A IRREALIZAÇÃO DO SUJEITO EM O AMANUENSE BELMIRO, DE CYRO DOS ANJOS
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, a partir da teoria do sujeito fraturado, de Luiz Costa Lima. Segundo o teórico, o discurso ficcional possibilita ao sujeito uma vivência distinta daquela do cotidiano, em que a mobilidade do eu tende a se congelar devido à busca por uma unidade, espécie de autocensura. Assim, o ficcional é um espaço relativamente autônomo em que o sujeito pode se libertar da censura e vivenciar sua multiplicidade, de modo que “a imaginação permite ao eu irrealizar-se enquanto sujeito, para que se realize em uma proposta de sentido” (COSTA LIMA, 2007a, p. 452). Buscamos demonstrar, dessa forma, como o narrador-protagonista Belmiro Borba, em seu diário, ficcionaliza suas experiências por meio de um teatro mental, irrealizando-se enquanto sujeito empírico para se realizarem, como proposta de sentido, outros “dois sujeitos”: Belmiro Caraibano e Belmiro sofisticado. Nesse exercício ficcional, ele acaba encontrando certo equilíbrio (ainda que precário) diante da vida, algo que não alcança na experiência cotidiana.
Referências
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