“CRISE” DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA E A FUNÇÃO POLÍTICA DO JUDICIÁRIO: É O JUDICIÁRIO A “TÁBUA DE SALVAÇÃO” DA DEMOCRACIA?
Palavras-chave:
Crise da democracia representativa, manifestações populares de 2013, ativismo judicial, nova hermenêutica.Resumo
Discorre sobre a suposta crise que assola a democracia representativa, defendendo que tal concepção comumente a opõe à ideia de democracia direta, como se esta fosse o paradigma político ideal – juízo que é rejeitado no desenvolvimento. Com vistas ao cenário político brasileiro, sustenta a inexistência de uma verdadeira crise da democracia representativa; pois entende que a hiperpolitização não necessariamente é negativa, mas pode congregar democracia representativa e participação popular. Adiante, adota a ideia de que a oposição entre maiorias e minorias decorre logicamente do sistema democrático e problematiza sobre a possibilidade de controle externo de eventuais mazelas decorrentes deste sistema. Questiona o ativismo como “tábua de salvação” da democracia, lançando mão de argumentos filosóficos, políticos e pragmáticos que demonstram a incoerência de uma confiança desmedida no Judiciário. Defende, caminhando ao fim, o controle externo do sistema político pelo Judiciário, mas com vistas ao controle pelo direito, e não o ativismo. Sustenta, por derradeiro, um controle conforme o direito, em observância à ordem constitucional, adotando para tanto as contribuições da nova hermenêutica.
Referências
ALVES, Fernando de Brito. Democracia e desconfiança. Revista Argumenta, Jacarezinho - PR, n. 16, p. 267-281, Fev. 2013. ISSN 2317-3882. Disponível em: <http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/223/222>. Acesso em: 23 Jun. 2015.
______. Constituição e participação popular. Curitiba: Juruá, 2013.
ALVES, Fernando de Brito; OLIVEIRA, Guilherme Fonseca de. Democracia e ativismo judicial: atuação contramajoritária do judiciário na efetivação dos direitos fundamentais das minorias. Revista Argumenta, Jacarezinho - PR, n. 20, p. 33-45, jun. 2014. ISSN 2317-3882. Disponível em: <http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/432>. Acesso em: 23 Jun. 2015.
_______. Para uma fundamentação dos direitos de minorias em tempos de transição paradigmática. Jacarézinho, 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas) - Programa de Mestrado em Ciência Jurídica do Centro de Ciências Sociais Aplicadas do Campus de Jacarezinho da Universidade Estadual do Norte do Paraná, 2009.
ARDANT, Philippe. Institutions politiques e droit constitutionnel. 11 ed. Paris, Librairie générale de droit et de jurisprudence (L.G.D.J.), 1999.
BARTHES, Roland. Mitologias. Tradução de Hector Schmucler. Século veintiuno editores. México,DF/Madrid: 1980.
BECK, Ulrich. La democracia y sus enemigos: textos escogidos. Barcelona, Paidós, 2006.
COMPARATO, Fábio Konder. Prefácio. In: MULLLER, Friederich. Quem é o povo? : a questão fundamental da democracia. 6. ed. Tradução: Peter Neumann. Revisão da Tradução: Paulo Bonavides. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
CHRISTENSEN, Ralph. Introdução. In: MULLLER, Friederich. Quem é o povo? : a questão fundamental da democracia. 6. ed. Tradução: Peter Neumann. Revisão da Tradução: Paulo Bonavides. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
COSTA, Pietro. Soberania, representação, democracia: ensaios de história do pensamento jurídico. Curitiba: Juruá, 2010.
DELEUZE, Gilles. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. – 28. ed. –Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014
FOCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro e 1970.Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. 23. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
FRASER, Nancy. Rethinking the public sphere: a contribution to the critique of actually existing democracy, in CALHOUN, Craig (ed.). Habermas and the public sphere. Cambridge: The MIT Press, 1992.
GRAU, Eros Roberto. Por que tenho medo dos juízes (a interpretação/aplicação do direito e os princípios). 6ª edição refundida do ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. Porto Alegre: Editora Malheiros, 2014.
HARVEY, David. ŽIŽEK, Slavoj. ALI, Tariq et al. Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo, 2012
KANT, Immanuel. Resposta à Pergunta: Que é esclarecimento []?. Disponível em: http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/b47.pdf. . Acesso em: 23 Jun. 2015.
KOSELLECK, R.; RICHTER, M.. “Crisis”. Journal of the History of Ideas, n. 67(2), 2006.
LAUVAUX, Philippe. Les grandes démocraties contemporaines. Paris: Press Universitaires de France, 1990.
LEFORT, Claude. Democracy and political theory. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1988.
MIGUEL, Luis Felipe. Representação Política em 3-D: elementos para uma teoria ampliada da representação política. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 18, nº 51, 2003.
MOUFFE, Chantal. O regresso do politico. Tradução de Ana Cecília Simões. Lisboa: Gradiva, 1996.
ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Ação afirmativa: o conteúdo democrático do princípio da igualdade jurídica. Revista Trimestral de Direito Público, nº 15, p. 85-99 de 1996 | Gênesis : Revista de Direito Administrativo Aplicado, vol.3, nº 10, p. 649-664, jul./set. de 1996. Disponível em: < http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176462/000512670.pdf?sequence=3>. Acesso em 26.out.2013.
ROITMAN, Janet. Crisis. In: Political Concepts: a critical lexicon. Disponível em: http://www.politicalconcepts.org/issue1/crisis/
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SCHIMITT, Carl. The Concept of Political. Trad. de George Schwab. Chicago: Chicago University Press, 2007.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 35. ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2011.
STRECK, Lenio Luiz. O que é isto – decido conforme minha consciência? – 4. ed. rev. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2013.
_______. Verdade e consenso: constituição, hermenêutica e teorias discursivas. 5ª ed. rev. mod. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014
ZAGREBELSKY, Gustavo. A crucificação e a democracia. Tradução: Monica de Sanctis Viana. São Paulo: Saraiva, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista NOMOS o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Autores são responsáveis pelo conteúdo constante no manuscrito publicado na revista.