordo com a literatura e com as inquietudes próprias da faixa etária da adolescência. O estudo reitera a importância de promover o diálogo com os adolescentes acerca dos desafios atuais e das perspectivas de vida, como prevenção em saúde mental.
Palavras-chave: Esperança; adolescente; saúde mental; fatores de proteção.
Abstract
Hope is a positive motivational state aimed at achieving goals, influenced by individual and environmental factors, and contributes to well-being. In adolescence, hope is mentioned as a protective factor in mental health. This study aims to assess the level of hope among adolescents from two grade levels at a public laboratory school in the city of São Paulo, SP, Brazil. The sample consisted of students from the 9th grade of Elementary School and the 1st grade of High School. In the qualitative-quantitative study, the Herth Hope Index (HHI) was applied. The results showed a moderate level of hope in both groups of students. The findings revealed that the highest hope score was in statement 7: "I can remember happy and pleasurable times," indicating the presence of memories of good experiences that sustain hope. The lowest hope score was found in statement 6: "I am afraid of my future," alluding to students' concerns about their personal and professional future. This finding is consistent with the literature and the typical concerns of the adolescent age group. The study reiterates the importance of promoting dialogue with adolescents about current challenges and life perspectives as a mental health prevention measure.
Keywords: Hope; adolescent; mental health; protective factors.
Várias são as circunstâncias que interferem na qualidade do bem-estar e da saúde mental na fase da adolescência, inclusive a realidade social, econômica e cultural em que o adolescente está incluído. A presente pesquisa é parte do Projeto Bem-Estar na Adolescência, proposto em parceria com uma escola de aplicação pública da cidade de São Paulo – SP, visando possibilitar um espaço de prevenção em saúde mental, por meio da escuta, do acolhimento e das trocas de experiências sobre a adolescência. Para tanto, elegeu-se a esperança como tema central do projeto e do estudo.
A esperança é uma dimensão humana resultante da confluência de aspectos individuais e contextuais da vida do sujeito, associada à autoestima e ao otimismo, contribuindo para o estado de bem-estar pessoal (Pacico, Zanon, Bastianello, & Hutz, 2011). Uma pesquisa brasileira destacou que a manutenção da esperança contribui para a expectativa positiva em relação aos acontecimentos futuros, de forma que “está estreitamente ligada à capacidade do indivíduo de fazer planos e de colocá-los em prática e acreditar na sua realização” (Paludo, Mazzoleni, & Silva, 2018, p.79).
Uma das definições frequentemente compartilhadas pela comunidade científica é a de Snyder (2002), que compreende a esperança como um estado positivo de motivação para atingir objetivos, a partir de alguns aspectos. Um dos componentes é chamado de rota, ou seja, a capacidade de criar caminhos táticos para alcançar o objetivo. O outro componente é o agenciamento, a capacidade de iniciar a busca pelo objetivo, mantendo-se motivado a superar os obstáculos.
Considera-se que o delineamento de caminhos e a realização de ações para se alcançar o que se pretende, faz-se relevante sobretudo na adolescência, quando o sujeito se encontra em um período de estruturação da identidade pessoal e de definição de escolhas que poderão influenciar na sua orientação futura.
Na perspectiva teórica do pediatra e psicanalista inglês D. W. Winnicott, a esperança pode ser percebida em atos de tendência antissocial na adolescência, quando o indivíduo se encaminha para comportamentos de delinquência e desafio à norma. O autor explica que quando a criança passa por falhas ambientais, sendo desapossada de uma experiência boa com o ambiente de cuidado, a tendência antissocial pode aparecer mais tarde como uma tentativa esperançosa de encontrar uma nova condição de provisão ambiental, agora confiável e estável (Winnicott, 1984/2005).
Em alguns contextos, pode acontecer de os adolescentes mais jovens apresentarem melhores índices de saúde mental, incluindo a esperança, em comparação aos mais velhos. Isso porque, os adolescentes de menor idade podem se mostrar mais resilientes e com menos comportamentos disfuncionais estabelecidos (Ahrnberg, Appelqvist-Schmidlechner, Mustonen, Fröjd, & Aktan-Collan, 2021; Sparks, Trentacosta, Hicks, Kernsmith, & Smith-Darden, 2021), o que reforça a importância de ações preventivas em saúde mental nos primeiros anos da adolescência.
Os processos de transição na faixa etária adolescente são momentos significativos, pois marcam mudanças e podem influenciar o direcionamento da vida pessoal. Um tópico que frequentemente gera incerteza no adolescente é a transição para o fim da escolaridade e as decisões a serem tomadas sobre o futuro. Considera-se que a preservação de sonhos, esperanças e planos, contribuem para o desenvolvimento de agenciamento, ou seja, a capacidade para tomar decisão e agir em conformidade ao que se busca. Para tanto, exige-se que a pessoa não só pense no futuro, mas se comprometa com a trajetória. O agenciamento é interferido conforme as experiências vividas, as oportunidades presentes e a percepção quanto a um futuro possível (Kogler, Vogl, & Astleithner, 2022).
Nesse sentido, o histórico do percurso de vida transcorrido até a adolescência precisa ser considerado. Experiências adversas vividas ao longo da vida podem predizer resultados negativos na adolescência. Entre essas situações, pode-se citar: fator socioeconômico desfavorável, violência, morte de familiares, falta de apoio psicossocial, limitação de oportunidades futuras e falta de apoio governamental (Beattie et al., 2019; Ngwenya, Barnett, Groenewald, & Seeley, 2021; Zhang et al., 2023). Por outro lado, a esperança denotou ter um efeito preventivo, diminuindo o risco de sintomas de estresse pós-traumático e do envolvimento em comportamentos delinquentes na adolescência, mesmo diante do histórico de experiências negativas. A relação entre a exposição a experiências adversas infantis e os comportamentos delinquentes tende a diminuir de forma significativa, conforme o aumento do nível de esperança (Sparks et al., 2021).
O adolescente imerso no contexto escolar pode experimentar vivências antagônicas, pois ao mesmo tempo em que a escola é um espaço de estímulo à socialização, também apresenta desafios acadêmicos relacionados ao aprendizado. Por isso, é possível encontrar diminuição na esperança em adolescentes que estejam na passagem de um ciclo estudantil, como a que antecede a entrada no Ensino Médio (Fraser, Bryce, Alexander, & Fabes, 2021). Por outro lado, quanto melhor o capital psicológico do adolescente, englobando a esperança, melhores chances ele possui de alcançar um satisfatório desempenho acadêmico (Carmona-Halty, Schaufeli, Llorens, & Salanova, 2019; Kashiwabara, Fujiwara, Doi, & Yamaoka, 2022).
A partir disso, considera-se a esperança como fator protetivo na adolescência, atuando como preditora de saúde mental. Níveis elevados de saúde mental na adolescência estão relacionados a uma maior autoestima, a experiência de inclusão social e a maiores níveis de forças de caráter, como a esperança e a bondade (Ahrnberg et al., 2021). Adolescentes com maiores escores de esperança e gratidão possuem menor probabilidade de envolvimento em comportamentos de autolesão não suicida (Jiang, Ren, Zhu, & You, 2022). A esperança também exerce um papel moderador entre emoções negativas e ideação suicida, e entre irritabilidade, pensamentos e comportamentos suicidas; de modo que quando o nível de esperança é alto, o efeito das emoções negativas na ideação suicida pode ser enfraquecido (Guan, Liu, Ma, & Liu, 2023; Khurana, Wei, Karlovich, & Evans, 2023). Níveis moderados a elevados de esperança, também podem reduzir o impacto emocional do adolescente em situação de vitimização pelos pares, a partir da diminuição dos sintomas depressivos e ansiosos (Ricker et al., 2022).
Um trabalho confirmou a eficácia de um programa de intervenção escolar sobre a esperança, aplicado em crianças e adolescentes de 11 a 14 anos. Ainda que a melhora pós-intervenção de 12 semanas tenha sido estatisticamente pouco significativa, as mudanças qualitativas foram promissoras. A esperança foi positivamente associada a fatores de bem-estar, como regulação emocional, autocuidado e procura por apoio social. Também houve redução nos níveis de ansiedade e depressão. Os resultados determinaram que o aumento da esperança teve impacto positivo em fatores de proteção contra suicídio e problemas de saúde mental, reforçando que o constructo esperança pode atuar como fator de proteção para crianças e adolescentes (Kirby et al., 2022).
A partir do exposto, o presente estudo objetiva avaliar o nível de esperança em adolescentes de uma escola pública de aplicação, localizada na cidade de São Paulo – SP. A pesquisa engloba duas diferentes séries escolares, por meio da aplicação da Escala de Esperança de Herth (EEH), com o intuito de realizar comparações entre os dois grupos e possíveis correlações com as variáveis sociodemográficas.
Método
Este é um estudo de método misto, com uma combinação de abordagem qualiquantitativa. Nessa modalidade de estudo, reúnem-se dados qualitativos e quantitativos. Na técnica de método misto, o pesquisador utiliza estratégias de investigação que contemplam a coleta de dados a partir de informações numéricas, mas também com base em narrativas abertas, possibilitando uma análise estatística e textual do material. Com isso, almeja-se obter um melhor entendimento sobre o problema de pesquisa (Creswell, 2007).
O levantamento bibliográfico que subsidiou o trabalho contemplou artigos científicos publicados entre 2018 e 2023, indexados nas seguintes bases de dados: PsycINFO, Web of Science, SciELO e LILACS. Os descritores foram definidos a partir da terminologia encontrada nos portais Ciências da Saúde (DeCS) e APA Thesaurus of Psychological Index Terms. Utilizou-se a opção Busca Avançada para a combinação dos descritores com os operadores booleanos em português: (esperança) AND (adolescente) AND (escola). Em inglês foram usadas as combinações: (hope) AND (adolescent OR teenager) AND (school). Procedeu-se à uma primeira seleção com base na leitura dos resumos dos artigos, antes de seguir para a leitura dos textos na íntegra. Os critérios de inclusão foram: 1) artigos completos em que um dos objetivos foi a investigação da esperança na adolescência; 2) contar com uma amostra de adolescentes escolares; e 3) utilizar instrumentos científicos para a avaliação da esperança. A partir da estratégia de busca utilizada, localizou-se apenas um trabalho brasileiro. A bibliografia levantada, ainda que não retrate o contexto nacional, permite o acesso e o conhecimento às produções acadêmicas e científicas internacionais, servindo de norte para as futuras contribuições do cenário brasileiro.
Participantes
Os participantes do estudo são adolescentes de 13 a 16 anos, dos gêneros feminino e masculino, estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio, período matutino, de uma escola de aplicação pública da cidade de São Paulo – SP. A amostra foi definida por critérios de conveniência, com o intuito de alcançar uma parcela dos alunos que estão em fase de conclusão e início de um ciclo escolar, ou seja, final do Ensino Fundalmental e início do Ensino Médio.
Local
Escola de Aplicação de Ensino Fundamental e Médio, vinculada à Faculdade de Educação, de uma universidade pública da cidade de São Paulo – SP.
Instrumentos
Para a identificação do nível de esperança, foi aplicada a versão adaptada e validada para a língua portuguesa da Escala de Esperança de Herth (EEH). O instrumento de autorrelato possui 12 afirmações usando escala do tipo Likert, com escores de 1 a 4, onde 1 indica discordo completamente e 4 indica concordo completamente. O escore total varia de 12 a 48, sendo que quanto maior o escore, maior o nível de esperança. Os itens 3 e 6 da escala apresentam os escores invertidos (Sartore e Grossi, 2008). Ainda que o estudo para validação da EHH em língua portugesa tenha utilizado uma amostra de pacientes adultos com doença crônica, o instrumento tem mostrado viabilidade para aplicação em diferentes contextos. Na literatura internacional, localizou-se a utilização da EEH com população infantil, adolescente e juvenil, como na investigação da implementação terapêutica com pacientes com câncer (Zhang et. al, 2022); em estudo da relação entre religiosidade, espiritualidade e esperança (Wnuk, 2023); na pesquisa sobre a saúde mental de ex-pacientes, crianças e adolescentes, anos após o tratamento de leucemia (Sautier, Sarkar, Petersen, Mehnert, & Escherich, 2015) e na avaliação dos níveis de concordância entre pais e seus filhos com diagnóstico de uma síndrome genética hereditária (Wang et al., 2022). Na atual investigação, além da escala, também foram levantados dados sociodemográficos para a caracterização dos participantes.
Procedimentos
O estudo foi submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Foram realizados três encontros com os alunos do 1º ano do Ensino Médio e, em seguida, três encontros com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, de uma escola de aplicação pública da cidade de São Paulo – SP. A Orientadora Pedagógica da escola, que ficou responsável pelo acompanhamento do estudo, assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os responsáveis legais deram aceite em um formulário on-line divulgado pela instituição escolar. A participação dos alunos foi voluntária, mediante assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). O convite foi estendido às duas turmas de cada série. Os encontros aconteceram presencialmente em uma sala de aula da instituição escolar, com duração de cinquenta minutos cada encontro.
A pesquisa aqui apresentada integrou um projeto mais amplo denominado Projeto Bem-Estar na Adolescência, organizado com o intuito de promover um espaço de acolhimento, escuta e trocas de experiências sobre a adolescência, visando a prevenção em saúde mental. No primeiro dia foi apresentada a proposta do trabalho e esclarecida a voluntariedade da participação, a garantia do sigilo das informações pessoais e a possibilidade de desistência. Após a assinatura do TALE, solicitou-se aos estudantes o preenchimento individual da Escala de Esperança de Herth (EEH). Em outro encontro foi aplicado o Procedimento de Desenhos-Estória com Tema, com desenho temático e escrita de história (Aiello-Vaisberg, 1999). No último dia, os participantes preencheram um questionário sobre esperança e suporte social, desenvolvido para o presente estudo, cujo intuito foi explorar as afirmações que constam na EEH, para obter dados qualitativos que complementem o levantamento quantitativo da escala. Nos três encontros, após a aplicação de cada atividade, a pesquisadora conduziu uma roda de conversa com os estudantes, facilitando o debate e a reflexão de assuntos pertinentes à faixa etária, como desafios da adolescência, perspectivas de futuro e rede de suporte social. Posteriormente, ofereceu-se um feedback para a escola, a fim de oferecer respaldo às ações colocadas em prática pela instituição, concernente ao acompanhamento dos alunos.
Vale esclarecer que conforme a participação no projeto foi voluntária e não obrigatória em todos os encontros, houve variação da amostra no decorrer das atividades. Portanto, no atual estudo serão apresentados os resultados obtidos exclusivamente no primeiro encontro, a partir da escala e da roda de conversa, cuja amostra de participantes se mostrou mais bem contemplada.
Resultados
Na aplicação da Escala de Esperança de Herth (EEH) ao todo compareceram 40 estudantes, sendo 25 alunos do 1º ano do Ensino Médio (EM) e 15 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (EF). A Tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos com a caracterização dos participantes. Constata-se que a maioria dos estudantes de ambos os grupos se identificam com o gênero masculino (72,5%). No que diz respeito à cor/raça, a autodenominação predominante foi branco (55,0%). No quesito idade, a média geral foi de 14,63 anos, sendo 14 anos no grupo do 9º ano EF e 15 anos no grupo do 1º ano EM. Em relação à configuração familiar, ou seja, as pessoas com as quais os participantes residem, a maioria indicou pai, mãe e irmãos (45,0%).
A Tabela 2 expõe os resultados da EEH, com a apresentação dos índices de esperança por afirmativa. Ambos os grupos de alunos alcançaram uma média global no escore de esperança dentro do padrão, indicando esperança moderada, com menor escore no grupo do 9º ano EF (34,8 pontos) e ligeiramente maior nos estudantes do 1º ano EM (35 pontos). A média da escala de esperança não apresentou associação significativa com as variáveis gênero, cor/raça, idade e configuração familiar. Nos dois grupos de participantes, a afirmação que obteve a maior pontuação na escala foi o item 7 Eu posso me lembrar de tempos felizes e prazerosos e a menor pontuação foi o item 6 Eu tenho medo do meu futuro.
Discussão
Este estudo tem como objetivo avaliar o nível de esperança em adolescentes, de duas séries escolares, de uma escola pública de aplicação da cidade de São Paulo – SP. Para tanto, fez-se o uso do instrumento Escala de Esperança de Herth (EEH), com o intuito de realizar comparações entre os dois grupos e possíveis correlações com as variáveis sociodemográficas.
Faz-se necessário sinalizar a caracterização da amostra. Percebe-se que a maioria é de cor/raça branca e possui uma configuração familiar que inclui a presença de pai, mãe e irmãos. Ainda que o campo de coleta de dados seja uma escola pública, contemplando séries com diversidade de alunos; na referida instituição escolar, um terço das vagas é reservada para dependentes de servidores da Faculdade de Educação, um terço para dependentes de servidores das outras repartições da Universidade e um terço para a comunidade externa. Acredita-se que uma parte considerável dos alunos tem uma estrutura familiar que provê condições materiais para uma vida digna, assim como conta com a presença dos pais no cotidiano. Esses aspectos precisam ser considerados, pois mesmo que não determinem os resultados, podem influenciar.
Uma pesquisa identificou que a esperança pode mediar a relação entre apego parental e competência para a resolução de problemas em adolescentes, de modo que vínculos positivos construídos na relação pais e filhos tendem a beneficiar o estado mental do adolescente (Hu e Jiang, 2022). O psicanalista Winnicott (1988/1990) acrescenta que mesmo quando o adolescente conquista mais autonomia, é importante a família permanecer enquanto estrutura de referência, sendo uma base segura para a qual se pode voltar. O adolescente pode então explorar outras experiências da coletividade, reconhecendo ter a quem recorrer, se preciso.
Os resultados da presente investigação indicaram uma média geral de esperança moderada nos dois grupos de participantes. A variação de pontuação obtida pelos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (EF) apresentou escores mais baixos (22-45) quando comparados aos dos estudantes do 1º ano do Ensino Médio (EM), cuja pontuação (26-45) se mostrou superior à do outro grupo, indicando maior esperança nos alunos mais velhos. Os resultados mostraram maior nível de esperança, quando comparados aos encontrados em uma pesquisa com jovens com transtorno psiquiátrico, cuja variação na EHH indicou pontuação mais baixa (10-40), com uma média total de 28,60 (Domingues, 2021). As diferenças podem ser justificadas pelo fato de nesse último estudo ter sido contemplado estritamente participantes com diagnóstico de saúde mental, variável que não foi incluída em nossa pesquisa.
No presente trabalho, o escore total de esperança dos estudantes do 9º ano EF foi um pouco inferior (34,8), em comparação aos alunos do 1º ano EM, cuja média foi ligeiramente superior (35,0). Contudo, a diferença de ambos os grupos não se mostrou estatisticamente significativa, permanecendo uma média geral de esperança moderada. Esse resultado é condizente com a literatura, onde se localizou uma leve redução no nível de esperança dos estudantes antes da transição para o Ensino Médio. Essa mudança foi associada ao estresse das exigências acadêmicas, justamente quando o aluno se vê perante atividades mais desafiadoras, aumento das responsabilidades e antecipação da preocupação com os anos escolares seguintes (Fraser et al., 2021).
A partir de uma análise dos itens que compõem a EEH, encontrou-se que a afirmativa número 7 Eu posso me lembrar de tempos felizes e prazerosos, alcançou o maior escore de esperança nos dois grupos de participantes, com média superior nos alunos do 9º ano EF (3,40) e inferior nos alunos do 1º ano EM (3,36). Isso revela que existe nos participantes o registro de boas memórias e experiências vividas em momentos anteriores e que permanecem sustentando a esperança na vida. Nesse sentido, a importância de boas experiências pregressas também foi sinalizada em uma pesquisa com estudantes australianos, antes e durante a pandemia de Covid-19. Percebeu-se que o estado de esperança antes da pandemia, foi preditor de bem-estar subjetivo e de melhor desempenho em saúde mental durante a pandemia (Finch, Waters, & Farrell, 2023).
No atual estudo, o item da escala que ficou em segundo lugar para ambos os grupos de participantes foi o 9 Eu me sinto capaz de dar e receber afeto/amor, com maior pontuação nos alunos do 9º ano do EF (3,33) e menor nos estudantes do 1º ano EM (3,12). Tal afirmação demonstra a capacidade dos estudantes em realizar trocas afetivas com as pessoas, mantendo vínculos interpessoais de confiança e uma interação social positiva. Reconhece-se, assim, a relevância do pertencimento e da convivência com os pares, nessa faixa etária. Congruente com esses resultados, uma pesquisa com 206 alunos estadunidenses do Ensino Médio identificou que se sentir valorizado era significativo para essa população; apontando uma associação positiva entre ser importante para os outros e ter esperança (Somers, Gill-Scalcucci, Flett, & Nepon, 2022).
Na mesma direção, uma investigação com 1.881 alunos brasileiros de sete a 15 anos, reforçou a importância da qualidade dos relacionamentos próximos dentro da sala de aula, com pares (aluno-aluno) e autoridades (aluno-professor), para o desenvolvimento das forças de caráter, lê-se: coragem, justiça, esperança, autorregulação, responsabilidade social e liderança pró-social e trabalho em equipe (Thomas, da Cunha, & Santo, 2022). Destaca-se, a relevância da construção de vínculos interpessoais positivos e de confiança para os adolescentes, como aspecto favorecedor do estado de esperança.
Nesse aspecto, conjectura-se que a organização da comunidade escolar, onde a atual pesquisa foi realizada, pode ter uma significativa influência para os resultados da EEH, promovendo a socialização e sendo referência de apoio social. Durante as visitas à escola, era notável a implicação da equipe escolar, no que tange a promoção do desenvolvimento humano dos alunos e não apenas o aprendizado acadêmico. Também se percebeu as iniciativas da direção, coordenação e orientação pedagógica, em motivar ações para aproximar as famílias do acompanhamento escolar dos alunos.
A terceira colocação no escore da EEH para os alunos do 9º EF conta com três afirmações que obtiveram a mesma pontuação (3,07): 1 Eu estou otimista quanto à vida, 2 Eu tenho planos a curto e longo prazos e 4 Eu consigo ver possibilidades em meio às dificuldades. Esses resultados indicam que existe um estado pessoal geral positivo, capaz de vislumbrar uma perspectiva de futuro favorável e possível de ser alcançada, mesmo em meio às adversidades. O terceiro lugar no escore de esperança para os alunos do 1º ano EM foi o item 2 Eu tenho planos a curto e longo prazos (3,08). Essa afirmação também apareceu no outro grupo de participantes e evidencia a possibilidade de pensar sobre o futuro e traçar objetivos para a vida. Estabelecendo um paralelo desses resultados com uma pesquisa portuguesa, a mesma afirmação, 2 Eu tenho planos a curto e longo prazos, foi citada como a mais bem pontuada na EHH (3,60) em uma investigação com jovens com questões de saúde mental (Domingues, 2021). Vê-se o quanto uma prospecção futura pode impactar favoravelmente o jovem, ao mesmo tempo em que a esperança atua como mediadora em situações adversas. Nessa direção, a esperança pode ter impacto positivo em fatores de proteção contra suicídio e problemas de saúde mental, em crianças e adolescentes (Kirby et al., 2022).
A importância de manter uma visão positiva quanto ao futuro também foi notada em uma investigação conduzida com adolescentes e jovens chineses com diagnóstico de câncer. Os participantes foram incluídos em um processo terapêutico breve focado em solução, explorando os próprios recursos internos, bem como soluções para melhorar o seu sofrimento psicológico, com base na experimentação de emoções positivas. Pós-intervenção, os participantes avaliados com a EHH demonstraram aumento no nível de esperança e a visualização de um futuro desejável (Zhang et al., 2022).
O penúltimo lugar na EHH no grupo dos estudantes do 9º ano EF foi a afirmação 10 Eu sei onde eu quero ir (2,47). Este item apresentou um dos menores escores na escala, o que sinaliza possíveis incertezas, por parte dos adolescentes, em relação ao que está porvir. Esse fato é compreensível para os alunos que se encontram no último ano do Ensino Fundamental, prestes a encerrar um ciclo acadêmico, adentar em um outro repleto de novos desafios, que os aproximará da vida adulta e das escolhas profissionais. Já a penúltima posição para os alunos do 1º ano EM apresentou resultados diferentes do outro grupo, com duas afirmações com o mesmo escore (2,84), sendo o item 1 Eu estou otimista quanto à vida e o item 4 Eu consigo ver possibilidades em meio às dificuldades. Essas frases aparentam remeter às inseguranças e inquietudes da vida dos adolescentes, bem como questionamentos e dúvidas sobre a possibilidade, ou não, de encontrar saídas diante de uma vida complexa e desafiadora.
A partir dos escores das afirmações da EHH, vê-se que os participantes do 1º ano do EM, ainda que tenham tido índices de esperança maiores do que o outro grupo, mostraram-se menos otimistas (2,84) do que os estudantes do 9º ano EF (3,07), no item 1 Eu estou otimista quanto à vida. Esses indícios são congruentes com a literatura, onde se encontrou que os adolescentes mais novos podem se mostrar mais resilientes diante das dificuldades, e ainda menos propensos a apresentar comportamentos nocivos e de contravenção. Uma das hipóteses é que os adolescentes mais velhos podem ter sido expostos às experiências adversas por mais tempo (Sparks et al., 2021).
Por fim, o escore de esperança menos pontuado da EHH foi identificado na mesma afirmação para ambos os grupos de participantes, 6 Eu tenho medo do meu futuro. Os achados da pesquisa evidenciam nesse item, maior escore nos participantes do 1º ano EM (2,2) e menor no 9º ano EF (2,07). Como essa afirmação tem escore invertido na escala, o resultado expressa que a maioria dos participantes de ambos os grupos assinalaram concordo ou concordo completamente com essa afirmação, ou seja, tem medo do futuro. A resposta denota, sobretudo, a preocupação dos estudantes quanto à vida futura, o que é entendível na faixa etária da adolescência. A proximidade, em alguns anos, com o status de jovem adulto; as dúvidas relacionadas às escolhas profissionais; pressões quanto ao ingresso na universidade e tantas outras adequações sociais; parecem estar presentes nas inquietudes dos adolescentes. Os resultados são consistentes com a literatura, ao notar a preocupação com o futuro como um assunto recorrente no universo adolescente (Kogler et al., 2022).
Nesse contexto, em uma amostra de 355 alunos alemães, de 13 a 17 anos, localizou-se associação entre piores notas escolares, menor esperança de sucesso e medo de falhar (Streck, Nishen, & Kessels, 2022). Também uma pesquisa chinesa constatou associação significativa entre esperança para o futuro e desempenho acadêmico. Os estudantes que decidiram o que pretendem fazer no futuro, pareciam gerenciar o seu tempo de forma mais eficaz para alcançar o resultado desejado, diferente daqueles com incertezas sobre a vida após a conclusão dos estudos (Kashiwabara et al., 2022).
Na atual pesquisa, na roda de conversa conduzida após a aplicação da escala, a pesquisadora questionou os participantes sobre quais eram os maiores desafios da adolescência, na visão deles. As falas foram principalmente sobre não se sentirem escutados pelos adultos, terem as suas dores minimizadas pelas pessoas, bullying e receio quanto ao futuro. O medo sobre o futuro foi apontado pela nossa amostra como referente às decisões acadêmicas e profissionais, receio de fracassar na vida adulta e de desapontar a família. Os resultados do nosso estudo, em articulação com os achados em outras investigações (Kirby et al., 2022; Thomas et al., 2022), reiteram a importância de oferecer espaços para o diálogo com os adolescentes sobre as emoções, as experiências atuais e o futuro, pensando sobre possibilidades, aspirações e caminhos. Acreditamos que compartilhar esses assuntos com os pares, sob mediação de um adulto, pode ajudar os adolescentes a manter viva a esperança na vida e prevenir agravos em saúde mental.
Conclusão
Este estudo evidencia que a amostra, composta por alunos que frequentam o 9º ano do Ensino Fundamental e o 1º ano do Ensino Médio, possuem esperança moderada, ou seja, mesmo em meio aos conflitos da adolescência e às adversidades vividas, mantém-se a capacidade de ter esperança. Não foram notadas diferenças significativas entre os dois grupos. O estudo apoia a literatura existente ao evidenciar que uma das maiores preocupações expostas pelos adolescentes, diz respeito ao futuro, e o quanto isso pode impactar a esperança. A investigação também contribui para com a ampliação dos estudos que utilizam o instrumento Escala de Esperança de Herth (EHH), ao mostrar a aplicabilidade em uma amostra de adolescentes escolares brasileiros.
Contudo, vale apontar as limitações do trabalho. A amostra utilizada é restrita, portanto, os resultados não são generalizáveis. As variáveis utilizadas acerca dos dados sociodemográficos não se mostraram estatisticamente significativas para efeitos de comparação entre os grupos. Os achados devem ser considerados dentro do contexto em que os participantes se encontram, ou seja, são provenientes de uma escola de aplicação pública, vinculada a uma universidade; onde se observa o empenho da gestão escolar para oferecer um adequado acompanhamento aos alunos, considerando o âmbito acadêmico, mas também aspectos de cidadania e bem-estar dos estudantes. Estudos futuros poderão se dedicar a pesquisas com uma maior amostra, em contextos de escolas públicas e privadas, bem como a articulação do nível de esperança com outras variáveis.
Referências
Ahrnberg, H., Appelqvist-Schmidlechner, K., Mustonen, P., Fröjd, S., & Aktan-Collan, K. (2021). Determinants of Positive Mental Health in Adolescents–A Cross-Sectional Study on Relationships between Positive Mental Health, Self-Esteem, Character Strengths and Social Inclusion. International Journal of Mental Health Promotion, 23(3), 361-374. https://doi.org/10.32604/IJMHP.2021.016408
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#02t1.png#b#Tabela 1 - Caracterização dos participantes
#02t2.png#b#Tabela 2 - Resultados da Escala de Esperança de Herth
Agradecimentos: Pesquisa realizada com apoio financeiro da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da Universidade de São Paulo