FACETAS DA HÝBRIS: DAS VESTES REAIS ESFARRAPADAS DE XERXES AOS PARANGOLÉS DE HÉLIO OITICICA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30611/33n33id94058

Palavras-chave:

Hýbris, Persas, Xerxes, Parangolés

Resumo

Este artigo constitui-se num exercício de refiguração de uma noção filosófica e literária clássica no âmbito da estética contemporânea, cuja referência é a tragédia Persas, de Ésquilo, a saber, o conceito de hýbris. Este, na figura de Xerxes, manifesta-se em sua soberba ao tentar derrotar os gregos, comandando numeroso exército na batalha de Salamina. Punido pelos deuses por tal desmedida, no êxodo da obra, surge como um imperador derrotado, trajando esfarrapadas vestes reais. Num diálogo com a arte na contemporaneidade, a discussão empreendida pelo artigo é a de refigurar o mencionado conceito como presença potente na manifestação performática criada por Hélio Oiticica: os parangolés. Com esse intuito, este texto está dividido em três movimentos fundamentais: a) a apresentação dos fundamentos clássicos da hýbris, b) a problematização da presença deste conceito na tragédia Persas, de Ésquilo e, finalmente, c) a transmutação por que passa o conceito de hýbris, da perspectiva negativa clássica, presente na tragédia grega, para a estética positiva contemporânea, ostentada nos parangolés de Oiticica.

Referências

ARISTÓTELES. Retórica. Tradução de Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. São Paulo: Martins, 2012.

ARISTÓTELES. Ética a Nicómaco. Tradução de María Araujo e Julián Marías. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2009.

ARISTÓTELES. The complete works of Aristotle. Edited by David Ross. Princenton: Princenton University Press, 1995. 2 v.

BACELAR, A. As medidas de um conceito: ocorrências de hýbris no Ájax de Sófocles. Classica. 19 (2), 234-244. Disponível em: https://revista.classica.org.br/classica/article/view/117. Acesso em: 03 jan. 2024.

BÍBLIA DE REFERÊNCIA THOMPSON – com versículos em cadeia temática. Compilado e redigido por Frank Charles Thompson. Trad. de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Vida, 2000.

BOLZANI FILHO, R. (2018). A hybris no Édipo Rei. Rapsódia, 1(3), 61-74. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rapsodia/article/view/151985. Acesso em: 03 jan. 2024.

CEIA, C. E-dicionário de termo literários. Disponível em https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/hybris. Acesso em: 03 jan. 2024.

CHANTRAINE, P. Dictionnaire Etymologique de la Langue Grecque: Histoire Des Mots. Paris: Éditons Klincksieck, 1990.

CHAUÍ, M. Vida e obra. In: Nietzsche. Os Pensadores. 2 ed. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

ÉSQUILO. Persas. Trad. Manuel Oliveira Pulquério. Lisboa: Edições 70, 2021.

FISHER, N. R. E. “Hybris” and Dishonour. In: Greece & Rome, 23, 2: 177- 193, 1976. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/642226. Aceso em: 21 fev. 2024.

GONZAGA, D. Arte e vida os parangolés de Hélio Oiticica - performances a contrapelo. 2020. 228 f. Tese (Doutorado em Performances Culturais. Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020.

HERÓDOTO. Histórias, Livro VII. Tradução, introdução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2024.

HOMERO. Ilíada. Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1962.

JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LEITE, P. G. Hybris e a ofensa ao divino como causa da ruína dos governantes em Ésquilo. Fato & Versões, v. 6, p. 1-22, 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/16782278/HYBRIS_E_A_OFENSA_AO_DIVINO_COMO_CAUSA_DA_RU%C3%8DNA_DOS_GOVERNANTES_EM_%C3%89SQUILO. Acesso em: 03 jan. 2024.

PULQUÉRIO, M. O. Introdução. In: ÉSQUILO. Persas. Tradução de Manuel Oliveira Pulquério. Lisboa: Edições 70, 2021.

QUINET, A. Édipo ao pé da letra – fragmentos de tragédia e psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

RODRIGUES, M. A. Nas redes da até: a hýbris de Xerxes em Os persas de Ésquilo. 2011. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários). Faculdade de Ciências e Letras UNESP / Araraquara, 2011. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/625cba02-d595-4983-aefd-3039e1de5627/content. Acesso em: 20 fev. 2024.

SILVA, M. F. S. Ésquilo, o primeiro dramaturgo europeu. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2005.

Downloads

Publicado

2024-08-31

Edição

Seção

Dossiê Filosofia & Literatura