O ENSINO DA DIVERSIDADE CULTURAL
CONTEXTOS LOCAIS NO BRASIL E EM PORTUGAL
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v45in.91.92674Palavras-chave:
Diversidade cultural, Ensino, interculturalidade, EscolarizaçãoResumo
O artigo trata do ensino da diversidade cultural em contextos locais no Brasil e em Portugal. Para tanto, a investigação utilizou uma abordagem qualitativa baseada em entrevistas semiestruturadas com professores/as de escolas públicas, em cidades localizadas nos dois países. A análise crítica das entrevistas tomou como referência perspectivas teóricas da Educação e das Ciências Sociais. Como problemas dentro e fora da escola, o reconhecimento e o ensino da diversidade cultural envolvem as noções de multiculturalidade e interculturalidade. No estudo sobre a diversidade cultural e os processos de escolarização, evidencia-se o conceito de cultura escolar. No caso português, tem-se observado a entrada de estudantes de diferentes países nas escolas públicas. Com a diversidade étnica na escola, a cultura escolar enfrenta problemas nos domínios dos sentimentos de pertencimento e na aprendizagem. No sistema educacional brasileiro, a inclusão da diversidade cultural no ensino é incipiente, sobretudo das culturas indígenas, africanas e afro-brasileiras. A análise conclui que, na contemporaneidade, o ensino da diversidade cultural constitui um desafio para a escolarização e os processos formativos em escolas públicas.
Referências
ALMEIDA. S. L. de. Racismo estrutural. Belo Horizonte: Letramento, 2018.
ARAÚJO, M.; MAESO, S. R. A presença ausente do racial: discursos políticos e pedagógicos sobre História, “Portugal” e (pós-)colonialismo. Educar em Revista, Curitiba, v. 29, n. 47, p. 145-171, 2013.
BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BOURDIEU, P. ; PASSERON, J. C. La reproduction: éléments pour une théorie du système d’enseignement. Paris: Les Éditions de Minuit, 1970.
BOURDIEU, P. ; PASSERON, J. C. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: Les Éditions de Minuit, 1985.
BREVIGLIERI, M. L’arc expérientiel de l’adolescence : esquive, combine, embrouille, carapace et étincelle. Éducation et sociétés: revue internationale de sociologie de l’éducation, Paris, v. 2007/1, n. 19, p. 99-113, 2007a.
BREVIGLIERI, M. Ouvrir le monde en personne : une anthropologie des adolescences. In: BREVIGLIERI, M.; CICCHELLI, V. (ed.). Adolescences méditerranéennes: l’espace public à petits pas. Paris: INJEP- Le Harmattan, 2007b. p. 19-60.
CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.
CARVALHO, G. P. de; SILVA, E. A. Justiça social e multiculturalismo: as políticas de reconhecimento de identidades étnico-culturais no Brasil. Direitos Fundamentais & Justiça, Porto Alegre, v. 9, n. 31, p. 134-159, 2015.
CARVALHO, G. P. de; SILVA, E. A. Diversidade cultural e relações étnico-raciais na educação. Contrapontos, Florianópolis, v. 20, n. 01, p. 196-216, 2020.
CARVALHO, J. J. de. As propostas de cotas para negros e o racismo acadêmico no Brasil. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 4, n. 2, p. 13-30, 2001.
CEFAÏ, D. “Looking (desperately?) for cultural sociology in France”. Culture: newsletter of the American Sociological Association on the Sociology of Culture, Washington, v. 62, n. 06, p. 01-12, maio, 2009.
DUBET, F. Desigualdades educacionais: estruturas, processos e modelos de justiça: o debate ao longo dos últimos cinquenta anos na França. Jornal de Políticas Educacionais, Curitiba, v. 13, n. 46, p. 01-28, 2019.
ELIASOPH, N.; LICHTERMAN, P. Culture in Interaction. American Journal of Sociology, Chicago, v. 108, n. 4, p. 735-794, 2003.
ELIASOPH, N. L’évitement du politique: comment les américains produisent l’apathie dans la vie quotidienne. Paris: Economica, 2010.
FELTRAN, G. et al. “Variações nas taxas de homicídios no Brasil: uma explicação centrada nos conflitos faccionais. Dilemas, Rev. Estud. Conflito Controle Soc., Rio de Janeiro, v.15, edição especial, n. 4, p. 311-348, 2022.
GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
HIRATA, D. V.; GRILLO, C. C. “Crime, guerra e paz: dissenso político-cognitivo em tempos de extermínio”. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, v. 38, n. 03, p. 553-571, 2019.
LANTHEAUME, F. La prise en compte de la diversité: émergence d’un nouveau cadre normatif?: essai de généalogie et identification de quelques conséquences. Les Dossiers de sciences de l’education, Paris, v. 26, n. 26, p. 117-132, 2011.
LANZA, F. (org.). Cultura e religiões na contemporaneidade. Londrina: UEL, 2013. v. 2.
MACHADO, M. das D. C.; BURITY, J. “A ascensão política dos pentecostais no Brasil na avaliação de líderes religiosos”. Dados,Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p. 601-631, 2014.
MELO, J.; PAIVA, L. F. S. “Violências em territórios faccionados do Nordeste do Brasil: notas sobre as situações do Rio Grande do Norte e do Ceará”. Revista USP, São Paulo, v. 1, n. 129, p. 47-62, 2021.
MENDES, M. M.; MAGANO, O.; COSTA, A. R. “Ciganos portugueses: escola e mudança social”. Sociologia, Problemas e Práticas, v. 02, n. 93, p. 1-18, 2020. Disponível em: http://journals.openedition.org/spp/7754. Acesso em: 11 maio 2020.
MIRANDA, A. P.; CORRÊA, R. de M. Religiões e política: controvérsias e agendas contemporâneas em torno da liberdade religiosa em Portugal. In: RESENDE, J. M.; VICENTE, I. P.; BEIRANTE, D.; GOUVEIA, L. (org.). A governação à lupa das operações críticas: os limites do (in)suportável e do (in)tolerável das políticas e das ações públicas. Carvaçais: Lema d’Origem, 2019. p. 51-83.
MONTERO, P.; SILVA, A. L.; SALES, L. Fazer religião em público: encenações religiosas e influência pública. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 24, n. 52, p. 131-164, 2018.
MACHADO DA SILVA, L. A. “A perda do protagonismo histórico do trabalho e as favelas”. Cadernos Metrópole, v. 21, n. 44, p. 21-28, 2019.
MUNANGA, K. Educação e diversidade étnico-cultural: a importância da história do negro e da África no sistema educativo brasileiro. In: MÜLLER, Tânia Mara Pedroso; COELHO, Wilma de Nazaré Baía (org.). Relações étnico-raciais e diversidade. Niterói: Editora da UFF, 2013. p. 21-34.
NICOLAU, L. F. Complexidade no percurso escolar das crianças ciganas: relatos de pais e professores. Configurações – Revista de Sociologia, Minho, v. 18, n. 18, p. 105-121, 2016.
PAIVA, L. F. S.; BARROS, J. P. P.; CAVALCANTE, R. M. B. “Violência no Ceará: as chacinas como expressão da política e do conflito entre facções”. O Público e o Privado, Fortaleza, v. 17, n. 33, p. 73-98, 2019.
PORTUGAL. Decreto-Lei n.º 39.666. Estatuto dos Indígenas portugueses das províncias da Guiné, Angola e Moçambique: lex – coletânea de legislação e jurisprudência. Lisboa, 1954.
RESENDE, J. M.; VIEIRA, M. M. As cores da escola: concepções de justiça nos discursos sobre a multiculturalidade na escola portuguesa. In: CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA, 4., 2000. Anais [...]. Coimbra: Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2000. p. 01-20.
RESENDE, J. M. O engrandecimento de uma profissão: os professores do ensino secundário público no Estado Novo. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2003.
RESENDE, J. M. La reconnaissance publique des différences et de la justice scolaire: de la sociologie critique à la sociologie de la critique. Éducation et Sociétés, Paris, v. 2005/1, n. 15, p. 137-152, 2005.
RESENDE, J. M. A sociedade contra a escola?: a socialização política num contexto escolar de incerteza. Lisboa: Edições Piaget, 2010.
RESENDE, J. M.; CAETANO, P.; DIONÍSIO, B. Das experiências de (des)qualificação das pessoas à precariedade dos laços entre os seres que habitam o mundo escolar. Dilemas, Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 11-38, 2014.
RESENDE, J. M.. As provas da hospitalidade nas escolas do Ensino Secundário em Portugal. In: ESTEVES, Pâmela; TEIXEIRA, Pedro. Escola justa: diversidades, desafios e possibilidades. Curitiba: Brazil Publishing, 2019. p. 64-102.
RESENDE, J. M.; VIEIRA, M. M. As cores da escola: concepções de justiça nos discursos sobre a multiculturalidade na escola portuguesa. In: CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA, 4., 2002. Atas 053 [...]. Lisboa: APS, 2002. p. 1-20.
SANTOS, M. de L. Questionamento à volta de três noções: a grande cultura, a cultura popular, a cultura de massas. Análise Social, Lisboa, v. 24, n. 101-102, p. 689-702, 1988.
TAYLOR, C. Interculturalism or multiculturalism? Philosophy and Social Criticism, Boston, v. 38, n. 4-5, p. 413–423, 2012.
THÉVENOT, L. L’action au pluriel: sociologie des régimes d’engagement. Paris: Éditions La Découvert, 2006.
THÉVENOT, L. Voicing concern and difference: from public spaces to common places. European Journal of Cultural and Political Sociology, Londres, v. 1, n. 1, p. 7-34, 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 José Manuel Vieira Soares de Resende, Guilherme Paiva de Carvalho, Aline Raiany Fernandes Soares
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte termo: os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)