LIDERANÇA DO EDUCADOR E EMPODERAMENTO DO EDUCANDO COMO
INSTRUMENTALIZAÇÃO NO CONSTRUTO ÉTICO-MORAL-SOCIAL SOB A ÓTICA FREIRIANA
EDUCATOR LEADERSHIP AND EDUCATING EMPOWERMENT AS
INSTRUMENTALIZATION IN THE ETHICAL-MORAL-SOCIAL CONSTRUCT UNDER THE FREIRIAN
PERSPECTIVE
Eduardo Martins de Arruda
1
Hugo Medeiros Souto
2
Wilson Honorato Aragão
3
1.
Mestre Profissional em Gestão nas Organizações
Aprendentes (PPGOA/UFPB)
E-mail: eduardo.arruda73@gmail.com
2.
Mestrando Profissional em Gestão nas
Organizações Aprendentes (PPGOA/UFPB)
E-mail: hugomsouto@gmail.com
3.
Doutor em Educação (PPGE/UFRN), Professor
do PPGOA/UFPB
E-mail: wilsonaragao@hotmail.com
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não há conflito de interesses.
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Recebido em: 20/09/2019.
Revisado em: 01/10/2019.
Aceito em: 10/10/2019.
Como citar este artigo:
ARRUDA, Eduardo Martins de; SOUTO, Hugo
Medeiros; ARAGÃO, Wilson Honorato. Liderança
do educador e empoderamento do educando
como instrumentalização no constructo ético-
moral-social sob a ótica freiriana. Informação
em Pauta, Fortaleza, v. 4, n. especial, p. 176-191,
nov. 2019. DOI:
https://doi.org/10.32810/2525-
3468.ip.v4iEspecial.2019.42613.176-191.
RESUMO
Liderança e empoderamento são temas
amplamente discutidos em contextos
organizacionais. Porém, quando se parte para
aplicação desses conceitos no contexto
pedagógico, mais precisamente nas relações
educador-educando, relevam-se campos ainda
incipientes, carentes de estudos e pesquisas
científicas. Pensando na importância dos temas
na pedagogia e apoiado na vida e obra de Paulo
Freire, este estudo tem como objetivo
compreender as relações interpessoais
presentes em meios educacionais e como podem
ser aperfeiçoadas e inspiradas por princípios
presentes em seu legado, como amor ao
próximo, justiça, liberdade, humildade,
pensamento crítico e ética. Para tanto, utilizou-
se como método a revisão teórica de conceitos
como liderança, empoderamento, educação e
pedagogia com base no estudo da obra freiriana.
Pudemos compreender que a escola não mais se
configura como único ou sequer como o local
principal onde ocorrem as manifestações de
ensino-aprendizagem. Consequentemente, o
papel de educador não mais se concentra no
professor de sala de aula. Da análise mais
apurada das relações de liderança e
empoderamento entre educador e educando, se
obteve como resultado que a responsabilidade
na construção de uma sociedade mais humanista
e igualitária compete a cada indivíduo que se
encontra no papel de educador, viabilizando aos
educandos o desenvolvimento de uma leitura de
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 4
n. especial
nov. 2019
ISSN 2525-3468
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.42613.176-191
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mundo crítica e instrumentalizada, baseada em
princípios freirianos e da consciência da própria
realidade, tornando-o capaz de transformá-la.
Palavras-chave: Educação. Liderança.
Empoderamento. Práxis freiriana.
ABSTRACT
Leadership and empowerment are themes
widely discussed in organizational contexts.
However, when it comes to the application of
these concepts in the pedagogical context, more
precisely in educator-educating relations, they
are revealed as still incipient fields, lacking in
studies and scientific research. Thinking about
the importance of these themes in pedagogy and
supported by the life and work of Paulo Freire,
this study aims to understand the interpersonal
relationships present in educational
environments and how they can be improved
and inspired by principles present in his legacy,
such as love, justice, freedom, humility, critical
thinking and ethics. For that, the theoretical
revision of concepts such as leadership,
empowerment, education and pedagogy based
on the study of the Freirian work was used as
method. We can understand that the school no
longer configures itself as the sole or even the
main place where the manifestations of
teaching-learning take place. Consequently, the
role of educator no longer focuses on the
classroom teacher. Learning can take many
forms, often as an unconscious process, in which
the responsibility of educating lies in all who
transmit knowledge and interact with those who
receive it. From the closer analysis of leadership
and empowerment relations between educator
and educator, the result was that responsibility
for the construction of a more humanistic and
egalitarian society rests with each individual
who is in the role of educator, enabling the
students to develop a critical and instrumental
world reading, based on Freirian principles and
the awareness of reality itself, making it capable
of transforming it.
Keywords: Education. Leadership.
Empowerment. Freirean praxis.
1 INTRODUÇÃO
Com as mudanças culturais ocorridas na sociedade nos últimos 50 anos,
impulsionadas muitas vezes pelos avanços das tecnologias da informação, novos
padrões de comportamentos surgem e novas formas de enxergar e vivenciar o mundo
são construídas em várias dimensões da vida humana. Espera-se que avanços
tecnológicos atuem em prol da difusão de conhecimentos, no esclarecimento das
pessoas, e as ajudem principalmente a entender seu papel no mundo, de ser humano, um
ser naturalmente social.
Entretanto, a tecnologia é apenas um dos fatores que podem viabilizar a
construção de uma vida melhor, mais humana, mais prática, através da sua facilidade em
aproximar pessoas, derrubando barreiras de tempo e espaço. Wilson (2011) demonstra,
através de índices e de casos sucedidos em alguns países, que “a educação é fundamental
e central para se criar um mundo melhor para todos, no qual as pessoas podem ter uma
vida longa e saudável, acesso à educação e um nível de vida apropriado”. Se mostra
então como o ingrediente principal uma sociedade mais cidadã e humanitária a boa
formação do indivíduo, que atravessa os limites da escola e se torna um compromisso de
todos.
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A educação ainda não é vista como prioridade para muitos governos, pois carrega
em si a semente da libertação. Segundo Paulo Freire, a educação carrega em si o
potencial de libertar o oprimido do seu opressor. Nesse sentido,
Freire avança por meio de uma visão antropológica inovadora, ao valorizar a
subjetividade, o papel da conscientização, a problematização de consciência
crítica nas relações de poder e interesses de classe, a interação do sujeito na
realidade social e o sentido da educação e da transformação cultural (ZITKOSKI,
2010, p. 19).
Desenvolvendo essa ideia, fica evidente que a educação dentro da práxis freiriana
representa o empoderamento das classes menos favorecidas, de grupos minoritários e
de tantas outras vozes amordaçadas que, à medida que tomam consciência de sua
própria realidade e das verdadeiras causas dos problemas que os assolam, tornam-se
capazes de não mais aceitá-las como imutáveis ou como algo natural. Tornando-se
sujeitos da sua própria história, instrumentalizados de conhecimento e sabedoria, são
capazes de libertar tantos outros indivíduos, como a si próprio, concretizando uma
sociedade mais ética e moral, justa e igualitária, baseada em princípios universais e,
antes de tudo, humanos. Compartilhando com esse pensamento, Zitkoski afirma:
O conceito de educação em Freire implica entender o ser humano não apenas
como razão, estrutura lógica e consciência. Sua concepção antropológica
converge para uma visão dinâmica da existência humana, ao valorizar, de forma
equilibrada, todas as dimensões de nossa vida: corpo, mente, coração,
sentimento, emoções, sentido, intelecto, razão, consciência, entre outros
(ZITKOSKI, 2010, p. 22).
Configura-se como objetivo principal deste trabalho entender e compreender
como são tecidas as interações pedagógicas entre aqueles que ensinam e os que
aprendem, sob uma ótica freiriana, sendo ela pressuposto para questionamentos, tais
quais: como construir uma sociedade baseada em princípios éticos, morais e sociais?
Como o educando pode se tornar um agente da mudança? Como o educador e o
educando podem colaborar na construção do saber?
Com este intuito, o tema liderança se faz presente neste trabalho sob um novo
olhar, um ponto de vista diferente do costumeiramente utilizado no meio organizacional
ou na Administração. Temos aqui a liderança como uma forma de assunção da própria
responsabilidade, perante o mundo enquanto ser humano, principalmente do que o
representa no papel de educador perante os educandos, perante o mundo e a si mesmo.
É, de fato, a retomada de um velho conceito imbuído sob uma ótica social.
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Jacobs (1970, p. 232) diz que “a liderança é tida como uma interação entre
pessoas em que uma apresenta informações de um tipo e de tal forma que o outro se
convence de que seus resultados [...] serão melhorados se ele se comporta da maneira
sugerida ou desejada. Chiavenato (2000, p. 315) enfatiza que "a liderança é a capacidade
de influenciar as pessoas a fazerem aquilo que devem fazer". Desse modo, fica evidente
que liderar no contexto pedagógico não pode ser sinônimo de autoritarismo, imposição
de hierarquia pelo educador aos educandos ou algo que remeta ao ensino militar. Pelo
contrário, liderança nesse contexto é libertar a mente do educando, instrumentalizando
o modo pensar. Portanto, implica disseminar valores e princípios nas mentes daqueles
que anseiam por conhecimento e ser a luz que guia o desenvolvimento do conhecimento
e da razão.
Para concretização deste estudo, foi feita uma análise documental de momentos
da vida e obra do mestre e patrono da educação brasileira, Paulo Freire, tais como livros,
entrevistas, discursos e conversas informais concedidas à mídia. Metodologicamente,
este trabalho está configurado como uma pesquisa exploratória amparada por revisão
bibliográfica de algumas das principais obras de Paulo Freire, de obras de outros autores
que o referenciam, além de outras obras de temas diversos que interagem com o objeto
deste estudo.
A propósito de uma melhor compreensão do conteúdo, o artigo tem seu
desenvolvimento divido em três partes: liderança sob o viés freireano; empoderamento
do educando: um olhar freiriano; e (c) utopia x realidade: um olhar sobre a práxis
freiriana.
2 LIDERANÇA SOB O VIÉS FREIRIANO
Para melhor compreensão das relações dialéticas freirianas no contexto
pedagógico, será introduzida uma explanação sobre liderança e seus principais
pressupostos, buscando principalmente desmitificar a liderança como dominação. Sob a
ótica da práxis freiriana, liderar é ser consciente da sua responsabilidade perante o
mundo, é agir coerentemente na construção de um mundo melhor, influenciando
positivamente as pessoas sem, no entanto, deixar de aprender com os que
aparentemente nada têm a ensinar. Nesse sentido, a liderança pedagógica é para Freire
uma via de mão dupla, o apenas um monólogo do conhecimento, pois, enquanto o
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professor ensina, também aprende, assim como os educandos ensinam enquanto
aprendem.
O educador é um líder a partir do momento que tem consciência do seu papel em
conduzir o processo de ensino-aprendizagem, em ser um facilitador perante os
educandos na construção da tecitura da rede do conhecimento. Nesse sentido, a seguir
serão mais bem trabalhadas as características da liderança em termos acadêmicos sem,
contudo, deixar de fazer ponderações ao legado de Freire.
2.1 Conceitos e tipos de liderança
Em qualquer livro, site ou obra especializada que se abre sobre o assunto, tem-se
que o ato de liderar es relacionado à capacidade de influenciar e conduzir pessoas,
grupos ou equipes no alcance de determinados objetivos. Apesar de liderança estar
muitas vezes ligada ao conceito de poder ou dominação, neste artigo, a liderança estará
mais ligada à capacidade de sugerir e intuir pessoas na mudança em prol de construto
ético-social-moral do indivíduo. Tradicionalmente, encontramos na literatura uma
divisão de liderança em três tipos: autocrática, democrática e liberal.
A primeira remete ao autoritarismo, representando muitas vezes a liderança com
base na posição ocupada e no poder de coerção. Pode ser bem-vinda em situações ou
organizações que exigem respostas imediatas, controle pleno ou que envolvem pouca
reflexão. No entanto, se surge por defeito de liderança, por pessoas desprovidas de trato
com outras pessoas, gerará atritos que tendem a sugar muita energia por parte do líder e
desgaste físico e psicológico dos liderados. Nessa condição, sua manutenção pode se
tornar insustentável e não produzir resultados esperados. Em estudo sobre o bem-estar
pessoal nas organizações, Dessen (2010) pôde correlacionar maiores níveis de
satisfação com uma menor percepção da autocracia em seus superiores.
Democrática é a liderança baseada na capacidade dialógica intrínseca no ser
humano enquanto ser social. Ela está pautada na comunicação e seu objetivo maior é dar
voz a todos que participam do processo, motivando-os e desenvolvendo suas
capacidades internas. Nesse tipo de liderança, toda e qualquer opinião é respeitada e
levada ao debate para que tenham as mesmas oportunidades de análise. Preconceitos e
restrições devem ser desestimulados no grupo em que esse tipo de liderança é
trabalhado.
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A última, liberal, também chamada de laissez-faire, é a liderança marcada pela
menor intervenção do líder perante seus liderados. Ou seja, as decisões são tomadas
majoritariamente pelos liderados sem ou com pouca participação ou influência do líder,
que atua mais como um facilitador. Depende de certa maturidade e concisão da equipe e
se mostra mais pertinente em equipes de alto domínio técnico para desenvolver tarefas
complexas.
Fazendo uma inferência sobre o legado de Freire, é notável implícito e
explicitamente o posicionamento pela adoção da liderança democrática no contexto
pedagógico. Ou seja, nas relações entre educando e educador, este, consciente do seu
papel e de suas responsabilidades perante o mundo, deve motivar e cultivar o espírito
participativo e colaborador entre os educandos. Indo mais além, o educador deve
fomentar e ajudar a desenvolver habilidades no educando para que, juntos, construam
uma teia do conhecimento que não seria possível caso fosse construída somente pelo
educador. Não seria tão rica, complexa e aplicável. Desse modo, sob a ótica freiriana, a
liderança no contexto pedagógico acontece por meio de decisões e ações conjuntas e em
tempo real entre ambas as partes.
Por outro lado, a práxis freiriana se opõe ao conceito de liderança autocrática ou
autoritária, o no contexto pedagógico, mas na vida como um todo, evidente no
momento em que tece uma crítica ao que ele convencionou como “educação bancária”.
Ou seja, o professor, em seu papel soberano e inquestionável, deveria transmitir
conhecimentos para os alunos. Estes, enquanto receptores, deveriam apenas receber
esses "depósitos" de informações, tal como uma conta bancária recebe depósitos de
dinheiro. Nesse modelo de educação tradicional e ainda muito arraigado na academia,
aos alunos não cabe analisar ou questionar a validade dessas informações junto ao
professor.
Paulo Freire preferia não utilizar os termos professor e aluno, justamente pela
etimologia desses dois termos que corrobora com esse sentido de liderança autoritária,
pautada no poder e dominação de um lado e na anulação e passividade do outro.
Acreditava numa relação de conhecimento como uma via de mão dupla.
Por fim, na liderança liberal, um relaxamento demasiado por parte do líder
perante os seus liderados, algo que, de maneira geral, não condiz com o encontrado na
obra de Freire, que reforça a responsabilidade dos indivíduos perante o mundo e os
demais indivíduos que estão a sua volta. Desse modo, o educador não pode fugir da sua
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responsabilidade, enquanto formador pedagógico comprometido com o
desenvolvimento e formação de seres humanos, a ponto de figurar como um mero
participante-convidado.
Para Freire, a liderança no processo ensino-aprendizagem também deve ser
democrática no sentido de o educando ter relativa liberdade de escolher quais assuntos
deverão ser estudados, respeitando os eixos básicos para cada nível de ensino, além de
poder sugerir como os temas podem ser mais bem trabalhados em sala de aula.
2.2 Aspectos da liderança no contexto pedagógico
Em meio aos desafios enfrentados, o educador, enquanto líder pedagógico,
precisa se reinventar a todo instante, buscar suas motivações e preferências e trazer
todos esses seus sentimentos de engajamento e "descoberta de mundos" para os
educandos. É preciso fazer com que os educandos se sintam parte do processo e não
sejam apenas meros expectadores. Nesse aspecto, muitos educadores e, mais
especificamente, professores perguntam se possuem as competências necessárias para a
sala de aula atual.
Na educação, o conceito de competência se afirma mais com o aprimoramento de
múltiplas capacidades. De certo modo, esse pensamento remete ao conceito de
inteligências múltiplas proposto por Gardner (1996), em que todo ser humano possui
várias inteligências em diversas áreas, porém algumas se sobressaem em relação a
outras, por diversos fatores, enquanto outras ainda permanecem adormecidas ou nunca
se manifestaram de maneira significativa para determinado indivíduo.
Chiavenato (2000) explana que competência está baseada na soma e interação de
três fatores cruciais: (a) conhecimento: ter a informação, buscar sempre aprender,
aprimorar-se sempre; (b) habilidade: aplicar com o conhecimento adquirido, enxergar
novas possibilidades para as informações adquiridas; (c) atitude: ser proativo, tornar em
ato prático o conhecimento processado e as habilidades desenvolvidas.
Freire acredita numa liderança pedagógica baseada no amor e no poder
transformador da educação na vida das pessoas, libertando-as das amarras e mordaças
sociais que as impedem de enxergar ou as faz enxergar parcialmente a opressão
sistemática que as assolam. Assim, tornam-se solitárias e incapazes de vencer as forças
dominantes.
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Entre as várias maneiras de contextualizar liderança, a abordagem que mais se
aproxima da práxis freiriana é a liderança por princípios de Stephen Covey. Nesse
sentido, a liderança, para Covey (1998), é perene e salutar quando está atrelada a
princípios humanos e éticos, como justiça, igualdade social, solidariedade, integridade,
honestidade, confiança, entre outros. Também aponta que a insatisfação pode ser o
elemento-chave para mudanças na vida pessoal e para gerar comportamentos pessoais
baseados em princípios éticos e morais que conduzem a melhores relações humanas.
Neste contexto, os princípios são como máximas universais e podem ser
aplicados em qualquer situação, em qualquer tempo ou lugar, tais como a bondade e o
agir de boa-fé. Vale ressaltar que não se confundem com valores, que são mais
superficiais e ligados à cultura ou a uma época. Ou seja, os valores mudam com o tempo;
os princípios, dificilmente.
Fazendo um paralelo da abordagem de liderança de Covey (1998) com o
pensamento freiriano, pode-se esperar que o educador deverá exercer sua liderança por
meio do desenvolvimento e do estímulo a um sistema de valores que estejam pautados
em princípios da vida humana. Porém, isso requer coragem e humildade por parte dos
líderes para aprender e crescer continuamente. No contexto pedagógico, o professor
deve sempre estar atento, observando, ouvindo, percebendo necessidades e dúvidas dos
educandos, ao mesmo tempo em que deve buscar constantemente novos conhecimentos
e novas formas de aprender.
Corroborando o pensamento freiriano, Covey (1998) elenca algumas
características que tais líderes devem possuir, tais como:
Quadro 1 Características que os líderes devem possuir
Aprendizado permanente: como já exposto neste trabalho, o aprimoramento, ter em mente que as
habilidades estão sempre em expansão, basta encontrar uma razão que o guie.
A vida como uma missão: encontrar na vida um sentido maior e não apenas a mera consequência do
acaso;
Irradiar energia positiva.
Ser otimista, alegre e espirituoso frente as adversidades;
Acreditar na humanidade, na capacidade humana de agir para o bem comum;
Possuir uma vida social equilibrada, cultivar as verdadeiras amizades e se relacionar amistosamente
com o meio circundante;
Sentir-se feliz com o sucesso das outras pessoas;
Ser catalisadores de mudanças, ser proativos;
Exercitam sua mente por meio da leitura, da solução criativa de problemas, etc.
Fonte: Adaptado de Covey (1998, grifo nosso).
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Líderes em ambiente pedagógico podem ainda seguir dois vieses de atuação no
meio: como facilitador e como mentor. No primeiro caso, podemos citar o educador que
promove a interação entre a turma, que estimula a colaboração entre os educandos e a
dissolução de qualquer conflito ou preconceito que surja. o educador sob o viés de
mentor vai além, atuando como uma espécie de padrinho educacional do educando.
Nesse sentido, o educador sob a faceta de mentor se preocupa e age de modo a
compreender as necessidades individuais de seus educandos, apoiando-os e
aconselhando-os de forma que cada um que possa escrever sua própria história de
maneira mais assertiva e mais alinhada à sua identidade e anseios pessoais.
Outro aspecto relacionado ao tema trata da questão atual do ensino a distância
(EaD) e relações entre professor e aluno nesse meio. Felizmente, o EaD não é
nenhuma novidade e o Brasil tem avançado bastante na área de infraestrutura e
produção de conteúdos educacionais a distância.
Nesse sentido, quando corretamente implementado, tem como uma das
características a democratização do conhecimento. De toda forma, o EaD possui
características que podem dialogar com os princípios freirianos, tais como a flexibilidade
na relação tempo-espaço nos estudos, uso de abordagens pedagógicas alternativas
mediadas por tecnologia, como jogos, fóruns, trabalhos colaborativos e redes sociais,
entre outras.
Um conceito levantado por Freire, ao contrário dos que muitos pensam, é que o
papel de educador nem sempre está somente na figura formal do professor. Por
exemplo, se pensarmos no contexto escolar, são educadores: o porteiro, o diretor, a
moça da limpeza e vários outros atores. Todos nós somos educadores quando temos
algo a contribuir na construção de um mundo mais cidadão. Diante dessa realidade, a
liderança também é situacional ou contingencial. Ou seja, os líderes se comportam de
acordo com as circunstâncias do momento e podem se adequar às mais variadas
necessidades.
3 EMPODERAMENTO DO EDUCANDO: UM OLHAR FREIRIANO
Empoderar, de maneira simplista, é prover alguém ou a si mesmo de poder. É
passar de uma situação mais restritiva para outra mais favorecida, no sentido de se
sentir mais autônomo ou capaz de influenciar e mudar pessoas e o curso das coisas.
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Equivocadamente, quando se pensa em empoderamento do educando, num
primeiro momento, se pensa no estudo como um meio de salvação para pessoas pobres
e menos favorecidas. Tem-se que o estudo é uma das maneiras de superar a pobreza
material, enquanto fenômeno individual, e ter uma vida melhor financeiramente para si
e seus familiares. De algum modo, as pessoas que estudam adequadamente têm mais
chances de superar as dificuldades financeiras por estarem mais bem capacitadas para
melhores oportunidades. Porém, talvez o erro esteja na simplicidade deste pensamento,
sendo o empoderamento por meio da educação algo bem mais complexo e que abrange
várias dimensões do ser humano, sendo a melhora nas condições econômicas apenas
uma das facetas desse fenômeno. Freire, em sua obra “Pedagogia da Esperança”,
corrobora com esse pensamento de sentido mais holístico e filosófico sobre
empoderamento por meio da educação: “Hoje, mais do que em outras épocas, devemos
cultivar uma educação da esperança enquanto empoderamento dos sujeitos históricos
desafiados a superarmos as situações limites que nos desumanizam a todos” (1994, p.
11).
Sob um viés político, para Freire, o empoderamento dos educandos representa
também a libertação do indivíduo em relação às amarras político-sociais: “A função
central da educação de teor reconstrutivo político é a de desfazer a condição de massa
de manobra, como bem queria Paulo Freire“ (DEMO, 2001, p. 320).
Nesse aspecto, sob uma ótica freiriana, fica evidenciado que empoderar os
educandos de bons sentimentos, de noções de respeito e cidadania, construir relações
éticas e morais, ensinar a trabalharem as dificuldades, motivar e ajudar os educandos a
entenderem o seu papel na comunidade, na sociedade e no mundo é mais que um dever
do educador: é comprometimento com uma missão, um ofício de amor ao próximo.
Freire (1969), na sua obra “Educação como prática de liberdade”, enxerga um
viés essencialmente social na questão do empoderamento. Enfatiza sua convicção de que
se trata também de um processo concretizado por meio das interações sociais, através
da problematização da realidade, dos esforços comuns para encontrar soluções e para
alcançar a consciência, que vai sendo construída coletivamente. Isso possibilita uma
união pelo combate à dominação e à opressão político-econômica-social.
Ainda enfatizando o aspecto social e moral do empoderamento na visão freiriana,
vale destacar que:
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Mesmo quando você se sente, individualmente, mais livre, se esse sentimento
não é um sentimento social, se você não é capaz de usar sua liberdade recente
para ajudar os outros a se libertarem através da transformação da sociedade,
então você está exercitando uma atitude individualista no sentido de
empowerment ou da liberdade (FREIRE, 1986, p. 135).
Nas relações dialógicas entre educadores e educandos, o empoderamento destes
por meio dos educadores acontece no dia a dia através da libertação do pensamento, do
exercício crítico da mente e da autonomia, do incentivo à criatividade e à liberdade de
expressão. Ou seja, o educador deve planejar suas atividades letivas baseadas no
comprometimento que lhe é próprio, de formar seres humanos para a vida e para o
enfrentamento dos problemas pertinentes à sua realidade, não meramente para uma
profissão ou para conclusão de estudos de base. Contudo, o problema parece ser muito
mais político e ideológico do que uma questão de falta de iniciativa individual de cada
educador. Poucos professores, mesmo que sejam fiéis aos ideais de educação
libertadora, conseguem encontrar um ambiente propício para exercitar uma pedagogia
libertadora dentro das escolas, faculdades e universidades, pois muita resistência de
forças políticas.
Um dos principais dilemas encontrados em Freire é o conflito interior existente
na saída da condição de oprimido:
Os oprimidos, que introjetam a "sombra" dos opressores e seguem suas partes,
temem a liberdade, na medida em que esta, implicando a expulsão desta
sombra, exigiria deles que preenchessem o vazio pela expulsão com outro
"conteúdo" - o de sua autonomia (Freire, 1993, p. 34).
O empoderamento por parte do educando está intrinsecamente ligado ao tema da
dialogicidade como um dos fatores para a conquista da autonomia e do verdadeiro
sentimento de empoderamento. Nesse sentido, sabe-se que a dialogicidade é a base para
uma vida menos dificultosa e embaraçosa, pois muitos problemas encontrados no dia a
dia surgem da falta de uma comunicação adequada. Mesmo onde ela aparentemente
existe, carece de diálogo.
Freire atribui ao diálogo um caráter fenomenológico e o configura como um
componente construtor da história:
O diálogo fenomeniza e historiza a essencial intersubjetividade humana; ele é
relacional e, nela, ninguém tem iniciativa absoluta. Os dialogantes "admiram"
um mesmo mundo; afastam-se dele e com ele coincidem; nele põem e opõem-se
[...]. O diálogo não é produto histórico, é a própria história. (Fiori apud Freire,
1993, p. 16).
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Desse modo, as relações entre educando e educador não podem jamais se
restringir a um monólogo em que o professor passa horas replicando conceitos em sala
de aula e os alunos se dão por satisfeito a não discordarem ou não contribuírem
expressando o que pensam a respeito, através da construção de um diálogo. uma
corrente majoritária na pedagogia moderna que diz que a educação deve sempre estar
permeada pela dialogicidade encontrada em Freire, nas suas relações de aprendizagem
aluno-professor. Contudo, uma ênfase no legado freiriano da importância da
dialogicidade como instrumento da dialética que conduz a mudança transformadora:
“Minha perspectiva é dialética e fenomenológica. Eu acredito que daqui temos um olhar
para vencermos esse relacionamento oposto entre teoria e práxis: superando o que não
deve ser feito num nível idealista” (FREIRE apud TORRES, 1998, p. 82).
Empoderar sujeitos que vivenciam o papel de aprendizes não é sobrepor uma
ideologia sobre as demais por força de um discurso, mas possibilitar a vazão aos vários
discursos existentes e vivenciar sua própria sucumbência perante o pensamento crítico
e liberto dos educandos, então capazes de discernir o que é verdade e o que é engodo. É
em plenitude acreditar no ser humano, na sua libertação e na força do diálogo. Nesse
sentido, em “Pedagogia do Oprimido”, Freire diz que "a conquista implícita do diálogo é
a do mundo pelos sujeitos dialógicos, não a de um pelo outro, conquista do mundo pela
libertação dos homens. Não diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e
aos homens” (FREIRE, 1987, p. 79).
4 UTOPIA X REALIDADE: UM OLHAR SOBRE A PRÁXIS FREIRIANA
A práxis freiriana é aproximação da teoria humanista com a prática
transformadora. Uma das principais preocupações de Freire era que suas palavras não
se tornassem utopia, que seu discurso não fosse idealista. Freire (1997), em “Pedagogia
da Autonomia”, evidencia essa natureza humanista, sempre em construção, sempre
trazendo seus ideais para o campo prático: “Gosto de ser gente porque, inacabado, sei
que sou um ser condicionado, mas consciente do inacabamento, sei que posso ir mais
além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser determinado e o ser conciliador e o ser
condicionado” (FREIRE, 1997, p. 59). Em uma de suas mais emblemáticas obras,
“Pedagogia do Oprimido”, Freire retoma a importância de avançar a teoria para o campo
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prático: "Não há denúncia verdadeira sem compromisso de transformação, nem este
sem ação" (FREIRE, 1987, p.78).
Nessa mesma obra, Freire traz o sentido de coletividade, afinidade, à medida que,
enquanto seres oprimidos, padecem das mesmas mazelas sociais e encontram forças
entre si através do processo de conscientização: "Aos esfarrapados do mundo e aos que
nele se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles
lutam" (1993, p.23).
Nesse aspecto, Freire sempre procurou tratar os temas sob um viés mais
universal, abstraindo-os de quaisquer convicções partidárias ou inclinações pessoais.
Pensou no ser humano de modo holístico, pensou amar ao próximo em primeiro lugar, e
sugeriu para resolução dos problemas a utilização do diálogo como a principal
ferramenta. Esse sentimento de humanidade fica evidenciado em sua postura contrária
à antropologia tradicional, que ele sugere ser simplista e que acentua o individualismo:
Visão antropológica tradicional sugere uma dicotomia inexistente homens-
mundo. Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros.
Homens espectadores e não recriadores do mundo. Concebe a sua consciência
como algo especializado neles e não aos homens como "corpos conscientes".
(Freire, 1993, p. 63).
Corroborando com essa ideia, Zitkoski diz que A educação para Freire deve ser
trabalhada intencionalmente para humanizar o mundo por meio de uma formação
cultural e da práxis transformadora de todos os cidadãos, autênticos sujeitos de sua
história, construída pela participação coletiva e democrática” (ZITKOSKI, 2010, p. 24).
A esse caráter dialético, ou seja, “dialética como fazedora de realidade e não como
reflexo” (Freire, 1994), entre outros fatores, atribui-se a atemporalidade da sua obra e a
aceitação e repercussão do seu legado no meio internacional, inclusive em países
considerados de primeiro mundo.
Muitos atribuem a ele a invenção do método revolucionário para alfabetização de
jovens e adultos, tendo como caso mais famoso a experiência na cidade de Angicos, no
Rio Grande do Norte. Porém, ele sempre ressaltava que não criou nenhum método ou
fórmula do conhecimento, que suas atitudes e decisões estavam apenas pautadas em
princípios universais e atemporais, e quem os cultivasse seria capaz de bons feitos em
qualquer época e em qualquer circunstância. Alguns princípios encontrados imbuídos na
obra freiriana são: amor, afetividade, respeito, dignidade, ética, solidariedade, entre
outros.
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Desse modo, as relações interpessoais entre educadores e educandos no contexto
pedagógico devem ser pautadas por tais princípios, assim como pelo respeito mútuo e
pela construção do conhecimento, de forma colaborativa, em via de mão dupla, através
de uma liderança democrática por parte de educadores. Estes, ao se solidarizarem com
os educandos enquanto seres aprendentes e humanos, libertam também a si próprios,
libertando seus educandos da ignorância e das amarras do pensamento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação nacional está em crise, sendo causa e efeito de um fenômeno
sistêmico. Falta estrutura adequada na rede pública. Falta, em toda rede nacional de
ensino, valorização e reconhecimento dos profissionais de educação. Faltam, de maneira
geral, investimentos na educação e em outras áreas pelos governantes. Falta uma
ideologia a ser perseguida nos ambientes formais de educação. Falta também a
consciência em toda sociedade de que o ato de educar não começa e nem termina no
ambiente escolar, acadêmico ou similar; pois educar não é mera transmissão de
conhecimento, mas acontece a todo o momento e em todos os ambientes. Falta uma
educação que prepare para a vida em sociedade, baseada em noções de cidadania, de
respeito ao próximo e às diferenças, que desenvolva potencialidades e capacidades do
ser humano, que trabalhe o aspecto social e político inerente a todos os indivíduos. Fica
a certeza de que faltam muitas outras coisas na educação brasileira, ainda que não
caibam no escopo deste trabalho.
Com o intuito de preencher essas e outras lacunas encontradas na educação, foi
realizada uma análise das relações interpessoais sobre aspectos pedagógicos entre
educador e educando. Constatou-se, como um caminho para superar a crise na educação,
a formação de uma educação fundamentada na práxis freiriana. Ou seja, o indivíduo, a
partir do momento que toma consciência de sua realidade e entende o que a sustenta,
torna-se capaz de transformar a sua realidade e a da coletividade circundante.
Desse modo, Paulo Freire aponta a educação problematizadora como o meio para
que venha a se concretizar o verdadeiro aprendizado, aquele que agrega valor e o torna
mais eficaz. Não restringe a educação como mera replicação de conceitos ou a exposição
de conteúdos vagos e pontuais, sem fazer as devidas e pertinentes ligações entre si. Para
Paulo Freire o conhecimento é sistêmico, é uma rede, onde cada pessoa apreende algo
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sempre relacionando com a sua visão de mundo. No seu legado, há sempre a constatação
que o indivíduo se educa socialmente e não sozinho ou através unicamente do professor,
corroborando com a ideia de que educar é algo muito maior do que simplesmente
assimilar informações. É vivenciar aquele conhecimento recebido, e é também construir
uma sociedade mais ética, moral e socialmente mais justa, por meio das interações e
relações construídas socialmente.
Para a melhor compreensão do enfoque dado neste trabalho, alguns conceitos
como liderança e empoderamento foram retomados sob um olhar pedagógico. Dessa
forma, constatou-se a liderança do indivíduo no papel de educador se pela
consciência do seu papel e da capacidade de conscientizar e influenciar positivamente
no desenvolvimento intelectual do educando, por meio da estimulação do raciocínio
crítico e problematizador.
Por outro lado, o empoderamento por parte do educando acontece quando ele,
consciente da realidade e das causas por trás dela, torna-se um agente transformador,
empoderado pelo sentimento de mudança e de luta por condições mais igualitárias para
todos. Nesse sentido, Gadotti (1995) nos alerta que ser professor exige um componente
ético essencial: compromisso com a emancipação das pessoas.
Pudemos definir neste artigo o termo empoderamento como a representação da
busca por maior autonomia por parte do educando através do conhecimento. Neste
sentido, Paulo Freire ainda alerta que educar é um ato político e frequentemente
permeado por relações de poder, havendo opressores e oprimidos.
Por fim, o pensamento freiriano não se limita ao contexto pedagógico. Abordar
um assunto sob a luz dos ideais de Freire é falar de princípios filosóficos universais e,
antes de tudo, humanos, como amor, afetuosidade, honestidade, dignidade, cidadania,
ética e tantos outros. Desse modo, pensar na educação sob a ótica freiriana é
essencialmente acreditar no ser humano e na construção de um mundo melhor, através
do amor a si e a todos, contribuindo assim para a construção de uma sociedade menos
autodestrutiva e egoísta.
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