Aspectos do “fazer história” e sua prática no Ceará da segunda metade do século XIX
Palavras-chave:
Fazer história”, História e método, Prática históricaResumo
Partimos do pressuposto que o ato que redunda no gesto de “fazer história” é mediatizado por técnicas próprias de produção, organizadas conforme os aspectos inerentes a um lugar e a um tempo específicos. Em função desse lugar, métodos são instaurados, interesses delineados e as propostas se organizam. E o tempo a ser aludido aqui é aquele que transcorre ao longo da segunda metade do século XIX, período que presenciou o “nascimento” da historiografia cearense, como define José Honório Rodrigues, e que terá com a fundação do Instituto do Ceará, em 1887, a consolidação de uma fase de “amadurecimento” e de contínua e sistemática pesquisa histórica. E diante desse cenário, do “nascimento” ao “amadurecimento”, um considerável caminho se fez percorrer, no qual as fronteiras entre literatura e história, que ainda não se viam claramente estabelecidas, foram sendo definidas, definição esta que teve na instituição histórica erigida em 1887 um papel conformador e autorizador. Toda essa dinâmica compunha a cultura histórica que se vivenciava nesse período, uma cultura dinâmica, em construção e com constantes ressignificações. Sendo assim, o que nos propomos ao longo do presente texto é enveredar por esse caminho decorrido, buscando perceber os atores inseridos e atuantes no contexto dessa cultura histórica, em que as relações do presente com o passado, e o resultante direto disso, qual seja, o próprio gesto de se escrever a história, se fazem continuamente em discussão. E mesmo diante de opiniões e posturas diversas, de caminhos múltiplos, o trajeto percorrido levará sempre ao mesmo lugar, tendo em vista que a escrita (da história) coloca outra coisa que não ela mesma, a saber, a realidade à qual se refere.