METAMORFOSE DA LÍNGUA: UM “OBSCURO” VERSO DA ENEIDA

Autores

  • Francisco Edi de Oliveira Sousa Universidade Federal do Ceara

Resumo

Este artigo discute um comentário de M. F. Quintiliano ao verso 1.109 da Eneida: perturbado por uma mistura desordenada de palavras, esse retor julga tal verso obscuro. Através das noções de obscuridade e de arte destinada especialmente ao olhar, ligamos (anacronicamente) essa discussão à estética barroca e a reflexões de Buci-Glucksmann e Deleuze. A fim de investigarmos a obscura ordem desse verso e julgar o comentário de Quintiliano, explicitamos aspectos da elaborada elocutio do episódio em que o verso se encontra (Eneida 1.92-117) e em seguida o examinamos em função de seu contexto; com isso, demonstramos que a metamorfose produzida com o hipérbato na Eneida 1.109 é funcional e eloquente e que o artifício empregado em sua elocutio forja uma espécie de anamorfose para o olhar de Quintiliano. Em outros termos, recorrendo a Deleuze, o obscuro verso seria uma “dobra” e seu contexto a “desdobra”, as quais evidenciam a Forma.

 

Biografia do Autor

Francisco Edi de Oliveira Sousa, Universidade Federal do Ceara

Professor de Latim e de Literatura latina no Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceara. Membro de PPGLetras (UFC), na linha de pesquisa de Estudos classicos.

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Publicado

2018-07-27