Narrar o labirinto
identidades à margem na Tetralogia Napolitana, de Ferrante
Resumo
Este artigo faz uma análise da construção identitária das duas protagonistas femininas da Tetralogia Napolitana, de Elena Ferrante, à luz de um viés fenomenológico e feminista. Foi utilizado como ponto de partida o conceito de espaço desenvolvido por Bachelard (1978), que pensa o espaço enquanto experiência do humano, para a reflexão sobre o reconhecimento das duas personagens no espaço de origem. partir da leitura da fílósofa italiana Adriana Cavarero (1997), foi feita a tentativa de um paralelo entre a experiência concreta de narração da narradora-personagem Lenù e a experiência de narrativa subjetiva, posta em ato, de Lila. Considerando os conceitos de unidade e unicidade do ser propostos por Cavarero, a proposta foi vincular a construção identitária das protagonistas à unidade narrativa do espaço edificado pelo texto, de maneira a conceber os volumes da obra como uma metanarrativa. Se o conceito de identidade é uma construção da linguagem (SILVA, 2014), os discursos sobre a cidade e sobre as protagonistas entrelaçam-se a ponto de influenciarem o reconhecimento das personagens enquanto cidadãs napolitanas, assim como interferem nas posições que os sujeitos assumem no mundo – dentro ou fora dos romances.