Ideologia como estratégia de colonização da subjetividade na sociedade capitalista contemporânea / Ideology as a strategy of the colonization of the subjectivity in the contemporary capitalist society
DOI:
https://doi.org/10.36517/revpsiufc.11.1.2020.13Resumo
O conceito de ideologia, historicamente, incitou diversas polêmicas e interpretações em torno de seu uso. Dessa maneira, houve uma tendência à sua neutralização e abandono. O presente artigo visa resgatar o caráter crítico do conceito. Para tanto, vamos nos valer de um estudo teórico sobre o tema para cumprir o objetivo de ler e interpretar a ideologia nos discursos a partir de uma aproximação entre psicanálise e marxismo. Nessa perspectiva teórica, veremos que a ideologia se torna uma estratégia de colonização da subjetividade em uma sociedade capitalista e que, portanto, traz sofrimento para as pessoas. A partir das contribuições de autores como Ernesto Laclau foi possível analisar como a ideologia se manifesta na linguagem, produzindo engodo e distanciamento do pensamento à realidade material que organiza o ser social. Dessa maneira, a ideologia opera na produção de uma fantasia que acoberta a impossibilidade de plenitude em que todos estariam representados pelo capitalismo.
Downloads
Referências
Althusser, L. (1970). Aparelhos ideológicos de estado. Lisboa/São Paulo: Presença/Martins Fontes.
Brandão, H. H. N. (2004). Introdução à análise do discurso (2a ed.). Campinas: Editora da Unicamp.
Cerqueira Filho, G. (1988). Análise social da ideologia. São Paulo: E.P.U.
Chauí, M. (1980). O que é ideologia? Coleção Primeiros Passos (37a ed.). São Paulo: Editora Brasiliense.
Crochík, J. L. (1998). Os desafios atuais do estudo da subjetividade na Psicologia. Psicologia USP, 9(2), 69-85.
Dantas, B. S. (2011). Religião e Política: Ideologia e ação da “bancada evangélica” na Câmara Federal (Tese de Doutorado). Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Dunker, C. I. L. (2005). Zizek: um pensador e suas sombras. In C. I. L, Dunker; J. L. A, Prado. (Org.). Zizek Crítico - política e psicanálise na era do multiculturalismo (47-80). São Paulo: Hucitec.
Eagleton, T. (1997). Ideologia: uma introdução. São Paulo: Boitempo.
Engels, F. & Marx, K. (1846/2009). A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo.
Freud, S. (1930/1997). O mal-estar na cultura. Porto Alegre, RS: L&PM.
Glynos, J. & Stavrakakis, Y. (2008). Lacan and political subjectivity: fantasy and enjoyment in psychoanalisys and political theory. Subjectivity, 24, 256–274.
Gracia, T. I. (2004). O "giro linguístico". In L, Iñiguez. Manual de análise do discurso em Ciências Sociais. Petrópolis, RJ: Vozes.
Lacan, J. (1973). O Seminário Livro 11: quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (1985). O seminário – Livro 3 – As Psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Laclau, E. (1996). Emancipación y diferencia. Argentina: Ariel.
Laclau, E. (2002). Misticismo, Retórica y Política. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica.
Lara Junior, N. (2012). Quanto Custa o (não) saber sobre as tramas ideológicas do capitalismo?. In A. F, de Lima. Psicologia Social Crítica: Paralaxes do Contemporâneo. Porto Alegre: Sulina.
Lara Junior, N. & Santos Lara, A. P. (2013). Estado de torpor como 'troco' na operação econômica capitalista. Analytica: Revista de Psicanálise, 2, 10-32.
Lara Junior, N. & Jardim, L. (2014). Contribuições psicanalíticas para a compreensão das operações discursivas ideológicas. In N, Lara Junior & A. F. de Lima. Metodologias de Pesquisa em Psicologia Social Crítica. Porto Alegre: Sulina.
Lara Junior, N., Kist, A. U., Oliveira, F. J. C., Elias, J. F. B. (2017). A Contribution: on the “prescriptive place” to lacanian discourse analysis. Annual Review of Critical Psychology, 13, 1-15.
Lowy, M. (1996). Ideologias e ciência social: elementos para uma análise marxista (11a ed.). São Paulo: Cortez.
Mendonça, D. & Rodrigues, L. P. (2014). Pós-estruturalismo e teoria do discurso: em torno de Ernesto Laclau (2a ed.). Porto Alegre: EDIPUCRS.
Mészáros, I. (2004). O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo.
Nasio, J. D. (2007). A fantasia: O prazer de ler Lacan (A. Telles & V. Ribeiro, Trad). Rio de Janeiro: Zahar.
Nasio, J. D. (2011). Introdução à topologia de Lacan (C. Berliner, Trad). Rio de Janeiro: Zahar.
Quinet, A. (2003). A descoberta do inconsciente: do desejo ao sintoma (2a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Ramos, C. (2008). Consumismo e gozo: uma compreensão de ideologia entre T.W. Adorno e J. Lacan. Revista Psicologia USP, 19(2), 199-212.
Safatle, V. (2005). Depois da Culpabilidade: Figuras do Supereu na Sociedade de Consumo. In C. I. L, Dunker; J. L. A, Prado. (Org.). Zizek Crítico - política e psicanálise na era do multiculturalismo (47-80). São Paulo: Hucitec.
Saussure, F. (1995). Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix.
Saussure, F. (2002). Escritos de linguística geral. São Paulo: Cultrix.
Thompson, J. B. (1995). Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes.
Žižek, S. (1991). O mais Sublime dos histéricos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Žižek, S. (1992). Eles não Sabem o que Fazem: O Mais Sublime Objeto da Ideologia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
Žižek, S. (1996). Um mapa da ideologia (V. Ribeiro, Trad.). Rio de Janeiro: Contraponto.