Dossiê “Gêneros cinematográficos e audiovisuais: processos de criação no Brasil”

2024-09-16

Chamada


Ainda que distante de seu auge, ocorrido nas décadas de 1960 e 1970, os gêneros cinematográficos ocupam espaço destacado na cinematografia contemporânea brasileira (Cánepa, 2016, p. 123), especialmente pela presença do drama e da comédia, mas não apenas (ANCINE, 2018). Tal presença se relaciona também com a condição verificada em cinematografias de outros países, caracterizando uma situação global de forte presença de produções cinematográficas e audiovisuais nas perspectivas do que se conceituou enquanto gênero no cinema e na televisão.

Na qualidade de um dos conjuntos de concepções teóricas de base para este dossiê, temos o princípio de que cada gênero cinematográfico ou audiovisual é definido por sistemas de expectativas, categorias, nomenclaturas e convenções próprias (Vieira, 2016, p. 294). É justamente pela presença dessas especificidades que os gêneros são considerados como tal, além de seus diálogos, não exclusivos, que estabelecem com o classicismo cinematográfico. Temos em conta também que, contemporaneamente, já não é mais possível restringir a definição de gênero cinematográfico “em categorias, modelos e padrões preestabelecidos, os quais não condizem com tendências contemporâneas fluídas, intertextuais e transartísticas, que convocam múltiplas formas em cada novo produto audiovisual.” (Bessa, Lusvarghi & Oliveira, 2022, p. 8)

Em outro conjunto de concepções fundantes, tomamos vertentes teóricas diversas, entretanto significativamente convergentes, sobre os estudos de processos de criação artísticos, notadamente nos campos do cinema e do audiovisual. Interessam, principalmente, abordagens que voltam-se para as pesquisas sobre o fazer artístico, tais como a Poética (Valery, 2018), a Crítica de Processo (Salles, 2011; 2017), e a Teoria de Cineastas (Baggio, Graça & Penafria, 2015; 2020).

Desta forma, o dossiê abre-se para propostas de artigos que versem sobre os processos de criação de obras cinematográficas e audiovisuais de gênero no Brasil. Neste sentido, há alguns focos basilares, porém, não excludentes, como:

  • Processos de criação de filmes/obras audiovisuais que tenham perfil de gênero (ação, comédia, drama, fantástico, ficção científica, film noir, musical, terror, thriller e western);
  • Análises de filmes/obras audiovisuais de gênero que tragam relevo para aspectos dos processos de criação;
    Papéis criativos de cineastas em filmes/obras audiovisuais que tenham perfil de gênero;
  • Relações artísticas em processos de criação coletivos para a realização de filmes/obras audiovisuais de gênero;
  • Aspectos contextuais e/ou culturais no fazer do cinema/audiovisual de gênero.

 

Editora e editores convidados:
Thalita Cruz Bastos – Universidade Anhembi Morumbi (UAM)
Marcelo Dídimo Souza Vieira – Universidade Federal do Ceará (UFC)
Eduardo Tulio Baggio – Universidade Estadual do Paraná (Unespar)

 

Calendário

Prazo de submissão: 21/12/2024

Prazo de avaliação: 31/03/2025

Prazo de publicação: até final de maio de 2025

Referências

ANCINE. Gêneros Cinematográficos dos Filmes Lançados entre 2009 e 2017 em Salas de Exibição. 2018. Disponível em: https://public.tableau.com/views/PainelGnerosCinematogrficosdosFilmesLanadosentre2009e2017emSalasdeExibio_0/DadosGerais?:embed=y&:showVizHome=no&:host_url=https%3A%2F%2Fpublic.tableau.com%2F&:embed_code_version=3&:tabs=null&:toolbar=yes&:animate_transition=yes&:display_static_image=no&:display_spinner=no&:display_overlay=yes&:display_count=yes&:scrolling==no&publish=yes&:loadOrderID=7. Acesso em: 12 ago. 2024.

BAGGIO, Eduardo Tulio; GRAÇA, André Rui; PENAFRIA, Manuela. Teoria dos cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema. Revista Científica / FAP, v. 12 (jan./jul., 2015). - Curitiba: FAP, 2015.

BAGGIO, Eduardo Tulio; GRAÇA, André Rui; PENAFRIA, Manuela. Teoria dos Cineastas: uma abordagem para o estudo do cinema. Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, v. 7, n. 2, p. 67-71, 2020.

BESSA, Karla, LUSVARGHI, Luiza & OLIVEIRA, Jusciele. Apresentação do Dossiê Cinema e Feminismos: (Des)construindo gêneros no cinema e no audiovisual. Revista Zanzalá | v. 9, n. 1, 2022, p. 7-9.

CÁNEPA, Laura Loguercio. Configurações do horror cinematográfico brasileiro nos anos 2000: continuidades e inovações. In: CARDOSO, João Batista Freitas; SANTOS, Roberto Elísio dos (org.). Miradas sobre o cinema ibero latino-americano contemporâneo. São Caetano do Sul: USCS, 2016, p. 121-144.

SALLES, Cecilia Almeida. Gesto Inacabado: processo de criação artística. São Paulo: Intermeios, 2011.

SALLES, Cecilia Almeida. Processos de criação em grupo: diálogos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2017.

VALÉRY, Paul. Lições de poética. Tradução de Pedro Sette-Câmara. Belo Horizonte: Editora Âyiné (coleção Das Andere #5), 1ª Edição, 2018.

VIEIRA, Marcelo Dídimo Souza. A invenção do cangaço sob a égide do Western. Revista Contemporânea. V.14, n.03, pp. 293-317, set-dez 2016.