Literatura e psicanálise: fascínio e horror em “A amiga genial” de Elena Ferrante
Resumo
Neste artigo, investigaremos, na fronteira entre a psicanálise e a literatura, a relação entre o fascínio e o horror a partir de três eixos do romance A Amiga Genial de Elena Ferrante. O primeiro eixo é a relação de amizade entre as duas protagonistas, Elena e Lila, que constitui o tema central da narrativa. O segundo é a desmarginação, neologismo criado pela personagem Lila para nomear a sensação de dissolução das margens. O terceiro, por fim, é o amorfo, representado pelo personagem dom Achille, considerado responsável pelo desaparecimento das bonecas das meninas. Em diálogo com o ensaio de Freud, O inquietante, pensaremos sobre as questões do duplo e do unheimlich, suscitadas por essa amizade. Essa interlocução permite-nos perceber sob um novo ângulo a íntima relação entre fascínio e horror recolhida dos três eixos. Evidenciaremos como o fascínio e o horror colocam uma pergunta, que atravessa o romance, sobre a distância entre o eu e o outro a partir do constante risco de dissolução desse intervalo.