As escritas de si – e do outro – na autobiografia americana de Dany Laferrière
Resumo
Dany Laferrière chegou no Quebec em 1976, fugindo da ditadura de Jean-Claude Duvalier (mais conhecido como Baby Doc) no Haiti. Em terras estrangeiras, Laferrière desenvolveu um conjunto de dez obras, que Laferrière definiu como sua autobiografia americana. Embora o autor empregue o termo “autobiografia”, este não seria o termo adequado para classificar a escrita dessas dez obras. Isso porque os relatos de sua vida no Haiti até os 23 anos (ciclo haitiano) e os relatos de sua vida no Canadá e nos Estados Unidos enquanto negro e migrante (ciclo americano) são permeados por situações ficcionais, de modo que o pacto de veracidade que caracteriza uma autobiografia não ocorre (LEJEUNE, 2008). Entretanto, outras classificações são possíveis. Sendo assim, a análise da escrita de si que representa a autobiographie américaine de Laferrière terá como referência a tese de Diana Irene Klinger, defendida na UERJ: Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa latino-americana contemporânea.
Referências
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. Pp. 197-221.
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KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa latino-americana contemporânea. Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Letras. 2006.
LEJEUNE, Philippe. O Pacto Autobiográfico: de Rousseau à Internet; Org. Jovita Maria Gerheim Noronha; trad. Jovita Maria Gerheim Noronha, Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
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