Édipo em um fim de mundo de sertão
tragédia e problemas sociais na adaptação de Gianfrancesco Guarnieri e Fernando Peixoto
Resumo
O artigo visa analisar uma versão do mito de Édipo, o texto Édipo escrito em 1975 para o formato televisivo por Gianfrancesco Guarnieri (1936–2006) e Fernando Peixoto (1937–2012). A reconfiguração de um mito conhecido para uma paisagem de sertão possibilitou abordar temas da cultura popular, além de realizar uma crítica social. A análise demonstra como os autores politicamente engajados reconfiguraram a tragédia Édipo Tirano de Sófocles para apresentar problemas sociais brasileiros que estavam em evidência no país na década de 1970, como a seca, o coronelismo e a questão agrária, transformando o lendário Édipo em um próspero fazendeiro dono de terras. O Édipo brasileiro desenvolvido pelos autores funciona como um painel de males sociais e de uma lógica arcaica. O artigo divide-se em duas partes: Tragédia, recepção e Estudos Clássicos, em que são apresentadas as concepções teóricas de recepção e Édipo em um fim de mundo de sertão, em que é analisada a adaptação.