Poe, os limites entre o fantástico e o estranho e um debate a partir de Todorov e Roas
Resumo
O presente artigo aborda o trabalho de dois autores importantes para o desenvolvimento do fantástico, o estudioso búlgaro Tzvetan Todorov e o estadunidense Edgar Allan Poe. Os textos de Todorov, em especial sua Introdução à literatura fantástica (2017) são fundamentais para a compreensão das diferentes conceituações do fantástico e dos seus gêneros vizinhos. Dito isso, também Poe ocupa um lugar privilegiado nos estudos fantásticos, inclusive na obra de Todorov. Dos trabalhos de Poe, dois recebem destaque nas postulações do búlgaro: O gato preto, em razão de ser apontado pelo teórico como uma narrativa dispare na obra de Poe, e A queda da casa de Usher, que serve de exemplo de uma obra estranha que se aproxima do fantástico. Tendo notado esse espaço privilegiado dos dois contos, analisamos aqui eles em relação à teoria de Todorov para considerar seus critérios e as condições para a realização dos dois gêneros. No final, relacionamos a teoria de David Roas e postulações de outros autores, como Mikhail Bakhtin, para postular sobre o papel que certos elementos configuradores da narrativa, como a posição do leitor e do narrador, se relacionam às teorias do fantástico de Roas e Todorov.