FRAGILIDADE E FORMAÇÃO: UMA ESCRITA EM CINZA
Resumo
Este artigo inscreve-se no gênero ensaio, que apresenta características próprias, que por vezes não atendem às exigências de um texto acadêmico. Trata-se de uma escrita que se movimenta para pensar a formação de profissionais da educação atravessada pela experiência da fragilidade. Uma conversa a partir de uma relação de intimidade, de pensar a formação como ensaio: uma metáfora potente que pode trazer a possibilidade de criar outras paisagens no processo formativo da educação. Um percurso que encontra no método cartográfico a possibilidade de cartografar a fragilidade pelos seus afetamentos: a estranheza, a solidão e o esgotamento. A pesquisa avança em uma escrita reflexiva que, em seu movimento, cria novos problemas, entre eles o de entrelaçar pesquisador e pesquisa em um exercício do pensamento, um pesquisar pesquisando-se. Experiência da formação que singulariza, que escuta, que conversa, que acontece como surpresa. Os teóricos que povoam o caminho/ensaio percorrido neste artigo foram Agamben, Beckett, Skliar, Deleuze, Guattari, Larrosa, além de alguns autores da literatura, como Guimarães Rosa e Ítalo Calvino.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
______. Notas sobre o gesto. Artefilosofia, Ouro Preto, n. 4, p. 9-16, jan. 2008.
BARTHES, Roland. Como viver junto: simulações romanescas de alguns espaços cotidianos. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
______. Roland Barthes por Roland Barthes. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1977.
BECKETT, Samuel. O inominável. Tradução de Ana Helena Souza. São Paulo: Globo, 2009.
______. O silêncio possível. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: 34, 1992.
______. L’Épuisé. Paris: Minuit, 1999. Disponível em: <http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/esgotadoalexandre.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2015.
______. Nietzsche. Lisboa: Edições 70, 1990.
______. Signos e acontecimentos. Entrevista realizada por Raymond Bellour e François Ewald. In: ESCOBAR, Carlos Enrique de (Org.). Dossier Deleuze. Rio de Janeiro: Holon, 1991. Disponível em: <https://www.academia.edu/3841090/dossier_deleuze_carlos_henrique_de_escobar_Republicanos_UERJ>.
______; GUATTARI, Félix. O que é filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992.
______; PARNET, Claire. Diálogos. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A sobrevivência dos vaga-lumes. Tradução de Consuelo Salomé. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001.
DUQUE-ESTRADA, Paulo Cesar. Alteridade, violência e justiça: trilhas da desconstrução. In: ______. Desconstrução e ética: ecos de Jacques Derrida. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2006.
FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: ______. O que é um autor. 4. ed. Porto, 2000.
______. A hermenêutica do sujeito. Tradução de Márcio Alves da Fonseca e Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 20047.
LARROSA, Jorge. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
LISPECTOR, Clarice. Água viva. São Paulo: Círculo do Livro, 1973.
______. Para não esquecer. 2. ed. São Paulo: Ática, 1979.
MASSCHELEIN, Jan; SIMONS, Maarten. Em defesa da escola: uma questão pública. Tradução de Cristina Antunes. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. 122 p.
PESSANHA, Juliano G. Instabilidade perpétua. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
SANTOS, Thiago A. de O. A coisa e o olho: uma abordagem da direção de atores no teatro de Samuel Beckett. Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2013.
SARLO, Beatriz. Jorge Luís Borges: um escritor na periferia. São Paulo: Iluminuras, 2008.
SKLIAR, Carlos. Desobedecer a linguagem: educar. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
______. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse aí? Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
VICENTINI, Daniela. Waltercio Caldas: pensar arte, acordar lugares. Concinnitas, ano 7, v. 1, n. 9, jul. 2006.