A MASTURBAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS CONCEITOS DE BIOPOLÍTICA E DE DISPOSITIVO DA SEXUALIDADE
DOI:
https://doi.org/10.30611/2017n11id31004Palavras-chave:
Michel Foucault, Biopolítica, Dispositivo da Sexualidade, MasturbaçãoResumo
Este estudo parte da interpretação de Foucault (1988) de que a patologização do jovem masturbador, em meados do século XVIII, teria tido um papel de destaque na construção do dispositivo da pedagogização do sexo. Além disso, o vínculo entre os conceitos de biopolítica e de dispositivo da sexualidade, nas páginas finais de A vontade de saber, serviu como um direcionamento importante rumo ao objetivo desta investigação: compreender as transformações das redes de sentido sobre a masturbação, ao traçar um paralelo entre o material didático publicado na década de 1990 e a bibliografia que relata as redes de sentido produzidas nos séculos anteriores (FOUCAULT, 2010, COSTA, 2004). Para isso, eu analisei os textos dos livros didáticos de Ciências, segundo os preceitos dos conceitos de formação discursiva e de discurso elaborados por Foucault. O conceito de biopolítica, por sua vez, parte do pressuposto de que, a partir da modernidade, a categoria população se torna um operador teórico fundamental na interface poder/saber e que a sexualidade seria um dos aspectos que rege o funcionamento da vida da população. O sentido de normalidade atribuído à masturbação nas publicações analisadas está associado com a questão da saúde, e não de doença, o que demonstra uma mudança do regime de verdade no último século. Neste período, a formação discursiva da psicologia ascendeu como uma autoridade importante, ao atribuir um aspecto saudável ao sexo. A associação da masturbação com o corpo masculino foi relativizada, na edição de 1999, que acrescentou, além da perspectiva feminina, o aspecto histórico no processo de significação da prática.Referências
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