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Silva et al. | Entre o objeto e o sujeito
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 2, jul./dez. 2017
“A recuperação da informação está preocupada com os processos envolvidos na
representação, armazenamento, pesquisa e busca de informações relevantes
para um requisito de informação desejado por um usuário humano”
(INGWERSEN, 1992, p. 49, tradução nossa).
Com a apresentação de definições e conceituações por autores provenientes tanto
da área da CC como pela CI, podemos recorrer ao estudo desenvolvido por Khapre e Basha
(2012). Na visão dos autores, “A partir da definição das duas disciplinas de recuperação
de informações, é fácil ver que as duas compartilham uma perspectiva comum de
recuperação de informações - usuários, tecnologia da informação e direções de pesquisa”
(KHAPRE; BASHA, 2012, p. 232). Ainda sobre o entendimento da CC sobre a RI, e
consequentemente do elemento denominado “informação”, Khapre e Basha (2012, p.
235) entendem que
[...] pesquisadores de recuperação de informações geralmente tratam a
informação como fato e usam informações para fazer algum trabalho, como um
índice de informação, codificação de informações, decomposição e análise de
informações. Essa visão é baseada na natureza da informação, ou seja, específica,
definível e pode ser codificada. A Recuperação da Informação da Ciência da
Computação segue o princípio racional e tradicional de que a informação é a
existência factual do mundo externo das coisas.
(tradução nossa).
Na perspectiva da CI, segundo autores como Capurro, Khapre e Basha, discutidos
a seguir, faz-se alusão aos paradigmas físico, cognitivo e social para entendimento do
conceito de “informação”. Nesse viés de análise, Khapre e Basha (2012, p. 233) são
enfáticos ao afirmarem que “no campo da CI, a RI aceitou basicamente a natureza
multinível do conceito de informação”
. De acordo com a visão de Capurro (2003), é
possível analisar como a RI foi influenciada por cada um dos paradigmas citados
anteriormente. No caso do paradigma físico, o autor cita, por exemplo, os experimentos
de Cranfield e corrobora à sua visão o lugar do sujeito (usuário) no processo.
Torna-se evidente que, no campo da ciência da informação, o que esse paradigma
exclui é nada menos que o papel ativo do sujeito cognoscente ou, de forma mais
concreta, do usuário, no processo de recuperação da informação científica, em
particular, bem como em todo processo informativo e comunicativo, em geral.
(CAPURRO, 2003, não paginado).
Quanto ao paradigma cognitivo, proposto por Bertram C. Brookes e influenciado
pela ontologia e epistemologia de Karl Popper, Capurro (2003, não paginado) afirma que
“Brookes subjetiva, por assim dizer, esse modelo no qual os conteúdos intelectuais