PRÁTICAS INFORMACIONAIS:
desafios teóricos e empíricos de pesquisa
INFORMATION PRACTICES:
theoretical and empirical research challenges
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
UFMG
Carlos Alberto Ávila Araújo
UFMG
Claudio Paixão Anastácio de Paula
UFMG
RESUMO
Neste texto busca-se apresentar a proposta de um grupo de pesquisa brasileiro voltado para o
estudo das práticas informacionais. Para tanto, descreve-se o campo de estudos de usuários e a
recente abordagem social, dentro da qual se desenvolve o conceito de práticas informacionais. Na
sequência, são apresentados três estudos empíricos conduzidos nessa linha e, em seguida, um
histórico das diversas pesquisas conduzidas pelo grupo. Ao final, avalia-se o estado atual da
proposta, sua contribuição para o campo e possíveis desdobramentos futuros.
Palavras-chave: Práticas informacionais. Estudos de usuários. Métodos e técnicas de pesquisa.
ABSTRACT
This paper seeks to present the proposal of a Brazilian research group focused on the study of
information practices. For this, the field of user studies and the recent social approach are
presented, within which the concept of informational practices is developed. Following are three
empirical studies conducted in this line and, then, a history of the various research conducted by
the group. At the end, the current state of the proposal, its contribution to the field and possible
future developments are evaluated.
Keywords: Information practices. User studies. Research methods and techniques.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 2
número especial
out. 2017
ARTIGO
112
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
A abordagem social dos estudos de usuários vem sendo citada por vários autores
como emergente neste campo de pesquisa, embora muitos deles ressaltem ser esta ainda
uma abordagem incipiente, com poucos exemplos práticos de pesquisa realizados, bem como
sem um corpo sólido de modelos ou teorias que a sustente (GASQUE; COSTA, 2010; PINTO;
ARAÚJO, 2012; CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). O objetivo do presente artigo é apresentar
um conjunto de investigações que vêm sendo desenvolvidas por um grupo de pesquisa
cadastrado na base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), que optou por conduzir suas investigações a partir desta abordagem, e
que vem tanto validando modelos desenvolvidos por pesquisadores estrangeiros quanto
desenvolvendo teorias e modelos próprios a partir do embasamento teórico nas ciências
sociais e humanas correlatas.
O artigo se estrutura da seguinte maneira: em um primeiro momento apresenta-se a
noção de abordagem social de estudos de usuários utilizada nas investigações do grupo e a
opção por denominá-los estudos de práticas informacionais. Em seguida, são apresentados
três estudos ressaltando-se metodologias de coleta e análise de dados, modelos e teorias
utilizados. Num terceiro momento, apresenta-se a historiografia das pesquisas orientadas por
membros do grupo na última década. Nas considerações finais uma reflexão acerca dos
resultados que vêm sendo obtidos e de sua relação com a proposta do grupo de pesquisa,
bem como se apontam novos caminhos de pesquisa e projetos futuros.
2 PRÁTICAS INFORMACIONAIS: a abordagem social dos estudos de usuários
Wilson (1994) ressalta que o termo estudos de usuários engloba uma ampla gama de
áreas de pesquisa em ciência da informação, além de incluir outras áreas como ciência da
computação, comunicação, entre outras. Mas dentro da própria ciência da informação, os
termos para designar tais estudos variam ao longo do tempo: estudos de usuários, estudos de
necessidades de informação, estudos de comportamento informacional, estudos de práticas
informacionais. A variação terminológica reflete o desenvolvimento do campo ao longo dos
anos de diversas maneiras:
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
113
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
De acordo com os métodos de investigação métodos quantitativos (técnicas
baseadas em questionários possivelmente autopreenchidos), métodos qualitativos
(com diferentes técnicas de coleta de dados como, por exemplo, entrevistas,
debates em grupos focais etc.), métodos combinados;
De acordo com o papel social das pessoas investigadas pesquisadores,
professores, assistentes sociais, estudantes, e assim por diante;
Segundo a disciplina ciência e tecnologia, ciências sociais, humanidades, etc., ou
mesmo o cotidiano; ou
De acordo com o quadro teórico Wilson (1994) apresenta as seguintes
abordagens: a abordagem cognitiva, a abordagem comportamental, a abordagem
fenomenológica. Araújo (2013) propõe um quadro teórico em que as
abordagens para tais estudos se subdividem em abordagem tradicional ou
positivista, abordagem crítica, abordagem cognitiva e abordagem sociocultural.
Interessa-nos a abordagem mais contemporânea, aquela que busca conjugar uma
perspectiva microscópica de análise, vinda da Fenomenologia, com uma aproximação
compreensiva, em busca dos significados, que ganhou corpo com a Hermenêutica ARAÚJO,
2013, p. 7-, dando ênfase ao caráter coletivo, intersubjetivo, das ações promovidas pelos
sujeitos informacionais, e [ao] enraizamento destas ações em contextos sociohistóricos
específicos. ARAÚJO, , p. .
Um marco importante para a visibilidade do surgimento dessa abordagem no cenário
internacional é a realização do primeiro encontro internacional de investigadores da área,
realizado na cidade de Tampere, na Finlândia, em 1996. À época, o evento foi denominado
Information Seeking in Context, e a importância do contexto nos processos de busca da
informação foi ressaltada não somente no nome do evento, mas nas inúmeras apresentações
e debates que ali ocorreram.
Enfocar o contexto significa que a análise muda do cognitivo
para o social e que, portanto, passa-se a considerar tanto as formas como o contexto interfere
nas ações do indivíduo quanto como as ações do indivíduo são passíveis de alterar o contexto,
num ciclo constante. Uma consequência disto é a adoção da terminologia práticas
informacionais para denominar os estudos conduzidos a fim de investigar como se o os
inter-relacionamentos entre o sujeito e a informação. Savolainen (2007) apresenta uma
revisão histórica que justifica a adoção do termo. Segundo o autor, uma escolha terminológica
e movimento discursivo significativos ocorrem a partir da divulgação da pesquisa de Pamela
McKenzie , que defende que a terminologia práticas informacionais é mais adequada
114
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
que busca de informação ou comportamento informacional, uma vez que abrange toda a
gama de atividades presentes nas diferentes situações e contextos apresentados. No entanto,
McKenzie não é a única a propor a adoção do termo. O conceito de práticas informacionais
também é elaborado por Talja e Hansen (2005). Eles enfatizam que as práticas
informacionais estão firmemente inseridas no trabalho e em outras práticas sociais e que elas
se baseiam na prática social de uma comunidade de praticantes, em uma infra-estrutura
sociotécnica e em uma linguagem comum.
Talja e Hansen assumem que
[...] a busca e recuperação de informações são dimensões das práticas sociais e que
são instâncias e dimensões de nossa participação no mundo social em diversos papéis
e em diversas comunidades de partilha. Receber, interpretar e indexar informações ...
fazem parte da rotina de realização das tarefas de trabalho e da vida cotidiana
(TALJA; HANSEN, 2005, p. 125, tradução nossa).
Araújo (2013
, p. 16-17) enfatiza:
O conceito de prática, tomado da Etnometodologia, se deu com o objetivo de ver em
que medida os fatos sociais são constantemente produzidos pelos indivíduos. Não
existe, nesta perspectiva, um mundo de regras, normas e estruturas exterior e
independente das interações. Tem-se aqui a ideia de processo: o ato dos sujeitos de
continuamente atualizarem as regras e modelos por meio de suas ações.
Portanto, a adoção da terminologia práticas informacionais e da postura sociocultural
para empreender estudos daquele que passamos a denominar o mais usuário da
informação e sim sujeito informacional (ressaltando desse modo seu caráter de ator) é
consistente com o momento histórico da valorização do contexto nas investigações,
considerando as relações dialógicas entre sujeito e contexto.
O contexto é considerado como
um elemento constitutivo das ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, por elas constituído a
partir de uma relação dialógica. O individual e o social também são considerados como
interdependentes ROCHA; SIRIHAL DUARTE; PAULA, , p. .
3 ESTUDOS DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS: empiria
As pesquisas a seguir apresentadas foram conduzidas por mestrandos ou doutorandos
orientados por membros do grupo de pesquisas citado na introdução deste trabalho. O
propósito de apresentá-las com maior detalhe é, a partir delas, demonstrar empiricamente o
olhar proposto pelo grupo para os questionamentos conduzidos, bem como os desafios
teóricos e metodológicos que vêm sendo empreendidos e as soluções que vem sendo
adotadas na sua condução. Das várias pesquisas conduzidas na última década, foram
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
115
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
selecionadas três, utilizando como critério o fato de cada uma ser orientada por um diferente
docente. Os aportes teóricos e objetos de pesquisa são distintos entre as três. O último item
desta seção apresentará a historiografia das pesquisas conduzidas ou orientadas pelos
integrantes do grupo na última década propiciando, desta maneira, uma ideia global do
volume e da abrangência das investigações.
3.1 PRÁTICAS INFORMACIONAIS: estudos com foco nas interações
A pesquisa de Silva (2008) sobre as práticas informacionais das profissionais do sexo
da Zona Boêmia de Belo Horizonte partiu da ideia de que todos os fenômenos humanos e
sociais são conhecidos, interpretados, pelos sujeitos que os experenciam, pelo senso
comum, e naturalizados pela força do hábito. Um dos maiores desafios do pesquisador da
área de ciências humanas é, justamente, libertar-se das categorias de pensamento
instituídas no momento de analisar algo. Assim, tratou-se de uma pesquisa que, a partir de
observação do ambiente e da realização de 13 entrevistas com prostitutas, buscou analisar as
fontes de informação utilizadas por elas, os critérios para suas escolhas e os diferentes usos
efetivados. Para a realização da pesquisa, além do referencial teórico calcado nas ideias de
McGarry sobre o contexto dinâmico da informação, foram utilizados conceitos da
Antropologia da Informação, do Interacionismo Simbólico e da Etnometodologia, além de
extensa revisão de literatura sobre a temática da prostituição e os diversos aspectos (morais,
políticos e de saúde, entre outros) a ela relacionados.
A primeira questão relativa a essa pesquisa é a da própria legitimidade da escolha do
objeto empírico. O estigma que cerca as praticantes desta atividade a prostituição muitas
vezes prolonga-se do ambiente social para o ambiente científico, deslegitimando a validade
de estudos que as tenham como objeto empírico como relatado por Araújo (2008). Pois a
escolha deste objeto de estudo teve exatamente a intenção provocadora de questionar o
campo da CI, tradicionalmente voltado apenas para contextos institucionalizados de
produção e uso da informação (o ambiente de ciência e tecnologia ou o ambiente
empresarial). É importante destacar esse fato, pois, como mostra um importante estudo de
Becker (1977) sobre o desvio social (sobre os estigmatizados socialmente), o desvio não é
uma qualidade do ato cometido por uma pessoa, mas é criado socialmente, é uma
consequência da aplicação, pelos outros, de determinadas normas a um sujeito tido como
transgressor. Ao buscar estudar as prostitutas, não a atividade de rotulação por parte da
116
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
sociedade é identificada, mas também essa mesma atividade por parte do meio científico que
se julga desinteressado, neutro e acima das questões de julgamento moral.
O trabalho de Silva voltava-se, no início, apenas para o estudo da informação em
saúde, especificamente a questão da disseminação de informações sobre as doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs), e sua importância na prática dessas profissionais. O
trabalho de campo, contudo, foi revelador em termos de subverter as expectativas iniciais da
pesquisa e da ordem de importância dos diferentes tipos de informação com as quais as
profissionais do sexo se relacionavam. Foram estabelecidos, após o trabalho de campo,
quatro eixos de análise: informação sobre questões trabalhistas, sobre legislação penal, sobre
saúde e sobre o cotidiano.
Em relação à informação sobre trabalho, percebeu-se um grande desinteresse das
profissionais entrevistadas, ou seja, não por parte delas uma necessidade de informações
sobre esse assunto. Tal resultado contradiz tanto os discursos oficiais do poder público
quanto aquele das associações profissionais das prostitutas. No âmbito desses dois discursos,
é frequente a defesa da legalização da profissão, pois isso significaria uma série de vantagens:
possibilidade de férias, décimo-terceiro salário, fundo de garantia, previdência social. Além
disso, ajudaria a melhorar as condições em que o trabalho é exercido (higiene, espaço físico)
e, principalmente, poderia minimizar riscos frequentes como a violência física a que são
normalmente submetidas as profissionais do sexo. Olhando assim, desse modo, a questão,
pode parecer inaceitável o comportamento das prostitutas. Contudo, é preciso situar a
postura delas no quadro de sua experiência cotidiana, pois é no contexto concreto que as
ações ganham sentido. Na verdade, as profissionais do sexo m um grande receio de serem
percebidas socialmente como tais, e de sofrerem os efeitos do estigma que cerca a profissão.
Nesse sentido, legalizar-se profissionalmente seria uma ameaça a seus projetos de vida. Além
disso, a prostituição é sempre vista como uma experiência temporária, uma atividade
transitória, o que também diminui a importância de sua legalização. Uma outra razão diz
respeito aos ganhos concretos: a avaliação comum é que se ganha mais no regime informal,
sem a necessidade de pagar impostos, do que se houvesse legalização. Assim, o que a
princípio poderia ser uma lacuna informacional (ausência de conhecimento sobre algo) e um
defeito de não identificação ou compreensão dessa lacuna é, na verdade, uma elaboração
muito singular dessas profissionais, que passa por desconstruir o discurso oficial e não
perceber as questões trabalhistas como uma lacuna. Mais importante ainda: não se trata da
repetição de um discurso produzido num outro lugar. Essa visão é construída por meio de
uma série de interações estabelecidas entre elas e outras pessoas, como advogados, clientes,
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
117
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
pessoas da própria família e fontes formais de informação. E, no contexto e no cruzamento
das diferentes informações recebidas e coletadas uma reelaboração que passa a não
considerar, pois, as questões trabalhistas como uma lacuna, como uma necessidade de
informação a ser satisfeita. Assim também as questões legais, tidas num primeiro olhar como
possivelmente prioritárias dadas as questões criminais que cercam a prática (prostituir-se no
Brasil não é crime, mas explorar as prostituição sim) também não é tida como relevante,
principalmente porque, no universo da prática profissional, existem arranjos e
interpretações levadas a cabo por todos os atores envolvidos (policiais, clientes, donos de
hotéis e as próprias prostitutas), o que torna desnecessário, do ponto de vista delas,
investimento de trabalho na busca por informações sobre esse assunto.
Outro eixo analítico do trabalho constituiu-se das questões sobre saúde. E
curiosamente, embora se pense que há uma grande necessidade de informação sobre doenças
sexualmente transmissíveis, essa não foi a que mais se destacou. As profissionais
entrevistadas disseram e demonstraram conhecer muito sobre o assunto, sobre os métodos
preventivos e os comportamentos adequados do ponto de vista médico. Dois
comportamentos se destacaram, contudo. Um deles, o fato de muitas profissionais usarem o
preservativo nas relações sexuais de trabalho, mas não o usarem nas relações afetivas, com
maridos e namorados. Tal ação é entendida como uma forma de distinguir os tipos de relação
nas quais elas se veem envolvidas. Outro é o caso de prostitutas que, sabendo dos riscos,
praticam relações sexuais sem proteção em casos excepcionais, em que algum cliente assim
solicita, mediante um grande acréscimo no valor do programa. Ambos os casos, de prostitutas
que não se protegem nas relações sexuais, poderiam ser identificados como comportamentos
errados e, nesta perspectiva, poderia se pensar que falta informação, falta transmissão de
informação. Não é o caso. Elas possuem a informação sobre as doenças e as formas de
prevenção, sabem dos riscos, mas optam por correr esses riscos. Ou seja, as informações
recebidas são interpretadas, são reelaboradas, para a construção de uma linha de ação
coerente com determinadas concepções e objetivos. Isso mostra como os indivíduos, por um
lado, são modelados pelos grupos aos quais pertencem, mas também buscam guardar certa
distância, ganhar um espaço entre aquilo que são verdadeiramente e aquilo que os outros
gostariam que eles fossem, tal como ensinou Goffman (1999) em seu clássico estudo sobre a
realidade dos manicômios. O último eixo analisado na pesquisa diz respeito às questões
cotidianas. E aqui se evidencia claramente o caráter dinâmico da informação. Sendo um
universo que sofre uma grande condenação moral, trata-se de um campo pautado por uma
série de discursos implícitos. Os anúncios de serviços, por exemplo, não são explícitos quanto
118
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
ao teor da atividade de prostituição, mas são assim compreendidos pelas profissionais do
sexo, graças a um conjunto de conhecimentos socialmente partilhados, embora implícitos. O
mesmo ocorre em relação às normas de atuação dentro dos hotéis. O hotel não é,
oficialmente, responsável pelas atividades das prostitutas, ele apenas cobra uma diária pelo
quarto. Contudo, uma série de questões específicas (preço mínimo a ser cobrado, uso de
drogas no quarto, normas de segurança) que são transmitidas às profissionais pelas outras
profissionais. Entre elas, forma-se também uma rede informal de informações sobre os mais
variados assuntos. Mas uma forma muito útil no trabalho cotidiano é a troca de informações
sobre clientes, sobretudo clientes agressivos ou que fazem propostas de sexo sem proteção.
Normalmente tais clientes são denunciados por gritos pelos corredores que funcionam
como alerta às demais profissionais do hotel, o que funciona também como inibidor para as
ações de clientes tidas como inadequadas.
3.2 PRÁTICAS INFORMACIONAIS: estudo utilizando a cognição situada
A cognição situada partilha dos preceitos da abordagem social dos estudos de usuários
a partir do momento que busca analisar o sujeito na ótica de sua experiência cotidiana de
perceber e agir em determinado contexto. É uma ciência que considera que o comportamento
humano tem um aspecto dinâmico, que varia de acordo com o ambiente e também com
experiências anteriores. Para as investigações embasadas na cognição situada, assim como
para os estudos de práticas informacionais, o objeto de análise não é mais o ambiente ou a
representação mental individual, mas a interação entre ambos.
[...] Clancey (1997)
1
se baseia na visão de que o pensamento e a ação dos sujeitos são
constantemente adaptados ao ambiente, isto é, situados em função do que eles
percebem, como concebem suas atividades e como as executam. Assim, toda ação
humana se desenvolve de forma coordenada e simultânea, sendo parcialmente
improvisada ao integrar a percepção, a concepção e a ação do sujeito mediante
determinada situação. (ROCHA, 2013, p. 53-54).
Portanto, o saber (cognição) e o agir (ação) são indissociáveis, ambos se modificam e
se complementam mutuamente em função das situações apresentadas pelo ambiente no qual
o indivíduo transita.
1
CLANCEY, Willian J. Situated cognition: on human knowledge and computer representations. Cambridge:
Cambridge University Press, 1997. 426 p.
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
119
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Se a abordagem social dos estudos de usuários busca analisar as práticas
informacionais do sujeito associado ao seu contexto, a cognição situada permite que o
usuário seja
observado e compreendido em suas diversas dimensões (individual, social,
motivacional, emocional e outras) e que suas ações sejam avaliadas como resultados de um
processo social, experiencial, histórico, contextual e contingencial. Portanto, parece
realmente apropriado adotar a cognição situada no uso dos estudos de práticas
informacionais, ou seja, na perspectiva social dos estudos do sujeito informacional.
Na busca de comprovar empiricamente essa adequação, Rocha (2013) empreendeu
uma pesquisa cujo principal objetivo era compreender como indivíduos com cegueira
congênita e adquirida interagem com a Web e percebem sua acessibilidade ou
inacessibilidade. Na pesquisa, utilizou-se o conceito pedagógico de cegueira, para o qual se
considera cego aquele indivíduo que, mesmo com baixa visão (ou com visão residual, capaz
de enxergar sombras, diferenças de luminosidade, por exemplo) necessitam de instrução em
Braille ou do auxílio de leitor de telas (IBC, 2013). Partiu-se do pressuposto de que,
possivelmente, a interação na internet dos usuários que nasceram cegos ou perderam a visão
antes dos cinco anos de idade (considerados cegos congênitos) seria distinta daqueles que
perderam a visão a partir desta idade (casos de cegueira adquirida) pois acreditava-se na
possível influência da memória visual na percepção da acessibilidade na Web. A definição de
acessibilidade na Web utilizada foi a possibilidade de acesso, percepção, compreensão e
interação com a Web, com o máximo de autonomia possível (LEAL FERREIRA; SANTOS;
SILVEIRA, 2007). Para auxiliar o desenvolvimento de sites acessíveis aos deficientes visuais,
um conjunto internacional de diretrizes foi criado, o WCAG (Web Content Guidelines
Accessibility), à época da pesquisa em sua versão 2.0. No Brasil, diretrizes semelhantes foram
criadas (e-MAG Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico) e um decreto de lei regula
seu uso para o desenvolvimento de websites governamentais. Apesar da existência de
legislação buscando assegurar que os websites governamentais brasileiros sejam acessíveis
para pessoas com deficiência visual (BRASIL, 2004) e orientar a construção e adaptação de
conteúdos governamentais acessíveis na web institucionalizando a adoção de um modelo
único, o e-MAG (BRASIL, 2007), um levantamento realizado em 2010 pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br) revelou que apenas 2% das páginas dos websites governamentais
brasileiros estão de acordo com a legislação (CGI.br, 2010).
A pesquisa aqui descrita, portanto, previa encontrar um elevado índice de
inacessibilidade das páginas web consultadas pelos usuários cegos. O objetivo, claramente,
não era apresentar resultados quantitativos previamente previstos. Pretendia-se
120
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
aprofundar qualitativamente na compreensão das práticas informacionais dos usuários cegos
de websites, buscando: compreender o comportamento destes usuários ao acessar a Web
utilizando o leitor de telas; investigar como estes usuários percebem e descrevem a
acessibilidade ou a inacessibilidade na Web; identificar as carências e contribuições das
WCAG 2.0 para a democratização do acesso à Web; e verificar quais problemas de
acessibilidade relatados pelos usuários não são contemplados nas WCAG 2.0 e apresentar
sugestões de complementação.
Buscar atingir tais metas utilizando a cognição situada significou empreender alguns
desafios de cunho metodológico. Obviamente, a ferramenta de coleta de dados precisava
sustentar uma pesquisa qualitativa. A escolha foi pela entrevista semi-estruturada, em
profundidade, à qual foram inseridos momentos com ensaios de interação, em que o usuário
era convidado a demonstrar na prática como fazia uso da web, ou seja, ele navegava e isso era
gravado em áudio, vídeo, e sequência de telas (através de um software gravador de telas).
Embora se dispusesse de um laboratório de usabilidade com toda a infraestrutura necessária
para se fazer testes deste tipo com o usuário, utilizá-lo estava completamente fora de questão
por dois motivos: (1) isso iria completamente contra a teoria da cognição situada, que prevê a
busca da compreensão do comportamento do sujeito de acordo com o ambiente e com as
experiências anteriores, portanto era importante estudar e conhecer o seu próprio ambiente;
(2) solicitar a um cego a navegação em um computador que não o seu é o mesmo que lhe
pedir para usar um instrumento completamente desconhecido por ele esse indivíduo já está
habituado com o seu ambiente (teclado, leitor de tela e demais tecnologias assistivas que ele
utiliza para facilitar sua navegação). Portanto, a coleta de dados precisava ocorrer no
ambiente solicitado pelo respondente, e cabia ao pesquisador se adaptar a esse ambiente,
instalando tudo aquilo de que precisasse para coletar os dados de modo a não interferir na
rotina de trabalho do usuário. Um segundo desafio enfrentado foi quanto à coleta do termo de
consentimento. Como toda pesquisa envolvendo seres humanos, também esta foi submetida
ao Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) e todos os participantes precisariam assinar um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). No entanto, tratando-se de
participantes cegos, como produzir tal documento e exigir sua assinatura? Uma possibilidade
seria a produção do documento em braille. No entanto, conforme orientação do próprio
COEP, optou-se pela produção de um documento em PDF, acessível através do computador
com o uso de tecnologia assistiva. O entrevistado ouvia o documento através do leitor de telas
a que estava habituado e gravava em áudio o seu consentimento livre e esclarecido em
participar da pesquisa. O levantamento e a seleção dos participantes foram feitos de acordo
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
121
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
com a técnica bola de neve (snowball sampling) (GOODMAN, 1961), até que fosse atingido o
ponto de saturação. Para participar da pesquisa, os indicados deveriam possuir cegueira
congênita ou adquirida e serem usuários habituais da Web mediante o uso de leitores de tela.
Foram entrevistados quatro participantes com cegueira congênita e quatro com cegueira
adquirida. A cada entrevista realizada, procedia-se à transcrição e análise parcial dos dados
até então coletados para que, ao final da coleta, uma análise completa e mais consistente
pudesse ser levada a cabo, com a definição do conjunto final de categorias para classificação
dos dados.
O método da comparação constante (TAYLOR; GIBBS, 2010) foi utilizado durante
toda a análise de dados. Ou seja, a cada nova entrevista transcrita e analisada, cada passagem
de texto selecionada e codificada era comparada com todas as passagens codificadas
daquela mesma forma. Isso visava garantir que a codificação fosse consistente e considerar a
possibilidade de que algumas das passagens codificadas daquela forma (isso é, com o mesmo
código) que o se encaixassem bem pudessem vir a receber novos códigos mais adequados.
Com isso, o conjunto de categorias era revisto e renegociado a cada nova entrevista incluída.
Ao final, percebeu-se que os dados não foram suficientes para sustentar o pressuposto
de pesquisa de que haveria diferença entre as práticas informacionais dos usuários com
cegueira congênita e com cegueira adquirida. Não foi percebido, ao longo dos relatos,
qualquer indício de que a memória visual alterasse a percepção de acessibilidade ou
inacessibilidade dos sites. Ao final, os dados foram organizados num conjunto de oito
categorias: 1.
Forma como aconteceu o contato inicial com o computador; 2. Motivações para
o contato inicial com o computador; 3. Momento em que aconteceu o contato inicial com a
Internet/Web; 4. Emoções e sentimentos durante o contato inicial com a Internet/Web; 5.
Elementos que influenciam a percepção da (in)acessibilidade pelos sujeitos; 6. Emoções
experienciadas diante da (in)acessibilidade; 7. Elementos que influenciam comportamento e
ações durante o acesso mediado por leitores de tela; e 8. Motivações para o uso da a
Internet/Web. (ROCHA, 2013, p. 66). Como resultado secundário identificou-se, ainda, a
partir dos depoimentos e exemplos dos entrevistados, que as WCAG 2.0 o levam em
consideração a acessibilidade dos documentos disponibilizados nos websites nem comentam
acerca da possibilidade ou não de versões alternativas para deficientes virtuais.
3.3 A ABORDAGEM CLÍNICA DA INFORMAÇÃO NO ESTUDO DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS
A Abordagem Clínica da Informação (ACI), proposta em 2011 (PAULA, 2011, 2012)
como um desdobramento natural de estudos anteriores (PAULA, 1999, 2005), surgiu no
122
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
cenário da Ciência da Informação como uma alternativa de investigação que considera o uso
afetivo e simbólico da informação pelo sujeito como um recurso de acesso às expressões de
sua subjetividade nas interações com a informação e, consequentemente, de sua
compreensão.
A utilização da ACI no campo das pesquisas em Ciência da Informação se propõe, entre
outros pontos, a analisar a hermenêutica das dimensões simbólicas e afetivas inerentes aos
processos de buscar, selecionar, interpretar e utilizar informações. Surgida num momento
histórico, onde autores como Venâncio (2007) irão afirmar que novos instrumentos são
necessários para abordar os usuários em suas múltiplas dimensões (linguística, individual,
social, emocional) e compreender a busca de informação como um processo histórico, social,
experiencial e contingencial, a ACI se inspira em autores como Mendel (1998, 1999), Lhuillier
(2006) e Thibierge (2007) que iniciaram, na França, um movimento que propunha um
approche clinique (abordagem clínica) de múltiplos fenômenos como uma possível
alternativa para lidar com as interseções entre os campos e os temas acima expostos. A ACI se
propõe a estabelecer uma investigação profunda dos fenômenos informacionais, utilizando
uma perspectiva "clínica" (do grego klinikos, relativo à cama, e kline, leito, e associada à
ideia de reclinar-se sobre um problema como um médico sobre o leito de um paciente) para
alcançar veis de análise não habituais nos estudos comportamentais e cognitivos
tradicionais.
São pressupostos de uma abordagem clínica à informação (PAULA, 2012):
1. É impossível dissociar a interação entre indivíduos e a informação da sua inserção
nos grupos sociais a que pertencem;
2. O comportamento de busca da informação (e seus desdobramentos) é determinado
pela inserção do sujeito informacional em grupos sociais e é um processo
experimental e contingencial, consciente ou inconscientemente marcado pelos
campos psíquico, cultural, histórico e social;
3. O campo psíquico é composto indissociavelmente pelas dimensões cognitiva,
perceptiva e afetiva;
4. O campo psíquico tanto influencia quanto é influenciado pelos campos cultural,
histórico e social;
5. A natureza complexa desses fenômenos impossibilita que a sua investigação seja
feita através de um único instrumento;
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
123
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
6. Os instrumentos padronizados não têm sido suficientes para apreender as
múltiplas dimensões da relação entre indivíduos e a informação;
7. O método clínico é uma alternativa para abordar esses indivíduos, os grupos e as
eventuais organizações ou instituições às quais eles se vinculam e através das quais
eles compartilham conhecimentos e experiências adquiridos por meio da
aprendizagem individual.
Por ser inerente ao método clínico, a preocupação por recolher dados e informações
sem isolá-los da situação original em que foram reunidas e do seu contexto original, seu
meio natural, resultaria na utilização do estudo de caso.
Através do estudo de caso seria possível chegar a uma compreensão da sua dinâmica,
da origem de sua condição atual (a gênese da situação-problema) e seu processo histórico
único ou ciclo vital (a totalidade do processo). Seria abandonada, assim, uma postura
funcionalista da relação com a informação, para se obter uma busca intensa pelos comos e
os porquês das ações consideradas subjetivas e dotadas de significados).
Uma das possibilidades utilizadas pela ACI nas suas investigações é a introdução de
recursos de natureza projetiva i.e. recursos (desenhos, testes, etc.) que instiguem a
expressão de conteúdos de natureza inconsciente por parte dos sujeitos experimentais
como forma de acesso à subjetividade e à vida simbólico-afetiva dos sujeitos informacionais.
A introdução de um instrumento, dentro da proposta da ACI, não é feita de maneira isolada,
mas de forma interconectada à apreensão global do caso estudado e obtida através do
concurso de uma série de outros recursos de investigação como será observado mais abaixo.
Como uma forma de demonstrar essa possibilidade será apresentado o uso de um
teste o Teste Arquetípico dos Nove Elementos (AT-9) para observar a interferência da
subjetividade no uso das competências individuais nas práticas informacionais dos usuários.
Essa modalidade de investigações é desenvolvida através da investigação da forma particular
pela qual cada sujeito enfrenta a angústia intrínseca à busca pela informação e pela sua forma
de ver o mundo evidenciada na identificação de certos microuniversos estruturantes do
imaginário dos pesquisados interferem diretamente no posicionamento do usuário em suas
interações com as informações.
A pesquisa em questão foi conduzida por ARAÚJO (2013) em uma biblioteca
especializada integrante de um Sistema de Bibliotecas de uma instituição de ensino superior
e objetivou identificar como as perspectivas individuais permeiam a atividade de indexação
em Bibliotecas Universitárias. Considerou-se que, embora um dos pontos chave para que o
124
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
processo de recuperação da informação ocorra de forma adequada seja a etapa de tratamento
informacional processo que compreende, dentre várias tarefas, a atividade de indexação ,
essa atividade que apresenta o desafio de atribuir termos que representem fielmente o objeto
analisado e tem sua qualidade condicionada à qualificação do indexador e sua
imparcialidade no processo. Essa "imparcialidade" é, quase indelevelmente, marcada por
elementos de caráter subjetivo que interferem no seu resultado. O estudo descrito foi, até
onde se tem notícia, o primeiro estudo dedicado a identificar a forma como essa interferência
acontece e os padrões que orientam essa interferência.
O domínio em análise, donde foram selecionados os sujeitos para participação da
pesquisa, é uma das bibliotecas que possui um dos maiores acervos bibliográficos do Sistema.
Os sujeitos da pesquisa foram três bibliotecários, denominados neste trabalho como S1, S2 e
S3, cujo critério de seleção foi a experiência na atividade de catalogação.
Dentre os métodos empíricos utilizados destacam-se a entrevista semiestruturada e a
atividade de análise de tarefa. Nesta etapa foi incorporada a Técnica do Incidente Crítico
(TIC) (FLANAGAN, 1973). O incidente analisado nesta pesquisa foi relacionado a uma
situação de tomada de decisão na execução da atividade de análise de assunto que o
entrevistado tenha considerado relevante destacar.
Na análise de tarefa realizada foi proposta a análise de assunto em três livros pré-
selecionados com foco na atribuição de termos e, na execução da atividade, incorporou-se,
para identificar os procedimentos realizados durante a tarefa, o preenchimento de uma ficha
baseada em Coutinho et al. (2010).
Finalizada a atividade utilizou-se a técnica Protocolo Verbal: a verbalização consciente
dos pensamentos dos indivíduos diante da execução de uma atividade objetivando fornecer
informações de seus processos mentais exteriorizados por meio da fala. Por fim, foi solicitada
a elaboração de um desenho baseado nos protocolos do AT-9.
Verificou-se que a atuação dos bibliotecários na execução da atividade de análise de
assunto não foi uniforme. Os procedimentos executados variaram significativamente
conforme o livro analisado e os termos atribuídos às obras foram diferenciados:
No primeiro livro houve a definição dos termos com a adoção da expressão
extensão universitária pelos três bibliotecários foi relativamente homogênea;
No livro 2 a seleção de termos orientou-se pelo eixo comum climatologia
embora os termos escolhidos tenham sido variados;
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
125
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
No terceiro livro os termos foram bem diversificados, não aparecendo um ponto
comum a ser usado na recuperação da obra numa hipotética pesquisa realizada
por um usuário. Foram apresentados termos como: Informática estudo e
ensino (S1), Programação de computadores computação (S2) e
Armazenamento de dados (S3).
A utilização da TIC possibilitou a observação, por meio do relato dos pesquisados, de
situações críticas vivenciadas na atividade de análise de assunto. Com a vantagem de a
técnica permitir identificar eventos relatados na perspectiva dos entrevistados foi possível
compor uma análise holística dos aspectos subjetivos. Nesse trabalho o indivíduo não foi
considerado isolado de seu contexto e história. Isso permitiu um entrelaçamento entre fatos
presentes e passados possibilitando um olhar profundo sobre o fenômeno estudado.
Investigando-se as imagens propostas pelos entrevistados para representar a
atividade de catalogação e os incidentes críticos observou-se, ao serem reunidas as
associações feitas por S1, S2 e S3, uma conexão simbólica estreita entre as imagens evocadas.
Apesar da extensão dessas associações o poder ser representada no limitado espaço desse
artigo é importante ressaltar que as associações entre os diversos sentidos atribuídos aos
símbolos permitiram construir uma rede de significados (FIG. 1) cuja sutura se dá pela
interpretação da catalogação como uma atividade que tem em si um aspecto de finitude,
sendo seu resultado tido como um produto fechado, total e completo que, apesar de ser
construído sob os olhares e caminhos diferentes por cada um dos entrevistados, para cada
um deles o resultado de seus trabalhos adquire um caráter de verdade incontestável.
Destaque-se que essa análise não se esgota na mera interpretação dos significados
latentes, pois as palavras, segundo Jean Chevalier, são incapazes de expressar todo o valor de
um símbolo (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2008, p. XIII). Cabe nessas reflexões o cuidado de
não encerrar em estreitos limites todas as dimensões descortinadas pela interpretação
simbólica, mas ampliá-la em outras metodologias que possam expandir seus significados.
Essa proposta foi complementada nesta pesquisa com o uso do AT-9 por meio do qual se
buscou compreender o que permeia as ações dos sujeitos em situações de angústia
(CARDOSO, 2005) representada na pesquisa pela decisão do termo adequado na análise de
assunto.
126
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Figura 1 Rede interconectada de símbolos e significados
Fonte: ARAÚJO, 2013, p. 79.
O uso do Teste Arquetípico de Nove Elementos (AT-9), do incidente crítico e da
expressão criativa poiesis, possibilitaram explorar os aspectos subjetivos utilizando-se as
dimensões simbólico-afetivas. Os dados obtidos foram copilados sob o crivo das estruturas
antropológicas do imaginário de Durand, G. (1997), consolidadas na metodologia
desenvolvida por Durand, Y. (1988) e identificaram indícios que revelaram os processos
informacional, subjetivo e afetivo se entrelaçaram na atividade executada.
Ao final do estudo concluiu-se que, mesmo em um processo fundado numa
metodologia estruturada e formalizada por meio de vocabulários controlados, normatizações
de procedimentos e fontes de informação padronizadas como no caso da análise de assunto
da atividade de indexação, os aspectos subjetivos produzem resultados diferenciados.
Evidenciou-se que o processo de seleção de termos não carrega em si apenas aspectos
racionais, mas é perpassado pela história de vida, experiências profissionais, preferências,
estruturações mentais e perfis psicológicos dos indivíduos envolvidos nessa tarefa. Esses
aspectos confluem simultaneamente em vel consciente e inconsciente e, influenciados por
circunstâncias nem sempre palpáveis ou explícitas no comportamento do indivíduo,
produzem resultados discrepantes que dificilmente terão suas particularidades formalizadas
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
127
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
através de algoritmos, mas que, se forem visados resultados mais efetivos desse processo,
devem ser observadas sob outras perspectivas.
3.4 HISTORIOGRAFIA DAS PESQUISAS EM PRÁTICAS INFORMACIONAIS
Embora o grupo de pesquisas tenha sido oficialmente criado e cadastrado no CNPq em
2014, desde muito antes seus integrantes vêm desenvolvendo trabalhos conjuntos e
caminhando para a construção de uma perspectiva social dos estudos de usuários. Considera-
se como primeiro trabalho de dissertação orientado por um docente do grupo com viés da
abordagem social, a pesquisa que investiga as práticas sociais das profissionais do sexo,
defendida em 2008 e apresentada no tópico anterior. As pesquisas do grupo têm tido, como
objetos de pesquisa, realidades empíricas distintas daquelas típicas dos estudos de usuários
tradicionais (cientistas, empresários, governo), tais como grupos sociais pertencentes a
minorias ou pertencentes a um contexto referente ao cotidiano. Isso não significa que o grupo
abdique de investigar papéis sociais referentes a práticas informacionais no campo
profissional ou científico, apenas isso ocorre com menor frequência.
O quadro a seguir apresenta, de modo sintético, desde 2008 até a presente data, a
produção orientada pelos integrantes do grupo, informando: a temática da pesquisa (campo
em que se apresenta também a referência da dissertação ou tese), o método (técnicas de
coleta e análise de dados), o papel social do sujeito informacional investigado e o aporte
teórico utilizado.
Quadro 1 Historiografia do Grupo de Pesquisa (2008-2017)
Temática
Método
Papel social do sujeito
informacional
Aporte teórico
Descreve e analisa as práticas
informacionais das profissionais
do sexo da zona boêmia de Belo
Horizonte. (SILVA, 2008).
Coleta de dados: relatos,
entrevistas, com
gravação em áudio.
Análise de dados:
análise de conteúdo.
Profissionais do sexo.
Práticas
Informacionais;
paradigma social
da CI.
Busca compreender as práticas
informacionais de ouvintes
assíduos de rádio (PESSOA,
2010)
Coleta de dados: relatos,
entrevistas, com
gravação em áudio.
Análise de dados:
análise de conteúdo.
Ouvintes assíduos de
rádio
Descrição densa
de Geertz;
Dimensão
emocional de
Maffesoli.
128
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Temática
Método
Papel social do sujeito
informacional
Aporte teórico
Busca compreender como os
idosos percebem, descrevem e
atribuem significado à
experiência da inclusão digital e
seus efeitos na vida diária,
perpassando pelo campo da
sociabilidade e do
comportamento informacional.
(GANDRA, 2012)
Coleta de dados:
entrevistas semi-
estruturadas em
profundidade, com
gravação em áudio.
Análise de dados:
análise de conteúdo.
Idosos que tenham se
incluído digitalmente.
Abordagem social
dos estudos de
usuários;
Fenomenologia
social de Alfred
Schutz.
Investiga a maneira dos
professores produzirem,
disseminarem e apropriarem de
informações para a sua
organização político-sindical,
considerando as suas posições
como sindicalizado, não
sindicalizado, militante de
organização política e dirigente
sindical. (PINTO, 2012)
Coleta de dados:
entrevistas semi-
estruturadas. Análise de
dados:
Professores da RMBH.
Práticas
informacionais;
aporte teórico-
metodológico de
Pierre Bourdieu.
Investiga como pessoas com
cegueira congênita e adquirida
interagem com a Web e como
percebem sua
(in)acessibilidade, buscando
identificar as carências e
contribuições das Diretrizes de
Acessibilidade para o Conteúdo
da Web WCAG 2.0 para a
construção de websites mais
adequados a esse perfil de
usuários. (ROCHA, 2013)
Coleta de dados:
entrevistas semi-
estruturadas
envolvendo ensaios de
interação, com gravação
de áudio e salvamento
das telas. Análise de
dados: análise de
conteúdo.
Pessoas cegas (definição
pedagógica: aquelas que,
mesmo com baixa visão,
necessitam de instrução
em braille ou do auxílio
de leitores de tela).
Abordagem social
dos estudos de
usuários;
Cognição Situada.
Busca indícios de como a
subjetividade interfere no
processo decisório, ou como os
aspectos subjetivos se integram
às competências individuais
para influenciar esse processo.
Investigou o processo decisório
de bibliotecários durante a
atividade de indexação em
bibliotecas universitárias.
(ARAUJO, 2013)
Coleta de dados:
entrevista, análise de
tarefas, protocolo
verbal, aplicação do AT-
9. Análise de dados:
análise de conteúdo,
análise do AT-9, análise
de símbolos.
Bibliotecários
universitários.
Abordagem
clínica da
informação.
Teste dos 9
arquétipos.
Investiga as práticas
informacionais dos usuários do
sistema SIEX da UFMG,
contemplando tanto os aspectos
comportamentais dos seus
usuários quanto os aspectos
operacionais do sistema.
(TERTO, 2013).
Coleta de dados:
entrevistas semi-
estruturadas
envolvendo ensaios de
interação, com gravação
de áudio. Análise de
dados: análise de
conteúdo.
Professores e
funcionários da UFMG.
Abordagem social
dos Estudos de
Usuários;
Usabilidade;
Fenomenologia
Social.
Traça um paralelo entre
biblioteca escolar e a
ferramenta de busca Google
enquanto canais de busca de
informação visando verificar
que imagem e conceito os
nativos digitais têm destes
ambientes e como se
Coleta de dados:
observação não
participante e
entrevistas semi-
estruturadas.
Análise de dados:
análise de conteúdo com
categorias estabelecidas
Alunos de escola privada
nativos digitais.
Práticas
informacionais;
Abordagem
Clínica da
Informação.
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
129
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Temática
Método
Papel social do sujeito
informacional
Aporte teórico
relacionam com a busca, seleção
e o uso da informação.
(ANTUNES, 2015).
a posteriori.
Investiga os elementos
simbólico-afetivos envolvidos
no compartilhamento do
conhecimento na relação de
orientação estabelecida entre
docentes e discentes de um
programa de pós-graduação
stricto sensu. (COELHO DE SÁ,
2015)
Coleta de dados:
entrevista, análise de
tarefas, protocolo verbal,
aplicação do AT-9.
Análise de dados: análise
de conteúdo, análise do
AT-9, análise de símbolos
Professores e alunos de
um programa de pós-
graduação stricto sensu,
com conceito "7" no
Sistema de
Acompanhamento e
Avaliação da CAPES, da
área de Ciências Exatas e
da Terra de uma
Universidade Federal.
Gestão do
conhecimento
científico;
Teste dos 9
arquétipos;
Abordagem Clínica
da Informação.
Analisa como as práticas
informacionais de mães de
crianças com alergias
alimentares influenciam no dia-
a-dia desses indivíduos.
(BARROS, 2016).
Coleta de dados:
entrevista semi-
estruturada em
profundidade.
Análise de dados:
codificação livre e
análise de conteúdo com
grade de categorias
mista: a priori (a partir
do modelo de análise) e
liberdade de criação de
novas categorias.
Mães de crianças com
alergia alimentar.
Práticas
informacionais
(Modelos de
Pâmela McKenzie
e Yeoman).
Análise de práticas
informacionais de clientes de
serviços de estética. (MOTA,
2016)
Coleta de dados:
observação não
participante e
entrevistas semi-
estruturadas.
Análise de dados:
análise de conteúdo
Mulheres que se
submetem a
procedimentos estéticos
Práticas
informacionais:
modelo de
Savolainen
Práticas informacionais de
pesquisadores e gestão do
conhecimento científico sob a
perspectiva da cognição
distribuída. (ROCHA, 2017, no
prelo)
Coleta de dados:
etnografia cognitiva;
observação guiada pelos
princípios da
investigação contextual
em conjunto com
entrevistas contextuais
guiadas pelos princípios
da Distributed Cognition
for Teamwork (DiCoT -
Em tradução livre,
Cognição Distribuída para
Trabalho em Equipe).
Análise de dados:
análise de conteúdo com
categorias e
subcategorias definidas
pelo modelo de grade
mista.
Todos os integrantes do
Grupo Integrado de
Pesquisas em
Biomarcadores (GIPB)
do Centro de Pesquisas
René Rachou (CPqRR) -
Fiocruz -BH
Práticas
Informacionais;
Abordagem clínica
da Informação;
Cognição
Distribuída;
DiCoT
Fonte: EPIC Estudos em Práticas Informacionais e Cultura.
130
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
4 CONCLUSÃO
A historiografia apresentada mostra a riqueza de abordagens convocadas para os
distintos trabalhos realizados, com a alternância de autores da sociologia, da antropologia, da
psicologia e da comunicação, entre outros, aliada à utilização de perspectivas distintas dentro
da própria ciência da informação. Neste movimento, autores estrangeiros têm sido lidos e
apropriados pelo grupo, bem como também autores brasileiros. Cada nova pesquisa tem
servido para refinar conceitos, métodos e aprofundar a compreensão do conceito de práticas
informacionais. Aspectos distintos da realidade m sido enfatizados, problematizados e
tensionados, tais como o caráter intersubjetivo dos processos, a dinâmica entre as dimensões
individual e coletiva, a presença das questões emocionais e afetivas, a lógica da produção de
significados e o caráter ativo dos sujeitos na apropriação da informação.
Há muitos desafios ainda a serem realizados, entre eles a construção de um referencial
consensual a ser testado pelos membros do grupo, e seus orientados, no desenvolvimento de
pesquisas com distintos objetos empíricos. Além disso, fazem parte do grupo pesquisadores
de outros países (Espanha, Argentina e Uruguai), mas tal fato ainda o foi capaz de produzir
um tipo de diálogo que incorporasse novas dimensões ao trabalho. Próximo a isso, é preciso
que o grupo consiga também apresentar sua perspectiva de estudos em escala internacional,
o que foi feito ainda de maneira incipiente com uma primeira participação, em 2014, no
congresso ISIC, em Leeds, Inglaterra. É fundamental dinamizar essa dimensão de
internacionalização dos trabalhos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Maria Leonor Amorim. Comportamento informacional em tempos de Google.
2015. 206 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. O sujeito informacional no cruzamento da ciência da
informação com as ciências humanas e sociais. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 14., Florianópolis. 2013. Anais... Florianópolis: Associação
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2013.
ARAÚJO, Carlos Alberto. Estudos de usuários: pluralidade teórica, diversidade de objetos. In:
ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 9., 2008, São Paulo.
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
131
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Anais... São Paulo: Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da
Informação, 2008.
ARAUJO, Eliane Pawlowski Oliveira. Tomada de decisão organizacional e subjetividade:
análise das dimensões simbólico-afetivas no uso da informação em processos
decisórios. 2013. 165 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
BARROS, Flávia Moraes Moreira. Protagonismo nas práticas informacionais de mães de
crianças alérgicas. 2016. 186 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.
BECKER, Howard. Uma teoria da açcão coletiva. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
BRASIL. Decreto nº 5.296 de 02 de Dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8
de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098,
de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília: Senado Federal, 03 dez.
2004. Disponível em: <http://www.trt02.gov.br/
geral/tribunal2/Legis/Decreto/5296_04.html>. Acesso em: 26 fev. 2011.
BRASIL. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Portaria n° 3, de 07 de maio de 2007. Disponível em:
<https://www.governoeletronico.gov.br/anexos/portaria-no-03-e-mag>. Acesso em: 17 fev.
2012.
CARDOSO, Vannessa de Resende. Velhice asilada, gênero e imaginário. 2005. 239 f.
Dissertação (Mestrado) Departamento de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação
em Gerontologia, Universidade Católica de Brasília. Brasília, 2005.
CGI.br. Dimensões e características da Web brasileira: um estudo do .gov.br. São Paulo:
Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2010. 93 p. Disponível em:
<http://www.cgi.br/publicacoes/ pesquisas/govbr/cgibr-nicbr-censoweb-govbr-2010.pdf>.
Acesso: 13 mar. 2011.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. 22 ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2008.
COELHO DE SÁ, Rosilene Moreira. Compartilhamento do conhecimento e o processo de
orientação de discentes de pós-graduação stricto sensu. 2015. 158f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2015.
COUTINHO. L. F. et al. A indexação nas áreas do conhecimento: uma comparação das áreas de
ciências exatas e da terra, das ciências humanas e da linguística, letras e artes. In: ENCONTRO
NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 11., 2010. Rio de Janeiro. Anais ...
132
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação,
2010.
CUNHA, Murilo Bastos; AMARAL, Sueli Angelica do; DANTAS, Edmundo Brandão. Manual de
estudos de usuários da informação. Atlas, 2015. 464 p.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: Martins Fontes,
1997.
DURAND, Yves. L’exploration de l’imaginaire: introduction à la modelisation des univers
mythiques. Paris: L’Espace bleu, .
FLANAGAN, John C. A técnica do incidente crítico. Arquivos brasileiros de Psicologia
Aplicada. v.25, n.2. abr/jun 1973
GANDRA, Tatiane Krempser. Inclusão digital na terceira idade: um estudo de usuários
sob a perspectiva fenomenológica. 2012. 137f. Dissertação. (Mestrado em Ciência da
Informação) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
GASQUE, Kelley C. G. Dias, COSTA, S. M. de Souza. Evolução teórico-metodológica dos estudos
de comportamento informacional de usuários. Ciência da Informação, Brasília, v. 39, n. 1,
jan./abr. 2010, p. 21-32.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1999.
GOODMAN, Leo. Snowball Sampling. Annals of Mathematical Statistics. v.32, p. 148-170,
1961. Disponível em: <http://projecteuclid.org/DPubS/Repository/1.0/Disseminate?view=
body&id=pdf_1&handle=euclid.aoms/1177705148>. Acesso em: 03 maio 2012.
IBC. Website do Instituto Benjamim Constant. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
<http://www.ibc.gov.br/>. Acesso em: 11 mar. 2013.
LEAL FERREIRA, Simone Bacellar; SANTOS, Rodrigo Costa dos; SILVEIRA, Denis Silva.
Panorama da Acessibilidade na Web Brasileira. Revista de Controle e Administração, v. III,
p. 206-235, 2007.
LHUILLIER, D. Cliniques du Travail. Paris: Èrés, 2006.
McKENZIE, Pamela J. A model of information practices in accounts of everyday-life
information seeking. Journal of Documentation. v. 59, n. 1, p. 19-40, 2003.
MENDEL, G. Le Vouloir de Creation. Paris: l'Aube, 1999.
MENDEL, G. L'Acte est une aventure. Paris: Decouverte, 1998.
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. O símbolo como mediador da comunicação nas
organizações: uma abordagem junguiana das relações entre a dimensão afetiva e a produção
de sentido nas comunicações entre professores do departamento de Psicologia de uma
instituição de ensino superior brasileira. 2005. 367f. Tese (Doutorado em Psicologia Social e
do Trabalho). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
133
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. Dimensões simbólicas e afetivas do uso da informação:
uma análise das comunicações entre professores do departamento de psicologia de uma
instituição de ensino superior pública brasileira. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 12., 2011. Brasília. Anais ... Brasília: Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2011.
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. Informação e psicodinâmica organizacional: um
estudo teórico. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999.
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. Proposta de metodologia para a investigação do
comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas
organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL
DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 13. 2012, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2012.
PESSOA, Marina Torres. A relação entre ouvintes assíduos e o rádio: um estudo de
usuários da informação a partir de uma perspectiva compreensiva. 2010. 95 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2010.
PINTO, Flávia Virgínia de Melo. Práticas informacionais na organização político-sindical
dos professores da rede municipal de Belo Horizonte. 2012. 155f. Dissertação (Mestrado
em Ciência da Informação) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
PINTO, Flávia Virgínia Melo; ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Contribuição ao campo de
usuários da informação: em busca dos paradoxos das práticas informacionais.
Transinformação, Campinas, v. 4, n. 3, set./dez. 2012., p. 219-226.
ROCHA, Janicy Aparecida Pereira. (In) Acessibilidade na web para pessoas com
deficiência visual: um estudo de usuários à luz da Cognição situada. 2013. 160 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2013.
ROCHA, Janicy Aparecida Pereira; SIRIHAL DUARTE, Adriana Bogliolo; PAULA, Claudio Paixão
Anastácio de. Modelos de práticas informacionais. Em Questão, n. 1, v.23, jan.-abr./2017,
p.36-61.
SAVOLAINEN, Reijo. Information behavior and information practice: reviewing the umbrella
concepts of information-seeking studies. Library Quarterly, v. 77, n. 2, p. 109132, 2007.
SILVA, Ronaldo. As práticas informacionais das Profissionais do Sexo da zona boêmia de
Belo Horizonte. 2008. 171 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
TALJA, Sanna; HANSEN, Preben. Information Sharing. In: SPINK, Amanda; COLE, Charles (ed.).
New Directions in Human Information Behavior. Berlin: Springer, 2005. p. 113134
134
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
TAYLOR, Celia; GIBBS, Graham R. How and what to code, Online QDA Web Site. Queensgate:
Universidade de Huddersfield, 2010. Disponível em:
<onlineqda.hud.ac.uk/Intro_QDA/how_what_to_code.php>. Acesso em 12 mar. 2017.
TERTO, Ana Luísa de Vasconcelos. A extensão universitária e o Sistema de Informação da
Extensão (SIEX/UFMG): um estudo de usuários a partir de uma perspectiva compreensiva.
2013. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
THIBIERGE, Stephane. Clinique de L'Identité. Paris: PUF, 2007.
VASCONCELOS, Paula Mota. As práticas informacionais das clientes dos serviços de
estética. 2016. 79 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação) - Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.
VENÂNCIO, L. S. O caminhar faz a trilha: o comportamento de busca da informação sob o
enfoque da cognição situada. 2007. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
WILSON, T. D. Information needs and uses: fifty years of progress, in: B.C. Vickery, (Ed.), Fifty
years of information progress: a Journal of Documentation review, London: Aslib, 1994. p.
15-51.
Duarte; Araújo; Paula | Práticas informacionais
135
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
SOBRE OS AUTORES
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: bogliolo@eci.ufmg.br
Carlos Alberto Ávila Araújo
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: casal@eci.ufmg.br
Claudio Paixão Anastácio de Paula
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: claudiopap@eci.ufmg.br
Recebido em: 08/03/2017; Revisado em: 05/04/2017; Aceito em: 10/05/2017.
Como citar este artigo
SIRIHAL DUARTE, Adriana B.; ARAÚJO, Carlos A. A.; PAULA, Claudio P. A. de. Práticas Informacionais: desafios
teóricos e empíricos de pesquisa. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, número especial, p. 111-135, out. 2017.